sábado, 22 de outubro de 2011

A ANÁLISE E A IMPORTÂNCIA DA VIDA DOS RELACIONAMENTOS











Se a vida é uma escola , o relacionamento é a sua universidade. E é por meio dos relacionamentos , principalmente do relacionamento com o parceiro , que mais se pode aprender e crescer. Nascemos mulher e homem , e um anseia pelo outro , pois precisamos um do outro ; precisamos unir-nos ao “outro” física , emocional e espiritualmente. Este anseio está incorporado ao código genético , e a busca do parceiro da vida ocupa uma posição central na vida humana.
Mas quantas vezes se vê um casal cujo relacionamento , depois de anos de convívio , continua cheio de vida ? Quando se pode sentir harmonia e deleite ? Quando a comunicação é ao mesmo tempo profunda e solta ? Quando se percebe que cada um aceitou totalmente o outro , rendendo-se à força divina do Amor ? Quando as diferenças são encaradas como desafios para entender o outro mais profundamente , na certeza de que todos os problemas podem ser solucionados ? Quase nunca.
Com base nas estatísticas , poder-se-ia concluir que , para muitos , a vida em comum é uma carga insuportável , e não o estado harmonioso que as pessoas esperam viver ao se casarem. E mesmo quando duas pessoas ficam juntas e continuam a se amar , há momentos em que se sentem frustradas , brigam ou se distanciam. Será possível superar essas dificuldades , cicatrizar as feridas ?
A abordagem deste texto é muito diferente de outras obras sobre relacionamento. Este texto insere o conflito de casais no vasto contexto das forças cósmicas , iluminando-o a partir da elevada perspectiva de alguém que transcende a dualidade dos dois sexos. Desse ponto de vista privilegiado , ele também vê o interior de nosso coração e de nossa alma , em que há uma divisão interior. Ele mapeia a estrada que leva à auto-unificação e , dessa forma , à união feliz com outro ser humano. Seus ensinamentos são verdadeiramente singulares tanto no alcance como na praticidade.
A história dos relacionamentos de qualquer pessoa revela o seu panorama interior. A partir dessa história , podemos deduzir quais são as opiniões dela sobre a vida , o sexo oposto , o amor e a sexualidade em geral , o casamento e assim por diante. Se você aprender a olhar para si mesmo com honestidade e um certo distanciamento , conservando porém um vivo interesse , ficará surpreso com o que descobrir : você é o co-criador do estado atual do seu relacionamento – ou de sua ausência. As coisas não aconteceram de fora para dentro. Você não é uma vítima.
As pessoas gostam de acreditar que todo problema de relacionamento é provocado por circunstâncias externas ou pelo parceiro. Se o outro mudasse , como a vida seria perfeita ! Esta , porém , é a maior de todas as falácias. Mesmo supondo que você seja um anjo e seu marido , mulher ou companheiro seja um demônio , não é você responsável pela escolha do parceiro e pela decisão de continuar do lado dele ? Mas não estamos supondo que você seja um anjo. Nós – você e eu – sabemos que há realmente uma luz angelical no nosso íntimo , que podemos chamar de Eu Superior : um núcleo amoroso , solícito , altruísta e criativo. Mas também sabemos que existe uma camada menos atraente em volta desse núcleo divino : o eu inferior , egoísta , vingativo e desconfiado , responsável pelas muitas dores que sofremos ou que causamos aos outros , principalmente aos que nos são mais próximos. Sem conhecer esta camada , sem descobrir de que modo começou a existir , sem assumi-la , não poderemos transformá-la. Por maior que seja nosso empenho em fingir que essa camada feia não existe , por mais que tentemos ocultá-la , repudiá-la ou afastá-la por meio da meditação , ela não se dissolverá enquanto não a encararmos diretamente e começarmos a transformá-la conscientemente.
Na maioria das vezes , nem mesmo estamos cientes da existência desse eu inferior. Deveríamos ficar atentos. Não basta desenterrar a história de nossa infância e associar o relacionamento atual às primeiras experiências com o pai ou com a mãe , embora estas sejam muito significativas e forneçam muitas pistas. Também é preciso descobrir , no quadro de nossa alma , o eu inferior e seus efeitos. Sem olhar de frente o que menos nos agrada a nosso próprio respeito , não podemos entender por que não temos um relacionamento funcional e muito menos por que não conseguimos fazer uma mudança significativa.
Muitos problemas da área do relacionamento são provocados pelos sentimentos e pelos pensamentos ocultos no inconsciente. Esses pensamentos e sentimentos não-investigados têm uma lógica peculiar , errônea e infantil. Provocam conflitos na alma. Com a alma em guerra , como você poderia ter um relacionamento saudável com alguém ? Os sentimentos e pensamentos contraditórios e não-resolvidos no eu precisam , em primeiro lugar , ser trazidos à luz. Mas como se faz para reconhecer os conflitos interiores e resolvê-los ?
As respostas estão no núcleo divino interior.
Quais são suas opiniões inconscientes sobre os homens ou sobre as mulheres ? Quais são os seus sentimentos inconscientes sobre o amor e o casamento ? Com a devida orientação , é possível descobrir. Quando o inconsciente se torna consciente , talvez você descubra pensamentos como estes :
“Se eu amar , serei ferido.”
“Se demonstrar meus sentimentos , serei rejeitado.”
“Casamento é escravidão.”
“A felicidade não é para mim.”
Essas “imagens” e outras semelhantes podem vir à tona. Você não saberá quais são as suas convicções pessoais ocultas enquanto não as fizer aflorar , com um inesperado sentimento de alívio. Pois os sentimentos inconscientes ou semiconscientes são como as profecias que se cumprem a si mesmas : você receberá aquilo em que acredita. Quem sabe o que espreita no inconsciente ? Se seus relacionamentos passados obedeceram a padrões definidos , muitas vezes improdutivos ou até destrutivos , fixe para si a meta de averiguar por que eles vieram a existir e como você pode acabar com a compulsão de recriá-los.
Para ser capaz de examinar o que você , lá no fundo , realmente acredita sobre a possibilidade de encontrar o seu parceiro de vida ou de aprimorar seu relacionamento atual , é preciso aprender muita coisa sobre si mesmo , em todos os níveis do seu ser.
Vamos tentar proporcionar instruções muito práticas para a descoberta de si mesmo e para o trabalho de autotransformação – com ou sem a cooperação do parceiro. Ele nos ensina a sair de onde estamos para chegar onde queremos estar. O que ele nos apresenta não são exercícios superficiais , e sim métodos que implicam a disposição de abrir os olhos , de se olhar de frente com sinceridade e sem sentimentalismo , de trilhar o caminho espiritual. Esse compromisso proporciona grandes recompensas : desenvolvimento espiritual e psicológico , autenticidade , alegria. E delas decorre a capacidade de criar um relacionamento com um parceiro igualmente preparado para se relacionar , se revelar e retribuir.
Talvez você já tenha tentado colocar o outro em primeiro lugar , amá-lo incondicionalmente , ser paciente , nunca fazer ameaças , permanecer sempre calmo e amável. Essas nobres resoluções não duram muito quando são superpostas a camadas de conflitos não-resolvidos , não apenas com o parceiro , mas também no seu íntimo. Não há como sair pela tangente : a transcendência é impossível sem a transformação.
É por isso que quem deseja fazer mudanças na vida conjugal , encontrar a pessoa certa ou aprimorar de fato o relacionamento , precisa identificar a raiz dos problemas. Quando você se conhece e se aceita tal como é , incluindo o eu inferior , constrói com bases sólidas.
Este texto não dá conselhos superficiais , não diz para você sorrir para o seu parceiro quando você está fervendo de raiva ; tampouco lhe diz para destilar essa raiva de forma prejudicial e destrutiva. Ao contrário , ele mostra para você atentar para todos os seus sentimentos sem descarregá-los na direção errada. Ele proporciona esclarecimentos espantosos sobre a natureza das forças feminina e masculina do Universo , sobre o significado espiritual desse aspecto específico da sua existência dualista : o relacionamento. Você poderá empreender com segurança a jornada pela selva do território interior , pois será guiado na travessia das sarças e matas até o Eu Divino que existe no seu íntimo , e do qual emanarão , com a maior naturalidade e simplicidade , todas as respostas que dizem respeito especificamente a você. Você ficará sabendo que tem o poder de criar um relacionamento positivo , funcional e venturoso.
“E os dois serão um” – essas palavras , tantas vezes ouvidas na cerimônia nupcial , referem-se a muito mais do que ao início da vida em comum de duas pessoas. Trata-se de uma afirmação cósmica. “Dois” – a Dualidade – é a condição básica da nossa existência na Terra , e “Um” é o estado de Unidade do qual nos distanciamos e para o qual ansiamos por voltar.
Como o estado de Dualidade é uma cisão da Unidade – a união do paraíso - , ele contém a dor. Ansiamos por voltar ao estado perdido de total felicidade. A transformação daquilo que , dentro de nós , é a causa da separação , da nossa incapacidade de ter um bom relacionamento e permitir que o Amor flua sem entraves , é a meta do trabalho do caminho do relacionamento.
Toda vida espiritual mostra o caminho que vai da auto-separação até a autodescoberta e , portanto , à descoberta do Criador. As idéias deste artigo seguem tradições esotéricas , que , no entanto , são modernas em virtude de aguda percepção da psicologia humana. A Unidade contém tudo e , portanto , também os princípios divinos fundamentais da nossa dualidade terrena : as energias masculinas e femininas , das quais nós , homens e mulheres , somos a manifestação em carne e osso.
Dessa perspectiva maior , o esforço que fazemos para encontrar um parceiro no que diz respeito à afetividade , para manter vivo o Amor e intensificá-lo continuamente , reveste-se de nova profundidade e dignidade. Pois , nesse empreendimento , a tarefa não se resume em superar o medo de deixar de lado a separação e reivindicar uma vida mais produtiva e mais feliz ; também participamos da criação de um grande movimento cósmico , que é a evolução ulterior do Universo. Nossa ânsia por uma união mais profunda no Amor com o outro é irresistivelmente poderosa graças à sua importância cósmica. Aqui , vemos a ligação entre nossa vida individual e temporal e a realidade maior do que nos engloba.
Saber como funciona os princípios masculino e feminino no Universo representará um enorme enriquecimento da compreensão da importância do anseio pessoal por uma união mais profunda no Amor com o outro. Embarque nesse vôo de imaginação rumo a um novo espaço ; seja um viajante cósmico , e volte com novos esclarecimentos e com renovada esperança.
“O que é a vida ?” – A vida é relacionamento , meus amigos. Há outras respostas possíveis , e todas elas podem ser verdadeiras. Mas , acima de tudo , a vida é relacionamento. Quem não se relaciona de forma nenhuma não vive. A vida , ou os relacionamentos de alguém , dependem da sua atitude. É possível relacionar-se , essa pessoa vive. É por isso que a pessoa que se relaciona está mais viva do que aquela que se relaciona pouco. Os relacionamentos destrutivos levam a um clímax que , em última análise , está destinado a dissolver a destrutividade. Mas o não-relacionamento , que , em geral , se disfarça como falsa serenidade , situa-se num nível inferior da escala.
Toda aflição da psique impede o relacionamento. A relação proveitosa só pode existir na medida em que a alma é saudável e livre. Mas , primeiro , é preciso entender mais profundamente o que é relacionamento.

