Se a vida é uma escola , o relacionamento é a sua universidade. E é por meio dos relacionamentos , principalmente do relacionamento com o parceiro , que mais se pode aprender e crescer. Nascemos mulher e homem , e um anseia pelo outro , pois precisamos um do outro ; precisamos unir-nos ao “outro” física , emocional e espiritualmente. Este anseio está incorporado ao código genético , e a busca do parceiro da vida ocupa uma posição central na vida humana.
Mas quantas vezes se vê um casal cujo relacionamento , depois de anos de convívio , continua cheio de vida ? Quando se pode sentir harmonia e deleite ? Quando a comunicação é ao mesmo tempo profunda e solta ? Quando se percebe que cada um aceitou totalmente o outro , rendendo-se à força divina do Amor ? Quando as diferenças são encaradas como desafios para entender o outro mais profundamente , na certeza de que todos os problemas podem ser solucionados ? Quase nunca.
Com base nas estatísticas , poder-se-ia concluir que , para muitos , a vida em comum é uma carga insuportável , e não o estado harmonioso que as pessoas esperam viver ao se casarem. E mesmo quando duas pessoas ficam juntas e continuam a se amar , há momentos em que se sentem frustradas , brigam ou se distanciam. Será possível superar essas dificuldades , cicatrizar as feridas ?
A abordagem deste texto é muito diferente de outras obras sobre relacionamento. Este texto insere o conflito de casais no vasto contexto das forças cósmicas , iluminando-o a partir da elevada perspectiva de alguém que transcende a dualidade dos dois sexos. Desse ponto de vista privilegiado , ele também vê o interior de nosso coração e de nossa alma , em que há uma divisão interior. Ele mapeia a estrada que leva à auto-unificação e , dessa forma , à união feliz com outro ser humano. Seus ensinamentos são verdadeiramente singulares tanto no alcance como na praticidade.
A história dos relacionamentos de qualquer pessoa revela o seu panorama interior. A partir dessa história , podemos deduzir quais são as opiniões dela sobre a vida , o sexo oposto , o amor e a sexualidade em geral , o casamento e assim por diante. Se você aprender a olhar para si mesmo com honestidade e um certo distanciamento , conservando porém um vivo interesse , ficará surpreso com o que descobrir : você é o co-criador do estado atual do seu relacionamento – ou de sua ausência. As coisas não aconteceram de fora para dentro. Você não é uma vítima.
As pessoas gostam de acreditar que todo problema de relacionamento é provocado por circunstâncias externas ou pelo parceiro. Se o outro mudasse , como a vida seria perfeita ! Esta , porém , é a maior de todas as falácias. Mesmo supondo que você seja um anjo e seu marido , mulher ou companheiro seja um demônio , não é você responsável pela escolha do parceiro e pela decisão de continuar do lado dele ? Mas não estamos supondo que você seja um anjo. Nós – você e eu – sabemos que há realmente uma luz angelical no nosso íntimo , que podemos chamar de Eu Superior : um núcleo amoroso , solícito , altruísta e criativo. Mas também sabemos que existe uma camada menos atraente em volta desse núcleo divino : o eu inferior , egoísta , vingativo e desconfiado , responsável pelas muitas dores que sofremos ou que causamos aos outros , principalmente aos que nos são mais próximos. Sem conhecer esta camada , sem descobrir de que modo começou a existir , sem assumi-la , não poderemos transformá-la. Por maior que seja nosso empenho em fingir que essa camada feia não existe , por mais que tentemos ocultá-la , repudiá-la ou afastá-la por meio da meditação , ela não se dissolverá enquanto não a encararmos diretamente e começarmos a transformá-la conscientemente.
Na maioria das vezes , nem mesmo estamos cientes da existência desse eu inferior. Deveríamos ficar atentos. Não basta desenterrar a história de nossa infância e associar o relacionamento atual às primeiras experiências com o pai ou com a mãe , embora estas sejam muito significativas e forneçam muitas pistas. Também é preciso descobrir , no quadro de nossa alma , o eu inferior e seus efeitos. Sem olhar de frente o que menos nos agrada a nosso próprio respeito , não podemos entender por que não temos um relacionamento funcional e muito menos por que não conseguimos fazer uma mudança significativa.