O PLANO DA EVOLUÇÃO
Lembrem-se de que todo o plano da evolução trata da união , da junção das consciências individuais , pois só assim é possível abrir mão da separatividade. A união como uma idéia abstrata , com um Criador intangível ou concebido como um processo cerebral , não é uma visão verdadeira. Apenas o contato real de uma pessoa com outra estabelece , na personalidade como um todo , as condições que constituem os pré-requisitos da verdadeira união e unidade interiores. Portanto , esse impulso manifesta-se como uma grande força , atraindo uns para os outros , tornando a separação dolorosa e vazia. A força vital , portanto , é permeada desse impulso em direção aos outros , e também de prazer supremo. Vida e prazer são uma coisa só. A vida , o prazer , o contato com os outros , a união com os outros são a meta do plano cósmico.

RELACIONAMENTO COM TODAS AS COISAS E SERES
É costume associar a palavra “relacionamento” apenas a seres humanos. Mas , na verdade , esta palavra aplica-se a tudo , até mesmo aos objetos inanimados , aos conceitos e às idéias. Ela se aplica às circunstâncias da vida , ao mundo , a vocês , a seus pensamentos e atitudes. Na medida em que se relacionam , vocês não se frustram ; ao contrário , sentem-se realizados.
O leque de possibilidades de relacionamento é muito amplo. Vamos começar com a forma menos desenvolvida que há na terra , o mineral. Como o mineral é desprovido de consciência , talvez vocês acreditem que ele não se relaciona. Isto é falso. Já que vive , ele se relaciona , porém seu grau de relação é limitado ao seu grau de vida , ou , mais corretamente , ele é mineral porque é incapaz de se relacionar mais. O mineral se relaciona , se deixa perceber e usar. Assim , ele se relaciona de forma totalmente passiva. A capacidade de relação de um animal é muito mais dinâmica. Ele reage ativamente a outros animais , à natureza e aos seres humanos.

A CAPACIDADE DE SE RELACIONAR DEPENDE DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA
A escala da capacidade de se relacionar dos seres humanos é muito mais ampla do que até a mais ousada imaginação poderia conceber. Vamos começar com os seres humanos situados na porção mais baixa da escala : a pessoa totalmente insana que é colocada em confinamento solitário , ou o criminoso que não se diferencia tanto daquela. Ambos estão em retiro total , vivendo em isolamento exterior e interior. Dificilmente se relacionam com outros seres humanos. No entanto , como estão vivos , precisam continuar a ter algum tipo de relacionamento. Assim , relacionam-se com outros aspectos da vida : com as coisas , com o ambiente , mesmo que seja de forma mais negativa , com o alimento , com algumas funções corporais , talvez até mesmo com algumas idéias , com a arte e a natureza. Seria muito proveitoso , pensar na vida e nas pessoas desse ponto de vista. Meditar sobre este tema será muito útil e ajudará a aumentar a compreensão de muitas coisas , para não falar da própria vida de cada um.
Agora, fazendo um contraponto , quero passar imediatamente para a forma superior dos seres humanos. São as pessoas que se relacionam muito bem ; que se envolvem profundamente com os outros ; que não receiam o envolvimento ; que não se armam contra a experiência e o sentimento. Portanto , elas Amam. Elas aceitam o Amor. Em última análise , ter capacidade de Amar sempre se resume à disposição e prontidão interna para Amar. As pessoas pertencentes a essa categoria não amam abstratamente e em geral , mas amam pessoal e concretamente , a despeito do risco. Essas pessoas não são necessariamente santas , nem perfeitas sob nenhum prisma. Podem e têm falhas. Por isso , erram às vezes , e podem ter sentimentos negativos. Mas , no conjunto , elas amam , se relacionam e não têm medo do envolvimento. Libertaram-se de suas defesas. Essa pessoas , a despeito de eventuais decepções ou reveses , levam uma vida repleta de relacionamentos proveitosos e significativos.
O que é a vida para a pessoa comum ? É uma combinação de numerosas possibilidades. Uma pessoa pode ser relativamente livre e relacionar-se bem em determinadas áreas da vida , e ser muito travada em outras. Apenas a profunda introspecção permitirá que você encontre a verdade a esse respeito. Quando um relacionamento parece bom mas carece de profundidade e de significado interior , é muito fácil enganar-se e dizer : “Vejam quantos amigos eu tenho ! Não há nada errado com os meus relacionamentos , e , no entanto , estou infeliz , sozinho e vazio.” Se este é o seu caso , não pode ser verdade que seus relacionamentos sejam bons , ou que você esteja realmente disposto a se relacionar. Você não pode se sentir sozinho e infeliz se tem relacionamentos autênticos.
Por outro lado , se o modo de se relacionar satisfaz apenas uma função superficial , o relacionamento pode ser agradável e divertido , mas um tanto superficial. O verdadeiro eu nunca se revela e , portanto , a pessoa não se realiza. Assim , ela também impede que os outros se relacionem e não lhes dá o que elas , sabendo ou não , estão buscando. A razão é o medo inconsciente de se expor , de permitir que os amigos venham a conhecer seus vários conflitos interiores. Quem não estiver disposto a solucioná-los não pode ter relacionamentos significativos – e , consequentemente , não se sentirá realizado.
A pessoa comum tem certa capacidade e disposição de se envolver e de se relacionar , mas não o suficiente. O intercâmbio e a comunicação ocorrem num plano superficial. Correntes inconscientes afetam as partes envolvidas  e , se o relacionamento superficial for íntimo , mais cedo ou mais tarde provocará alguma perturbação. Se o relacionamento superficial nunca se tornar íntimo , nada acontecerá , e tampouco será possível manter a ilusão de que se trata de um vínculo verdadeiro. As tendências destrutivas inconscientes só podem ser desfeitas quando são enfrentadas e entendidas. Isto não prejudica a relação , pois , nesse caso , a comunicação ocorre automaticamente num plano mais profundo , e existe intercâmbio.
Muitas vezes vocês não sabem ao certo o que constitui um relacionamento profundo e significativo : o critério determinador é o intercâmbio de idéias ou o intercâmbio de prazer sexual ? Na verdade , os dois podem estar presentes sem necessariamente tornar a comunicação muito profunda. O único critério verdadeiro é o grau em que a pessoa é autêntica , receptiva e não-defensiva ; o seu grau de disposição em sentir , em se envolver , em se mostrar e expressar tudo o que realmente considera importante. Com quantas pessoas das suas relações você pode dar vazão às suas mágoas , necessidades , preocupações , anseios , desejos ? Com muito poucas , talvez com nenhuma. A maior consciência desses sentimentos fará com que vocês possam encontrar mais amigos com os quais se abrir e cuja vida vocês sejam verdadeiramente capazes de entender.
Se alguém se esconde de si mesmo , como pode estar pronto a comunicar aos outros o que não ousa admitir no seu íntimo ? A conseqüência é o isolamento e a insatisfação. É por isso que , no trabalho de autotransformação , empenhamo-nos tanto em fazer com que vocês aprendam a admitir a verdade para si mesmos. Só então poderão começar a ter relacionamentos verdadeiros em vez dos falsos , e levar uma vida plena. Mesmo a sua relação com outros aspectos da vida , como a arte , a natureza , as idéias , assumirá novas formas , muito mais cheias de vida , enquanto antes elas talvez tenham sido usadas como fuga dos sentimentos perturbadores.
A relação e a comunicação reais podem ser confundidas com a compulsão pueril de contar tudo a todos. Vocês correm o risco de revelar seus sentimentos indiscriminadamente e de se prejudicar , tomando equivocadamente essa tola honestidade , exposição imprudente ou “fraqueza” cruel como prova de abertura e disposição para o relacionamento. Na verdade , trata-se de um mero disfarce , de forma mais sutil , do retraimento para um nível mais oculto. Assim , é possível criar uma “prova” de que não vale a pena se envolver.
Com a verdadeira autocompreensão e com a conseqüente liberação da prisão em que vocês mesmos se colocaram , suas revelações e seus relacionamentos não estarão sujeitos a deformações. Vocês , intuitivamente , escolherão a pessoa certa , as oportunidades certas e a maneira correta. Os eventuais equívocos que ocorrerem não os deixarão arrasados nem serão motivo para novo retraimento. Contudo , o processo de crescimento organizado e a liberdade são conquistas graduais , que só acontecem depois que vocês começam a trilhar a via do autoconhecimento.
Os psiquiatras muitas vezes diagnosticam as pessoas de acordo com a sua capacidade de se relacionar e com a profundidade e o sentido desses relacionamentos. Constatou-se que algumas das pessoas mais seriamente perturbadas aceitam ajuda com mais facilidade do que outras cujo distúrbio não é tão evidente , porque estas últimas podem enganar a si próprias e fingir que as coisas não são tão más , continuando a esconder-se da verdade interior. Este subterfúgio não está ao alcance dos mais perturbados que , consequentemente , chegam a um ponto em que precisam tomar uma decisão : encarar ou não honestamente sua vida íntima , sem ilusões. Essas pessoas podem ser vítimas de um grave colapso , que retarda essa confrontação. Mas estão mais próximas do ponto de decisão – que talvez só atinjam na próxima vida – do que a pessoa menos neurótica que continua a esquivar-se do exame de si mesma.
A maioria das pessoas , não têm uma concepção clara do que seja realmente relacionar-se ou Amar. Seu principal centro de interesse é o eu. Quando se voltam para o outro , o processo não é natural nem espontâneo , mas artificial e compulsivo. Porém , o interesse natural e a cordialidade para com o outro virão para os que perseverarem nesse caminho. Enquanto vocês não conseguirem admitir que são humanos  e que precisam de ajuda para expor a própria vulnerabilidade , não poderão ter relacionamentos verdadeiros. Assim , a vida continuará vazia , pelo menos em algumas áreas importantes.
Vocês poderiam perguntar : a mudança de relacionamento e o desejo de ter muitos relacionamentos é uma manifestação saudável ?  E a busca de variedade e quantidade ?
Esta é uma daquelas perguntas que não podem respondidas com um simples “sim” ou “não”. Tanto a mudança de relacionamento como o desejo de variar podem indicar motivações saudáveis ou doentias. Muitas vezes , é uma combinação das duas coisas. É preciso cuidado para não cair na esquematização. O fato de um relacionamento mudar para pior não indica necessária e temporária à submissão doentia , ao desejo insaciável de afeto ou a qualquer outra compulsão neurótica unilateral. Antes de poder instaurar-se um relacionamento saudável entre duas pessoas ligadas por diversos fatores de desequilíbrio , uma agitação temporária como essa , externa ou interna , pode exercer a mesma função reguladora que uma tempestade elétrica ou um terremoto desempenham na natureza.
O fato de um relacionamento poder ou não tornar-se essencialmente livre e saudável depende das duas partes. A aparente tranqüilidade e ausência de atritos num relacionamento não indica necessariamente que ele seja intrinsecamente saudável e significativo. A resposta só pode ser dada por um exame aprofundado do vínculo e da sua importância. Não se pode generalizar. Quando duas pessoas crescem juntas em qualquer tipo de relacionamento – uma parceria , um caso de amor , uma amizade – elas passam por várias fases. Se ambas entenderem suas próprias motivações e comportamentos , e não apenas as motivações e comportamentos do outro , o relacionamento terá raízes cada vez mais fortes e será cada vez mais fértil.
A BUSCA DE VARIEDADE NOS RELACIONAMENTOS
Quanto à variedade nos relacionamentos , a resposta também depende da verdadeira motivação. Se o que move a busca é a impaciência e a compulsividade , devido principalmente ao medo , à cobiça e à ganância , devido à incapacidade de manter uma relação autêntica com qualquer pessoa , o que leva a suprir essa carência com uma série de associações superficiais , se a busca do outro é uma defesa contra a dependência ou o medo do abandono por parte das poucas pessoas com quem existe uma ligação mais profunda , não é preciso dizer que se trata de uma tendência doentia. Mas se a busca de variedade é a expressão de uma mentalidade livre , instigada pela riqueza das diferenças entre os seres humanos , sem visar o uso de um relacionamento contra o outro , ela é saudável. Muitas vezes , existem as duas motivações : mas , mesmo no primeiro caso , pode haver uma necessidade temporária de variedade , como reação a um estado de retraimento. Nesse caso , a busca de variedade pode ser um passo em direção à saúde. Uma manifestação negativa , muitas vezes , é uma indicação de uma fase positiva transitória.