Muitos problemas da área do relacionamento são provocados pelos sentimentos e pelos pensamentos ocultos no inconsciente. Esses pensamentos e sentimentos não-investigados têm uma lógica peculiar , errônea e infantil. Provocam conflitos na alma. Com a alma em guerra , como você poderia ter um relacionamento saudável com alguém ? Os sentimentos e pensamentos contraditórios e não-resolvidos no eu precisam , em primeiro lugar , ser trazidos à luz. Mas como se faz para reconhecer os conflitos interiores e resolvê-los ?
As respostas estão no núcleo divino interior.
Quais são suas opiniões inconscientes sobre os homens ou sobre as mulheres ? Quais são os seus sentimentos inconscientes sobre o amor e o casamento ? Com a devida orientação , é possível descobrir. Quando o inconsciente se torna consciente , talvez você descubra pensamentos como estes :
“Se eu amar , serei ferido.”
“Se demonstrar meus sentimentos , serei rejeitado.”
“Casamento é escravidão.”
“A felicidade não é para mim.”
Essas “imagens” e outras semelhantes podem vir à tona. Você não saberá quais são as suas convicções pessoais ocultas enquanto não as fizer aflorar , com um inesperado sentimento de alívio. Pois os sentimentos inconscientes ou semiconscientes são como as profecias que se cumprem a si mesmas : você receberá aquilo em que acredita. Quem sabe o que espreita no inconsciente ? Se seus relacionamentos passados obedeceram a padrões definidos , muitas vezes improdutivos ou até destrutivos , fixe para si a meta de averiguar por que eles vieram a existir e como você pode acabar com a compulsão de recriá-los.
Para ser capaz de examinar o que você , lá no fundo , realmente acredita sobre a possibilidade de encontrar o seu parceiro de vida ou de aprimorar seu relacionamento atual , é preciso aprender muita coisa sobre si mesmo , em todos os níveis do seu ser.
Vamos tentar proporcionar instruções muito práticas para a descoberta de si mesmo e para o trabalho de autotransformação – com ou sem a cooperação do parceiro. Ele nos ensina a sair de onde estamos para chegar onde queremos estar. O que ele nos apresenta não são exercícios superficiais , e sim métodos que implicam a disposição de abrir os olhos , de se olhar de frente com sinceridade e sem sentimentalismo , de trilhar o caminho espiritual. Esse compromisso proporciona grandes recompensas : desenvolvimento espiritual e psicológico , autenticidade , alegria. E delas decorre a capacidade de criar um relacionamento com um parceiro igualmente preparado para se relacionar , se revelar e retribuir.
Talvez você já tenha tentado colocar o outro em primeiro lugar , amá-lo incondicionalmente , ser paciente , nunca fazer ameaças , permanecer sempre calmo e amável. Essas nobres resoluções não duram muito quando são superpostas a camadas de conflitos não-resolvidos , não apenas com o parceiro , mas também no seu íntimo. Não há como sair pela tangente : a transcendência é impossível sem a transformação.
É por isso que quem deseja fazer mudanças na vida conjugal , encontrar a pessoa certa ou aprimorar de fato o relacionamento , precisa identificar a raiz dos problemas. Quando você se conhece e se aceita tal como é , incluindo o eu inferior , constrói com bases sólidas.
Este texto não dá conselhos superficiais , não diz para você sorrir para o seu parceiro quando você está fervendo de raiva ; tampouco lhe diz para destilar essa raiva de forma prejudicial e destrutiva. Ao contrário , ele mostra para você atentar para todos os seus sentimentos sem descarregá-los na direção errada. Ele proporciona esclarecimentos espantosos sobre a natureza das forças feminina e masculina do Universo , sobre o significado espiritual desse aspecto específico da sua existência dualista : o relacionamento. Você poderá empreender com segurança a jornada pela selva do território interior , pois será guiado na travessia das sarças e matas até o Eu Divino que existe no seu íntimo , e do qual emanarão , com a maior naturalidade e simplicidade , todas as respostas que dizem respeito especificamente a você. Você ficará sabendo que tem o poder de criar um relacionamento positivo , funcional e venturoso.