MANIPULAÇÃO
Entre dois seres humanos que desejam relacionar-se , mas são muito manipuladores , onde entra o elemento do verdadeiro amor ? O amor elimina a manipulação ?
Enquanto uma pessoa sente necessidade de manipular o outro , o que é uma medida protetora inconsciente , não pode haver verdadeiro amor. Os dois elementos se excluem mutuamente. Se examinarmos a falsa necessidade de manipulação , veremos que ela deriva do medo egocêntrico e do excesso de cautela em relação à entrega ao sentimento e à vivência. A manipulação impede o amor , mesmo que também possa haver certa dose de Amor verdadeiro.
Se o Amor for maior do que esse desequilíbrio , ele o sobrepujará e , assim , a relação será menos problemática. A resolução dos problemas só pode ocorrer por meio da compreensão. Nessas condições , o Amor pode florescer. Mas quando existe escuridão , confusão e recusa em encarar a realidade , não pode haver amor. O fato de você amar não elimina , num passe de mágica , todas as correntes negativas e distorções , os conflitos e medos , as medidas defensivas inconscientes e a manipulação. Não é assim tão simples.
A capacidade de relacionar-se é , na verdade , fácil de ser avaliada : a vida exterior proporciona muitas pistas para quem quer vê-las. Quando o relacionamento é problemático , existem desequilíbrios inconscientes nas duas partes. Cada um , por seu turno , recrimina o outro , ou então chafurda na lama da culpa. Reconhecer que um erro não elimina o outro requer tempo e compreensão ; todos os envolvidos são responsáveis por todos os problemas do relacionamento. Essa percepção sempre tem um efeito muito liberador , simplesmente porque é verdadeira. A verdade liberta da culpa e da necessidade de acusar , de culpar e julgar.
Podemos pensar que às vezes , não é muito mais fácil relacionar-se com alguém que não é muito íntimo , pois o nível de críticas pode diminuir. Claro que sim. Isto vem provar que não se trata de um relacionamento verdadeiro , mas superficial. Relacionamento verdadeiro significa envolvimento , e isso não quer dizer ver apenas os aspectos e movimentos negativos. Envolver-se significa arriscar-se por inteiro. A relação com envolvimento profundo é forçosamente sujeita a atritos , porque é muito grande o número de problemas não-reconhecidos e não-resolvidos dos dois lados. É por isso que cada atrito pode transformar-se num degrau ascendente , desde que a atitude seja construtiva. Não quero dizer que vocês só devam ter esses relacionamentos profundos. Isto seria impossível e irrealista. Mas deve haver alguns , todos diferentes , para que vocês sintam que a vida é dinâmica e frutífera.

OS MALEFÍCIOS DAS EXPECTATIVAS INCONSCIENTES
Para ser mais específico , quero acrescentar que as expectativas , as reivindicações e as exigências inconscientes podem causar um estrago nos relacionamentos. Não porque todas as expectativas sejam necessariamente “erradas” , mas porque elas ficam latentes e provocam tensão nas duas partes ,ao colidir com as exigências do outro. Além do fato de algumas dessas exigências não serem , de fato , nem justificadas nem razoáveis – e só é possível reconhecê-las como tais quando afloram – até mesmo as expectativas justificadas geram problemas quando não se tem consciência delas.
Procurem ter disposição para admitir as racionalizações que separam vocês da verdade e da realidade interior , que impedem a passagem de vocês para uma vida significativa. E que vocês possam vir a saber que a vida é benigna. O fluxo da vida é contínuo e as razões para temer só existem na visão limitada de cada um. Quanto mais eliminarem os grilhões da cegueira que impuseram , mais sentirão a verdade destas palavras !!!

SHAUMBRA e NAMASTÊ !!!

domingo, 16 de outubro de 2011

EU , VOCÊ E O MAL - QUE SE TRATA APENAS DE UM ESTADO DE IGNORÂNCIA , DE SEPARAÇÃO E DE DUALIDADE















“A natureza humana é capaz de um mal infinito. Hoje , como nunca dantes , é importante que os seres humanos não subestimem o perigo representado pelo mal que espreita dentro deles. Ele é , infelizmente , bastante real , e é por essa razão que a psicologia deve insistir na realidade do mal e deve rejeitar qualquer definição que o considere insignificante ou na verdade inexistente.”
Carl Jung

“Quando o mal é compreendido como sendo intrinsecamente um fluxo de energia divina momentaneamente distorcido devido a idéias errôneas , a conceitos e imperfeições específicos , então ele não é mais rejeitado na sua essência.”
Maori Mojave

Você não é uma pessoa má. Eu não sou uma pessoa má. Contudo , o mal existe no mundo e não há como discutir isto : ele é muito claro e indiscutível. De onde ele vem ?
As coisas más que são feitas sobre a Terra são praticadas por seres humanos. Nós não podemos pôr a culpa nas plantas ou nos animais , numa doença infecciosa ou em influências nefastas do espaço sideral. Mas , se você e eu não somos maus , quem o é ? Será que o mal residiu apenas em outros lugares como a antiga Alemanha Nazista ou o antigo império da ex-União Soviética e o atual governo secreto e os seres regressivos extra-terrestres ? Ou será que ele habita somente os corações dos criminosos e dos barões das drogas , mas não os das pessoas que conhecemos ?
Será ainda possível que ninguém é mau , mas apenas desorientado ? Podemos nós realmente atribuir o horror ao Holocausto , ou o sadismo de Idi Amin , ou a tortura mencionada pelos governos corruptos , que acontece exatamente agora em muitos países do mundo , a uma mera desorientação ? Essa palavra parece inconsistente e não basta como explicação.
Onde reside o mal ? De onde ele surge ?
O mal reside em cada uma e em toda alma humana. Ou , em outras palavras : o mal que existe no mundo nada mais é que a soma do mal que existe em todos os seres humanos.
“Mau” é um adjetivo muito forte. A maioria das pessoas quer reservá-lo para os Hitlers e para os criminosos e se nega a aplicá-lo a elas mesmas.
A primeira definição de “mau” dada pelo meu dicionário é : “moralmente repreensível , pecaminoso , maléfico”. Essa definição torna claro que não é apropriado o uso da palavra para falar “dos males da doença e da morte”. Doença e morte são aspectos dolorosos da experiência humana , mas decerto não são “moralmente repreensíveis”. Por outro lado , é correto usar tal adjetivo para falar da “maléfica instituição da escravidão”.
Muitos já fizeram coisas que são moralmente repreensíveis. Todos nós temos falhas de caráter , todos somos mais ou menos egocêntricos , egoístas e mesquinhos. E essas falhas de caráter levam , muitas vezes , a ser antipático , rancoroso , ciumento , e a agir de formas que só contribuem para aumentar o sofrimento no mundo. Mas isso faz de nós pessoas más ?
Você e eu certamente não somos maus em nossa totalidade , ou em nossa essência , mas temos o mal dentro de nós , pelo simples fato de estarmos encarnados aqui. Portanto , a palavra “mal” pode descrever um contínuo de comportamento que vai desde a simples mesquinhez e o egocentrismo , num extremo , até o sadismo genocida do nazismo ou do governo secreto no outro. Aqueles de nós que habitam um extremo inferior do espectro podem ter o desejo de dizer que nada tem em comum com os assassinos do extremo oposto ; será que não temos mesmo nada em comum com eles ?
Há trinta ou quarenta anos atrás , a palavra “pecado” ainda era de uso comum , mas hoje ( a não ser entre os fundamentalistas ) ela praticamente não é mais empregada. Agora preferimos usar a terminologia da Psicologia que fala antes dos defeitos e falhas humanas , mas normalmente de uma maneira que põe a culpa alhures – nos pais ou na sociedade – por fazerem o que somos. A mudança pessoal então ocorre quando compreendemos a origem da programação negativa que os outros nos infligiram , vivenciamos todos os sentimentos envolvidos ( fundamentalmente raiva e pesar ) e então perdoamos a fonte externa da nossa negatividade , da qual ainda sofremos. E isso é uma parte crucial do processo de transformação.
“Contudo , na visão da Psicologia nós perdemos algo que a velha idéia religiosa do pecado nos deu. A saber , que somos responsáveis pela nossa negatividade , pelos nossos atos ou omissões. Ser responsável é muito diferente de ser culpado. Significa simplesmente reconhecermo-nos às vezes como a origem da dor , da injustiça e do descaso para conosco mesmos , para com os outros e para com o mundo.”
Se eu posso admitir esse grau de responsabilidade – admitir que não sou apenas uma vítima do mal que há no mundo , mas que sou , da minha própria pequena maneira , um iniciador de negatividade – então o que devo fazer a respeito ? Como posso transformar o mal que existe em mim ?  
A religião tradicional nos dá preceitos morais a serem seguidos , tais como : “Faça aos outros o que desejaria que eles fizessem a ti” e “Ama a teu próximo como a ti mesmo”. Certamente nós podemos concordar que , se todos pautassem a sua exigência por essas regras áureas , o mundo seria um lugar muito mais agradável de se viver. Agora , para chegar a este nível , como posso mudar o meu comportamento ? O que preciso fazer para tornar-me mais amoroso ? Com demasiada freqüência a resposta da religião tradicional parece ser apenas : esforce-se mais.
Na religião tradicional , segundo as palavras de Carl Jung : “Todos os esforços são feitos para ensinar crenças ou condutas idealistas às quais as pessoas sabem em seus corações que jamais poderão corresponder , e esses ideais são pregados por pessoas que sabem que eles mesmos nunca corresponderam , e nunca corresponderão , a esses elevados padrões. E mais : ninguém jamais questiona o valor desse tipo de ensinamento.”
As respostas da religião tradicional têm sido tão decepcionantes que muitas pessoas que antes teriam consultado um clérigo agora consultam um psicoterapeuta. A moderna Psicologia tem sido bem-sucedida ao tratar o problema do mal ?
Um artigo sobre Abraham Maslow , o pai da psicologia humana , afirma : “Ao final da sua vida , Maslow estava lidando com a natureza da maldade humana. Ele expressou apreensão quanto à incapacidade da Psicologia Humanista e transpessoal em assimilar o nosso lado “escuro” em uma teoria abrangente da natureza humana. O próprio Maslow considerava esse tema preocupante e , na ocasião de sua morte , não havia chegado a qualquer conclusão final sobre ele. Na verdade, tudo se resume em acessar seu autoconhecimento.

AUTOCONHECIMENTO
“Um homem e uma mulher tem muitas peles , cobrindo as profundezas do seu coração. O homem conhece muitas , muitas coisas : ele não conhece a si mesmo. Ora , trinta ou quarenta peles ou couros , como que de boi ou urso , muito espessas e duras , cobrem a alma. Entre no seu próprio território e aprenda a conhecer-se lá.”
Meister Eckhart

“É com freqüência trágico ver o quão evidentemente um homem ou uma mulher estraga a própria vida e a vida de outros e , ainda assim , permanece totalmente incapaz de ver que toda a tragédia tem origem nele mesmo e como ele continuamente a alimenta e a mantém em curso. Não conscientemente , é claro – pois conscientemente ele está engajado em lamentar um mundo pérfido que se perde cada vez mais na distância. Antes é um fator inconsciente que tece as ilusões que vela o seu mundo.”
Carl Jung