“E os dois serão um” – essas palavras , tantas vezes ouvidas na cerimônia nupcial , referem-se a muito mais do que ao início da vida em comum de duas pessoas. Trata-se de uma afirmação cósmica. “Dois” – a Dualidade – é a condição básica da nossa existência na Terra , e “Um” é o estado de Unidade do qual nos distanciamos e para o qual ansiamos por voltar.
Como o estado de Dualidade é uma cisão da Unidade – a união do paraíso - , ele contém a dor. Ansiamos por voltar ao estado perdido de total felicidade. A transformação daquilo que , dentro de nós , é a causa da separação , da nossa incapacidade de ter um bom relacionamento e permitir que o Amor flua sem entraves , é a meta do trabalho do caminho do relacionamento.
Toda vida espiritual mostra o caminho que vai da auto-separação até a autodescoberta e , portanto , à descoberta do Criador. As idéias deste artigo seguem tradições esotéricas , que , no entanto , são modernas em virtude de aguda percepção da psicologia humana. A Unidade contém tudo e , portanto , também os princípios divinos fundamentais da nossa dualidade terrena : as energias masculinas e femininas , das quais nós , homens e mulheres , somos a manifestação em carne e osso.
Dessa perspectiva maior , o esforço que fazemos para encontrar um parceiro no que diz respeito à afetividade , para manter vivo o Amor e intensificá-lo continuamente , reveste-se de nova profundidade e dignidade. Pois , nesse empreendimento , a tarefa não se resume em superar o medo de deixar de lado a separação e reivindicar uma vida mais produtiva e mais feliz ; também participamos da criação de um grande movimento cósmico , que é a evolução ulterior do Universo. Nossa ânsia por uma união mais profunda no Amor com o outro é irresistivelmente poderosa graças à sua importância cósmica. Aqui , vemos a ligação entre nossa vida individual e temporal e a realidade maior do que nos engloba.
Saber como funciona os princípios masculino e feminino no Universo representará um enorme enriquecimento da compreensão da importância do anseio pessoal por uma união mais profunda no Amor com o outro. Embarque nesse vôo de imaginação rumo a um novo espaço ; seja um viajante cósmico , e volte com novos esclarecimentos e com renovada esperança.
“O que é a vida ?” – A vida é relacionamento , meus amigos. Há outras respostas possíveis , e todas elas podem ser verdadeiras. Mas , acima de tudo , a vida é relacionamento. Quem não se relaciona de forma nenhuma não vive. A vida , ou os relacionamentos de alguém , dependem da sua atitude. É possível relacionar-se , essa pessoa vive. É por isso que a pessoa que se relaciona está mais viva do que aquela que se relaciona pouco. Os relacionamentos destrutivos levam a um clímax que , em última análise , está destinado a dissolver a destrutividade. Mas o não-relacionamento , que , em geral , se disfarça como falsa serenidade , situa-se num nível inferior da escala.
Toda aflição da psique impede o relacionamento. A relação proveitosa só pode existir na medida em que a alma é saudável e livre. Mas , primeiro , é preciso entender mais profundamente o que é relacionamento.
O PLANO DA EVOLUÇÃO
Lembrem-se de que todo o plano da evolução trata da união , da junção das consciências individuais , pois só assim é possível abrir mão da separatividade. A união como uma idéia abstrata , com um Criador intangível ou concebido como um processo cerebral , não é uma visão verdadeira. Apenas o contato real de uma pessoa com outra estabelece , na personalidade como um todo , as condições que constituem os pré-requisitos da verdadeira união e unidade interiores. Portanto , esse impulso manifesta-se como uma grande força , atraindo uns para os outros , tornando a separação dolorosa e vazia. A força vital , portanto , é permeada desse impulso em direção aos outros , e também de prazer supremo. Vida e prazer são uma coisa só. A vida , o prazer , o contato com os outros , a união com os outros são a meta do plano cósmico.