Todos nós procuramos a felicidade , por isso notamos que ela é algo pelo qual todos nós ansiamos , ao mesmo tempo em que tendemos a culpar circunstâncias externas por quaisquer sentimentos de infelicidade que possamos ter.
O indivíduo espiritualmente imaturo pensa que a felicidade tem que ser criada primeiro no nível exterior , pois as circunstâncias exteriores , que não são necessariamente produzidas por ele , devem atender os seus desejos e quando isso for alcançado , a felicidade se evidenciará. Os que estão amadurecidos espiritualmente sabem que se dá exatamente o contrário. E também : a felicidade não depende de circunstâncias exteriores ou de outras pessoas , não importa quão convencida esteja a pessoa espiritualmente imatura desta falácia. A pessoa espiritualmente madura sabe disso. Sabe que ela mesma é a única responsável por sua felicidade ou infelicidade. Ela sabe que é capaz de criar uma vida feliz , primeiro dentro de si mesma , mas então , inevitavelmente , também na vida externa.
Não se exige que a pessoa acredite nisso que falamos. Mas é preciso que pelo menos tenha a mente aberta para a possibilidade de que isso possa ser verdade. Em relação a essa idéia , bem como em relação a muitas outras que se seguirão , nós somos instados a pôr de lado velhas certezas e a abrir nossas mentes para novas possibilidades.
Este caminho , não requer que acreditemos em quaisquer dogmas específicos ou que sejamos adeptos de algum credo. Antes , são nos dadas idéias e métodos para que os  trabalhemos com eles e os ponhamos em prática. Caso os métodos funcionem , nós o saberemos pelos resultados. Se as idéias derem frutos , se nos auxiliarem a compreender melhor a nós mesmos e a viver de forma mais feliz e produtiva , então elas se tornarão verdadeiramente nossas ; elas serão conhecidas e não apenas artigos de crença.
E o autoconhecimento é de inestimável valor. Então , por que ele é tão difícil de alcançar ? Talvez porque ninguém goste de ouvir verdades desagradáveis e pouco lisonjeiras a seu respeito , verdades que são , no entanto , as mais importantes que possamos conhecer. Por isso , é necessário que conheçamos todas aquelas partes de nós mesmos que insistimos em negligenciar e esquecer.
Na psicologia jungiana o termo “sombra” é empregado para descrever aquela parte de nós que preferimos não carregar em nossa mente consciente , que empurramos para a escuridão e esperamos esquecer. É o chamado Eu inferior. E ocultando este Eu inferior existe uma Máscara, uma auto-imagem idealizada , uma representação glorificada de quem achamos que deveríamos ser , e que tentamos fingir que somos.
Então basicamente, vamos ter que aprender como penetrar a Máscara e então em como tornar-se consciente do Eu Inferior que se oculta sob ela ; isso porque são essas duas camadas da personalidade que escondem o Eu Superior -  aquela centelha de divindade interior que se encontra no âmago de cada um de nós. Portanto , vamos sondar destemidamente aquelas partes de nós mesmos que mais desejamos esconder para que se forneçam ferramentas práticas para a realização deste trabalho. Primeiro aprendemos a enxergar e avaliar as nossas atividades e emoções cotidianas – material que é totalmente consciente e que apenas aguarda que voltemos para ele a nossa atenção integral. Então aprendemos como detectar os nossos pensamentos , sentimentos e atitudes subconscientes. Coisas impressionantes serão descobertas : você ficará surpreso.
Mas o que é a felicidade ? Se você perguntar a pessoas diferentes , receberá diferentes respostas.
Os espiritualmente imaturos , após pensar por algum tempo , dirão , talvez , que se obtivessem esta ou aquela satisfação ou tivessem uma preocupação eliminada , seriam felizes. Em outras palavras , para eles felicidade significa que certos desejos sejam satisfeitos.
Mesmo que esses desejos se tornassem realidade , porém , tais pessoas não seriam felizes. Elas ainda sentiriam lá no fundo uma certa inquietude. Por quê ? Porque a felicidade não depende de circunstâncias exteriores ou de outras pessoas , não importa quão convencida esteja a pessoa espiritualmente imatura dessa falácia.
A pessoa espiritualmente madura sabe disso. Sabe que ela mesma é a única responsável por sua felicidade ou infelicidade. Ela sabe que é capaz de criar uma vida feliz , primeiro dentro de si mesma , e então , inevitavelmente , também na vida exterior. O indivíduo espiritualmente imaturo pensa que a felicidade tem que ser criada primeiro no nível exterior , pois as circunstâncias externas , que não são necessariamente produzidas por ele , devem atender plenamente os seus desejos e , que quando isso for alcançado , a felicidade se seguirá. Os que se encontram amadurecidos espiritualmente sabem que se dá exatamente o contrário.
Muitas pessoas não querem reconhecer essa verdade. É mais fácil culpar o destino , a injustiça do destino ou das forças superiores , ou ainda as circunstâncias causadas por outras pessoas , do que ser responsável por si mesmo. É mais fácil sentir-se vítima. Dessa forma , não é preciso examinar , por vezes muito profundamente e com o máximo de honestidade , o próprio interior.
Ainda assim a grande verdade é : a felicidade está em nossas próprias mãos. Está em seu poder encontrar a felicidade. Você pode perguntar , “o que devo fazer ?” Mas vejamos primeiro o que significa felicidade no sentido espiritualmente maduro. Ela significa simplesmente : o Criador.
Muitas pessoas , com toda sinceridade , esforçam-se para encontrar o Criador. Contudo , caso lhes perguntassem o que exatamente querem dizer com isso , como imaginam que aconteça , seria difícil para elas dar uma resposta significativa. Porém , naturalmente , existe esse desejo de “encontrar o Criador”. Na verdade é um processo bastante concreto , não existindo nada nebuloso , irreal ou ilusório a respeito Dele.
Encontrar o Criador quer dizer encontrar o Eu Verdadeiro. Se encontra a si mesmo em algum grau , você está em relativa harmonia , percebendo e compreendendo as leis do Universo. Você é capaz de relacionar-se , de amar e de experimentar alegria. É  realmente responsável por si mesmo. Você tem a integridade e a coragem para ser você mesmo , mesmo ao preço de abrir mão da aprovação dos outros. Tudo isso significa que você encontrou o Criador – não importa o nome pelo qual esse processo possa ser designado. Ele também pode ser denominado de retorno da auto-alienação.
O único modo de achar a felicidade é encontrando o Criador , e ela pode ser achada aqui e agora mesmo. “Como ?” , você poderia perguntar. Com muita freqüência as pessoas imaginam que o Criador está incomensuravelmente distante do Universo , e é impossível de se alcançar. Isso está longe de ser verdade. O Universo inteiro está no interior de cada pessoa ; cada criatura viva tem uma parte do Criador dentro de si. O único modo de alcançar essa parte divina lá dentro é pelo caminho íngreme e estreito do autodesenvolvimento. O objetivo é a perfeição. A base para isso é conhecer-se a si mesmo.
Conhecer-se a si mesmo é realmente difícil , pois significa encarar muitas características pouco lisonjeiras. Significa uma busca contínua , infinita : “O que sou ? O que realmente significam minhas reações – e não apenas os meus atos e pensamentos ? Será que as minhas ações são apoiadas pelos meus sentimentos , ou será que eu tenho motivos por trás dessas ações que não correspondem ao que eu gosto de acreditar a meu próprio respeito ou ao que eu gosto que as outras pessoas acreditem ? Tenho sido honesto para comigo mesmo até aqui ? Quais são os meus erros ?”.
Embora alguns de vocês possam conhecer suas fraquezas , a maioria das pessoas ignora uma boa parte delas , e isso é um grande obstáculo , mesmo para aqueles que atingiram uma certa altura neste caminho ascendente. Você não pode superar aquilo que não conhece. Cada defeito não é nada mais e nada menos que uma corrente que o prende. Pelo abandono de cada imperfeição você rompe uma cadeia e assim torna-se mais livre e mais próximo da felicidade. A felicidade é o destino de cada indivíduo , mas ela é impossível de obter sem que sejam eliminadas as causas da sua infelicidade , que são os seus defeitos – bem como qualquer tendência que viole uma lei espiritual.
Você pode descobrir o quanto avançou neste caminho pela revisão da sua vida e dos seus problemas. Você é feliz ? O que está faltando na sua vida ? Na medida em que a infelicidade ou descontentamento exista na sua vida , nessa mesma medida você terá preenchido o seu potencial.
Para aqueles que realmente se realizam haverá um contentamento profundo e cheio de paz , segurança e uma sensação de plenitude. Caso isso esteja faltando na sua vida , você não está completamente no caminho certo , ou ainda não alcançou a liberação que necessariamente se experimenta depois que as dificuldades iniciais são superadas.
Só você saberá a resposta , só você saberá em que ponto se encontra. Ninguém mais pode ou poderia responder a essa pergunta para você. Se você estiver no caminho certo , contudo , e tiver aquele profundo sentimento de satisfação e realização , e ainda assim existirem problemas exteriores na sua vida , isso não deve desencorajá-lo. A razão é que a forma externa do conflito interior no qual você está trabalhando não pode ser dissolvida tão rapidamente.
Quanto mais você dirige as correntes internas da alma para os canais corretos , mais as formas exteriores correspondentes mudarão , de forma gradual porém segura. Até que esse processo seja completamente efetuado , o problema externo não pode dissolver-se automaticamente. A impaciência só pode atrapalhar. Se estiver no caminho certo , você viverá e sentirá a grande realidade do mundo do Criador na sua vida diária. Ele se tornará tão real , se não mais , quanto o seu ambiente humano ; não será mais uma teoria , um mero conhecimento intelectual. Você viverá nesse mundo e sentirá o seu efeito.
EU SUPERIOR , EU INFERIOR E MÁSCARA
Todos aqui sabem que possuem não apenas um corpo físico , mas também vários corpos sutis , cada um representando algo diferente. Os seus pensamentos têm formas espirituais definidas e tais formas são criadas não apenas por pensamentos , mas também por sentimentos , uma vez que um sentimento é na verdade “um pensamento não pensado” , não tornado ainda consciente. Embora o pensamento crie uma forma diferente daquela de um sentimento , não obstante ambos criam formas muito definidas e substanciais. Cada corpo sutil , de modo idêntico ao corpo físico , tem uma aura : a vibração e emanação daquele corpo. Tais formas realmente existem no espírito . Todas elas lutam e se modificam , uma vez que tudo no espírito está em perpétuo movimento.
A aura do corpo físico mostra saúde ou doença física e todas as demais condições do ser físico. As reações emocionais , intelectuais ou espirituais aparecem na aura dos respectivos corpos sutis.
Cada ser humano tem um Eu Superior ou centelha divina. É ele o mais refinado e mais radiante dos corpos sutis , com a mais alta freqüência de vibração , pois , quanto mais elevado o desenvolvimento espiritual , mais rápida a vibração. O Eu Superior cercou-se lenta e gradualmente de várias camadas de matéria mais densa que ele mesmo. Assim passou a existir o Eu inferior.
O objetivo do desenvolvimento espiritual é dominar o Eu inferior de forma que o Eu Superior fique novamente livre de todas as camadas externas que adquiriu. Você será capaz de sentir em sua própria vida com muita felicidade , em si mesmo e nos outros , que certas partes do Eu Superior já se encontram livres , enquanto outras partes continuam ocultas. O quanto está livre ou encoberto e o quão escondido está depende do desenvolvimento geral da pessoa. O Eu inferior consiste não apenas nas falhas comuns e nas fraquezas individuais que variam de pessoa para pessoa , mas também na ignorância e na indolência. Ele odeia mudar e dominar-se ; ele tem uma vontade muito forte que nem sempre pode manifestar-se externamente e quer conseguir o que quer sem pagar o preço. É muito orgulhoso e egoísta e sempre tem muita vaidade pessoal. Todas essas características são geralmente parte do Eu inferior , independentemente de outros defeitos individuais.
Nós podemos determinar muito bem quais as formas-pensamento que provêm do Eu Superior e quais têm origem no Eu inferior. Podemos também determinar quais tendências , desejos e esforços do Eu Superior podem estar mesclados com tendências do Eu inferior.
Quando mensagens do Eu Superior são contaminadas por motivos do Eu inferior cria-se uma desordem na alma que torna o seu possuidor emocionalmente enfermo. Por exemplo , uma pessoa pode querer algo egoísta , mas por não querer admitir interiormente que isso é egoísmo , ela começa a racionalizar tal desejo e a enganar-se a si mesma. Podemos ver esse tipo comum de engano nos seres humanos porque as formas do Eu Superior têm um caráter totalmente diferente daquela do Eu inferior.
Existe outra camada que , infelizmente , ainda não é suficientemente reconhecida entre os seres humanos em todo o seu significado , a qual eu poderia denominar a Máscara. Essa Máscara é criada da seguinte maneira : você reconhece que pode entrar em conflito com o seu ambiente cedendo aos desejos do Eu inferior ; não obstante , você pode não estar pronto para pagar o preço de eliminar o Eu inferior. Isso significaria , antes de tudo , ter que encará-lo como ele realmente é , com todos os seus motivos e impulsos , uma vez que você só pode vencer aquilo de que tem total consciência. Isso significa tomar o caminho estreito , o caminho espiritual. Muitas pessoas não querem pensar nisso profundamente ; em lugar disso elas reagem emocionalmente sem pensar em como os seus Eus inferiores podem estar envolvidos em suas reações. A mente subconsciente sente que é necessário apresentar um quadro diferente de personalidade para o mundo a fim de evitar certas dificuldades , coisas desagradáveis ou desvantagens de todos os tipos. Assim as pessoas criam uma nova camada do eu que não tem nada a ver com a realidade , nem com a do Eu Superior nem com a realidade temporária do Eu inferior. Essa Máscara superposta é o que se poderia chamar de uma farsa ; ela é irreal.
Voltarei ao exemplo acima. O Eu inferior ordena à pessoa que seja impiedosa em relação a um desejo egoísta. Não é difícil para ninguém , mesmo da mais limitada inteligência , perceber que cedendo a esse desejo ela será rejeitada ou perderá a afeição dos outros , um resultado que ninguém deseja. Em lugar de superar o egoísmo pelo lento processo de desenvolvimento , tal pessoa frequentemente age como se já não fosse egoísta. Mas ela o é , na verdade , e sente o seu egoísmo. A sua concessão à opinião pública e a sua generosidade são apenas uma farsa , não correspondendo absolutamente aos seus reais sentimentos. Em outras palavras , a ação correta , neste caso , carece inteiramente do suporte dos sentimentos inferiores que não foram purificados , e portanto essa pessoa enfrenta uma guerra interior. A ação adequada torna-se uma ato de compulsão necessária , e não uma livre escolha. Uma bondade imposta como essa não tem valor. Ao mesmo tempo em que a pessoa dá algo , ela pode odiar a idéia de fazê-lo. Tal pessoa é não apenas egoísta no seu íntimo , por uma convicção interior , mas é também falsa para com a sua natureza , violando a sua realidade e vivendo em mentira.
Eu não estou de modo algum sugerindo que é aconselhável que se ceda à natureza inferior ; deve-se antes lutar por esclarecimento e fazer-se um esforço de desenvolvimento para purificar os sentimentos e os desejos. Mas se isso não foi ainda obtido , pelo menos não se deve enganar a si mesmo. A pessoa deve ter , quando nada , uma visão clara e verdadeira da discrepância existente entre seus sentimentos e suas ações. Desse modo , Máscara alguma pode formar-se.