RELACIONAMENTO COM TODAS AS COISAS E SERES
É costume associar a palavra “relacionamento” apenas a seres humanos. Mas , na verdade , esta palavra aplica-se a tudo , até mesmo aos objetos inanimados , aos conceitos e às idéias. Ela se aplica às circunstâncias da vida , ao mundo , a vocês , a seus pensamentos e atitudes. Na medida em que se relacionam , vocês não se frustram ; ao contrário , sentem-se realizados.
O leque de possibilidades de relacionamento é muito amplo. Vamos começar com a forma menos desenvolvida que há na terra , o mineral. Como o mineral é desprovido de consciência , talvez vocês acreditem que ele não se relaciona. Isto é falso. Já que vive , ele se relaciona , porém seu grau de relação é limitado ao seu grau de vida , ou , mais corretamente , ele é mineral porque é incapaz de se relacionar mais. O mineral se relaciona , se deixa perceber e usar. Assim , ele se relaciona de forma totalmente passiva. A capacidade de relação de um animal é muito mais dinâmica. Ele reage ativamente a outros animais , à natureza e aos seres humanos.
A CAPACIDADE DE SE RELACIONAR DEPENDE DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA
A escala da capacidade de se relacionar dos seres humanos é muito mais ampla do que até a mais ousada imaginação poderia conceber. Vamos começar com os seres humanos situados na porção mais baixa da escala : a pessoa totalmente insana que é colocada em confinamento solitário , ou o criminoso que não se diferencia tanto daquela. Ambos estão em retiro total , vivendo em isolamento exterior e interior. Dificilmente se relacionam com outros seres humanos. No entanto , como estão vivos , precisam continuar a ter algum tipo de relacionamento. Assim , relacionam-se com outros aspectos da vida : com as coisas , com o ambiente , mesmo que seja de forma mais negativa , com o alimento , com algumas funções corporais , talvez até mesmo com algumas idéias , com a arte e a natureza. Seria muito proveitoso , pensar na vida e nas pessoas desse ponto de vista. Meditar sobre este tema será muito útil e ajudará a aumentar a compreensão de muitas coisas , para não falar da própria vida de cada um.
Agora, fazendo um contraponto , quero passar imediatamente para a forma superior dos seres humanos. São as pessoas que se relacionam muito bem ; que se envolvem profundamente com os outros ; que não receiam o envolvimento ; que não se armam contra a experiência e o sentimento. Portanto , elas Amam. Elas aceitam o Amor. Em última análise , ter capacidade de Amar sempre se resume à disposição e prontidão interna para Amar. As pessoas pertencentes a essa categoria não amam abstratamente e em geral , mas amam pessoal e concretamente , a despeito do risco. Essas pessoas não são necessariamente santas , nem perfeitas sob nenhum prisma. Podem e têm falhas. Por isso , erram às vezes , e podem ter sentimentos negativos. Mas , no conjunto , elas amam , se relacionam e não têm medo do envolvimento. Libertaram-se de suas defesas. Essa pessoas , a despeito de eventuais decepções ou reveses , levam uma vida repleta de relacionamentos proveitosos e significativos.
O que é a vida para a pessoa comum ? É uma combinação de numerosas possibilidades. Uma pessoa pode ser relativamente livre e relacionar-se bem em determinadas áreas da vida , e ser muito travada em outras. Apenas a profunda introspecção permitirá que você encontre a verdade a esse respeito. Quando um relacionamento parece bom mas carece de profundidade e de significado interior , é muito fácil enganar-se e dizer : “Vejam quantos amigos eu tenho ! Não há nada errado com os meus relacionamentos , e , no entanto , estou infeliz , sozinho e vazio.” Se este é o seu caso , não pode ser verdade que seus relacionamentos sejam bons , ou que você esteja realmente disposto a se relacionar. Você não pode se sentir sozinho e infeliz se tem relacionamentos autênticos.
Por outro lado , se o modo de se relacionar satisfaz apenas uma função superficial , o relacionamento pode ser agradável e divertido , mas um tanto superficial. O verdadeiro eu nunca se revela e , portanto , a pessoa não se realiza. Assim , ela também impede que os outros se relacionem e não lhes dá o que elas , sabendo ou não , estão buscando. A razão é o medo inconsciente de se expor , de permitir que os amigos venham a conhecer seus vários conflitos interiores. Quem não estiver disposto a solucioná-los não pode ter relacionamentos significativos – e , consequentemente , não se sentirá realizado.