DEIXANDO DE ENGANAR A SI MESMO
Contudo , o mais freqüente é que essa pessoa tente crer no seu próprio altruísmo e, desse modo , iluda-se a si mesma em relação aos seus verdadeiros sentimentos e motivos , ocultando-os e se recusando a vê-los. Após algum tempo a raiz malsã aprofunda-se no subconsciente , onde vai fermentar e criar formas que provocarão seus efeitos e que não podem ser eliminadas , posto que a pessoa não tem consciência delas. O exemplo do egoísmo é apenas um caso ; existem muitos outros traços e tendências que sofrem o mesmo processo.
Quando as pessoas se encontram emocionalmente enfermas isso é sempre um sinal de que , de um modo ou de outro , foi criada uma Máscara. Elas não percebem que estão vivendo uma mentira , tendo construído uma camada de trivialidade que nada tem a ver com o seu verdadeiro ser. Como conseqüência , elas não estão sendo fiéis à sua personalidade real. Como eu já disse , ser verdadeiro para consigo mesmo não quer dizer que você deva ceder ao seu Eu inferior , mas sim que deve ter consciência dele. Não se iluda caso ainda aja segundo a necessidade de proteger-se e não em razão de uma visão esclarecida e de uma convicção íntima. Tenha consciência de que os seus sentimentos ainda não foram purificados neste ou naquele aspecto. Assim você tem uma boa base para começar. Será mais fácil para você encarar-se dessa maneira quando perceber que sob as camadas do Eu inferior vive o seu Eu Superior , a sua realidade última e absoluta , que você , no devido tempo , vai alcançar. E para alcançá-lo é preciso , em primeiro lugar , pôr-se face a face com o Eu inferior , a sua realidade temporária , em lugar de encobri-lo , ou seja , o seu próprio Eu Superior. Para encarar o Eu inferior você deve , a todo custo , demolir a Máscara. Você pode vir a fazê-lo quando visualizar os três “eus” que discuto aqui.
Mentir para si mesmo e não pensar sequer sobre as próprias emoções e verdadeiros motivos , mas apenas permitir , sem pensar , que as emoções o dominem pode às vezes parecer adequado , mas não é. A pessoa que quer ter felicidade , saúde e paz interior , para que realmente viva em plenitude esta vida presente e esteja em harmonia com o Criador e, assim , com o seu Eu Interior , precisa achar a resposta , de uma vez por todas , para as seguintes questões : Qual o meu Verdadeiro Eu ? O que é o meu Eu Inferior ? Onde pode existir uma Máscara , uma falsidade ?
É importante que todos vocês treinem o seu olho interior para ver a si mesmos e aos outros seres humanos desse ponto de vista. Quanto mais se tornarem espiritualmente despertos , mais fácil será para vocês perceberem a si mesmos e aos outros com exatidão. Quando entrarem em contato com o Eu Superior , uma vez que a sua intuição tenha despertado por meio do seu desenvolvimento espiritual pessoal , vocês sentirão uma clara diferença entre a Máscara e o Eu Superior ;  sentirão a desagradável manifestação da Máscara , principalmente das suas próprias , não importa o quão agradável elas possam parecer.
O que resta então para ser feito é penetrar também as camadas inconscientes da personalidade com essas verdades , de forma que toda a resistência seja superada.
Se você quer trilhar este caminho e obter a cura das suas enfermidades emocionais , é importante que compreenda tudo isso. Você tem que encara o Eu inferior que existe em cada ser humano , mas também saber que esse Eu inferior não é o “Eu” final ou verdadeiro. O Eu Superior , que é perfeição , esperando para crescer e ultrapassar essas camadas de imperfeição , é o VERDADEIRO EU.  