A pessoa comum tem certa capacidade e disposição de se envolver e de se relacionar , mas não o suficiente. O intercâmbio e a comunicação ocorrem num plano superficial. Correntes inconscientes afetam as partes envolvidas e , se o relacionamento superficial for íntimo , mais cedo ou mais tarde provocará alguma perturbação. Se o relacionamento superficial nunca se tornar íntimo , nada acontecerá , e tampouco será possível manter a ilusão de que se trata de um vínculo verdadeiro. As tendências destrutivas inconscientes só podem ser desfeitas quando são enfrentadas e entendidas. Isto não prejudica a relação , pois , nesse caso , a comunicação ocorre automaticamente num plano mais profundo , e existe intercâmbio.
Muitas vezes vocês não sabem ao certo o que constitui um relacionamento profundo e significativo : o critério determinador é o intercâmbio de idéias ou o intercâmbio de prazer sexual ? Na verdade , os dois podem estar presentes sem necessariamente tornar a comunicação muito profunda. O único critério verdadeiro é o grau em que a pessoa é autêntica , receptiva e não-defensiva ; o seu grau de disposição em sentir , em se envolver , em se mostrar e expressar tudo o que realmente considera importante. Com quantas pessoas das suas relações você pode dar vazão às suas mágoas , necessidades , preocupações , anseios , desejos ? Com muito poucas , talvez com nenhuma. A maior consciência desses sentimentos fará com que vocês possam encontrar mais amigos com os quais se abrir e cuja vida vocês sejam verdadeiramente capazes de entender.
Se alguém se esconde de si mesmo , como pode estar pronto a comunicar aos outros o que não ousa admitir no seu íntimo ? A conseqüência é o isolamento e a insatisfação. É por isso que , no trabalho de autotransformação , empenhamo-nos tanto em fazer com que vocês aprendam a admitir a verdade para si mesmos. Só então poderão começar a ter relacionamentos verdadeiros em vez dos falsos , e levar uma vida plena. Mesmo a sua relação com outros aspectos da vida , como a arte , a natureza , as idéias , assumirá novas formas , muito mais cheias de vida , enquanto antes elas talvez tenham sido usadas como fuga dos sentimentos perturbadores.
A relação e a comunicação reais podem ser confundidas com a compulsão pueril de contar tudo a todos. Vocês correm o risco de revelar seus sentimentos indiscriminadamente e de se prejudicar , tomando equivocadamente essa tola honestidade , exposição imprudente ou “fraqueza” cruel como prova de abertura e disposição para o relacionamento. Na verdade , trata-se de um mero disfarce , de forma mais sutil , do retraimento para um nível mais oculto. Assim , é possível criar uma “prova” de que não vale a pena se envolver.
Com a verdadeira autocompreensão e com a conseqüente liberação da prisão em que vocês mesmos se colocaram , suas revelações e seus relacionamentos não estarão sujeitos a deformações. Vocês , intuitivamente , escolherão a pessoa certa , as oportunidades certas e a maneira correta. Os eventuais equívocos que ocorrerem não os deixarão arrasados nem serão motivo para novo retraimento. Contudo , o processo de crescimento organizado e a liberdade são conquistas graduais , que só acontecem depois que vocês começam a trilhar a via do autoconhecimento.
Os psiquiatras muitas vezes diagnosticam as pessoas de acordo com a sua capacidade de se relacionar e com a profundidade e o sentido desses relacionamentos. Constatou-se que algumas das pessoas mais seriamente perturbadas aceitam ajuda com mais facilidade do que outras cujo distúrbio não é tão evidente , porque estas últimas podem enganar a si próprias e fingir que as coisas não são tão más , continuando a esconder-se da verdade interior. Este subterfúgio não está ao alcance dos mais perturbados que , consequentemente , chegam a um ponto em que precisam tomar uma decisão : encarar ou não honestamente sua vida íntima , sem ilusões. Essas pessoas podem ser vítimas de um grave colapso , que retarda essa confrontação. Mas estão mais próximas do ponto de decisão – que talvez só atinjam na próxima vida – do que a pessoa menos neurótica que continua a esquivar-se do exame de si mesma.
A maioria das pessoas , não têm uma concepção clara do que seja realmente relacionar-se ou Amar. Seu principal centro de interesse é o eu. Quando se voltam para o outro , o processo não é natural nem espontâneo , mas artificial e compulsivo. Porém , o interesse natural e a cordialidade para com o outro virão para os que perseverarem nesse caminho. Enquanto vocês não conseguirem admitir que são humanos e que precisam de ajuda para expor a própria vulnerabilidade , não poderão ter relacionamentos verdadeiros. Assim , a vida continuará vazia , pelo menos em algumas áreas importantes.
Vocês poderiam perguntar : a mudança de relacionamento e o desejo de ter muitos relacionamentos é uma manifestação saudável ? E a busca de variedade e quantidade ?
Esta é uma daquelas perguntas que não podem respondidas com um simples “sim” ou “não”. Tanto a mudança de relacionamento como o desejo de variar podem indicar motivações saudáveis ou doentias. Muitas vezes , é uma combinação das duas coisas. É preciso cuidado para não cair na esquematização. O fato de um relacionamento mudar para pior não indica necessária e temporária à submissão doentia , ao desejo insaciável de afeto ou a qualquer outra compulsão neurótica unilateral. Antes de poder instaurar-se um relacionamento saudável entre duas pessoas ligadas por diversos fatores de desequilíbrio , uma agitação temporária como essa , externa ou interna , pode exercer a mesma função reguladora que uma tempestade elétrica ou um terremoto desempenham na natureza.
O fato de um relacionamento poder ou não tornar-se essencialmente livre e saudável depende das duas partes. A aparente tranqüilidade e ausência de atritos num relacionamento não indica necessariamente que ele seja intrinsecamente saudável e significativo. A resposta só pode ser dada por um exame aprofundado do vínculo e da sua importância. Não se pode generalizar. Quando duas pessoas crescem juntas em qualquer tipo de relacionamento – uma parceria , um caso de amor , uma amizade – elas passam por várias fases. Se ambas entenderem suas próprias motivações e comportamentos , e não apenas as motivações e comportamentos do outro , o relacionamento terá raízes cada vez mais fortes e será cada vez mais fértil.
A BUSCA DE VARIEDADE NOS RELACIONAMENTOS
Quanto à variedade nos relacionamentos , a resposta também depende da verdadeira motivação. Se o que move a busca é a impaciência e a compulsividade , devido principalmente ao medo , à cobiça e à ganância , devido à incapacidade de manter uma relação autêntica com qualquer pessoa , o que leva a suprir essa carência com uma série de associações superficiais , se a busca do outro é uma defesa contra a dependência ou o medo do abandono por parte das poucas pessoas com quem existe uma ligação mais profunda , não é preciso dizer que se trata de uma tendência doentia. Mas se a busca de variedade é a expressão de uma mentalidade livre , instigada pela riqueza das diferenças entre os seres humanos , sem visar o uso de um relacionamento contra o outro , ela é saudável. Muitas vezes , existem as duas motivações : mas , mesmo no primeiro caso , pode haver uma necessidade temporária de variedade , como reação a um estado de retraimento. Nesse caso , a busca de variedade pode ser um passo em direção à saúde. Uma manifestação negativa , muitas vezes , é uma indicação de uma fase positiva transitória.
MANIPULAÇÃO
Entre dois seres humanos que desejam relacionar-se , mas são muito manipuladores , onde entra o elemento do verdadeiro amor ? O amor elimina a manipulação ?
Enquanto uma pessoa sente necessidade de manipular o outro , o que é uma medida protetora inconsciente , não pode haver verdadeiro amor. Os dois elementos se excluem mutuamente. Se examinarmos a falsa necessidade de manipulação , veremos que ela deriva do medo egocêntrico e do excesso de cautela em relação à entrega ao sentimento e à vivência. A manipulação impede o amor , mesmo que também possa haver certa dose de Amor verdadeiro.
Se o Amor for maior do que esse desequilíbrio , ele o sobrepujará e , assim , a relação será menos problemática. A resolução dos problemas só pode ocorrer por meio da compreensão. Nessas condições , o Amor pode florescer. Mas quando existe escuridão , confusão e recusa em encarar a realidade , não pode haver amor. O fato de você amar não elimina , num passe de mágica , todas as correntes negativas e distorções , os conflitos e medos , as medidas defensivas inconscientes e a manipulação. Não é assim tão simples.
A capacidade de relacionar-se é , na verdade , fácil de ser avaliada : a vida exterior proporciona muitas pistas para quem quer vê-las. Quando o relacionamento é problemático , existem desequilíbrios inconscientes nas duas partes. Cada um , por seu turno , recrimina o outro , ou então chafurda na lama da culpa. Reconhecer que um erro não elimina o outro requer tempo e compreensão ; todos os envolvidos são responsáveis por todos os problemas do relacionamento. Essa percepção sempre tem um efeito muito liberador , simplesmente porque é verdadeira. A verdade liberta da culpa e da necessidade de acusar , de culpar e julgar.
Podemos pensar que às vezes , não é muito mais fácil relacionar-se com alguém que não é muito íntimo , pois o nível de críticas pode diminuir. Claro que sim. Isto vem provar que não se trata de um relacionamento verdadeiro , mas superficial. Relacionamento verdadeiro significa envolvimento , e isso não quer dizer ver apenas os aspectos e movimentos negativos. Envolver-se significa arriscar-se por inteiro. A relação com envolvimento profundo é forçosamente sujeita a atritos , porque é muito grande o número de problemas não-reconhecidos e não-resolvidos dos dois lados. É por isso que cada atrito pode transformar-se num degrau ascendente , desde que a atitude seja construtiva. Não quero dizer que vocês só devam ter esses relacionamentos profundos. Isto seria impossível e irrealista. Mas deve haver alguns , todos diferentes , para que vocês sintam que a vida é dinâmica e frutífera.
OS MALEFÍCIOS DAS EXPECTATIVAS INCONSCIENTES
Para ser mais específico , quero acrescentar que as expectativas , as reivindicações e as exigências inconscientes podem causar um estrago nos relacionamentos. Não porque todas as expectativas sejam necessariamente “erradas” , mas porque elas ficam latentes e provocam tensão nas duas partes ,ao colidir com as exigências do outro. Além do fato de algumas dessas exigências não serem , de fato , nem justificadas nem razoáveis – e só é possível reconhecê-las como tais quando afloram – até mesmo as expectativas justificadas geram problemas quando não se tem consciência delas.
Procurem ter disposição para admitir as racionalizações que separam vocês da verdade e da realidade interior , que impedem a passagem de vocês para uma vida significativa. E que vocês possam vir a saber que a vida é benigna. O fluxo da vida é contínuo e as razões para temer só existem na visão limitada de cada um. Quanto mais eliminarem os grilhões da cegueira que impuseram , mais sentirão a verdade destas palavras !!!
SHAUMBRA e NAMASTÊ !!!
Saudações Maori,
ResponderExcluirEstou confuso, sobre a transição planetária.
Poderia me esclarecer?
1° Apenas quem tem 53% de consciencia é que realmente vai acompanhar a TERRA na 5°D?
2° Quase todas a pessoas da TERRA, assim como eu, que não possuimos nem 5% de consciência livre vai ser retirado do Planeta TERRA e ser realocado em um novo planeta de Provas e Expiações? e ou vamos todos entrar na involução dos mundos infrahumanos?
Gostaria muito que me responde-se, obrigado.
Namastê.
Olá Ombrerico.
ResponderExcluirDesconhecemos estes percentuais da sua explanação. O que sabemos é que cinco milhões e duzentos mil trabalhadores da luz que estão encarnadados já estão polarizados em pelo menos quinta dimensão. Só que existem muitos mais milhões dedesencarnados que também estão em nível inferior de quinta dimensão pelo menos. E aumenta no plano astral o número de desencarnados que despertam.Existem aqueles que mesmo não estando na quinta dimensão, pelo fato de estarem num plano terrrestre que vai ficar mais sutil,vai se sutilizar depois junto com o planeta meio que forçosamente. Mas,é claro,aqueles que vão para outros planetas e dimensões...Abraços...