sábado, 8 de outubro de 2011

COMO PERCORRER O SEU CAMINHO EVOLUTIVO

L












Uma jornada das regiões conhecidas para as desconhecidas da alma é semelhante à busca narrada nos contos de fada. O herói ou heroína inexperiente abandona seu mundo familiar , comum , movido pelo anseio de encontrar uma vida mais rica , diferente da rotina ordinária de uma existência limitada. Seguem-se imediatamente encontros ameaçadores e provas de todos os tipos. Se você passar nos testes , encontrará a felicidade. O prêmio será a riqueza e um companheiro de vida ; você se tornará rei ou rainha : um adulto realizado.
Se levada a sério , a busca interior também requer coragem , passa por regiões de trevas , conduz à maturidade – e o tesouro sempre é encontrado. Como nos contos de fada , o herói não fica à espreita do dragão , mas o ataca , e não foge da velha bruxa , mas lhe presta ajuda , assim , você também deve enfrentar suas forças destrutivas interiores e lidar com elas.
Nesse artigo mostramos como acompanhar o anseio e como liberar os poderes latentes no seu interior , para que você possa encontrar o tesouro do seu Eu Divino , sábio e amoroso.

ANSEIO POR UM ESTADO DE CONSCIÊNCIA MAIS AMPLO E PLENO
Todo ser humano sente um anseio interior mais profundo do que os anseios de realização emocional e criativa , embora esses , sem dúvida , façam parte do desejo mais íntimo e essencial. Este anseio provém da sensação de que deve existir um outro estado de consciência , mais plenificador , e uma capacidade maior para viver a vida.
Ao traduzir esse anseio em termos conscientes , vocês se envolve em confusões e contradições. As confusões e as aparentes contradições derivam da consciência dualista da mente humana. O dualismo está sempre presente , pois os humanos percebem a realidade em termos de ou...ou , bom ou mau , certo ou errado , preto ou branco. Esta maneira de perceber a vida , quando muito é apenas meia verdade : pode-se perceber apenas fragmentos de realidade ; a verdade plena jamais pode ser encontrada. A verdade sempre vai mais além do modo dualista de ver a realidade.
Uma dessas confusões pode ser : “Estou almejando algo irreal ? Não seria sinal de maior realismo e maturidade deixar de lado essas aspirações e aceitar o fato de que a vida é pura e simplesmente esse lugar raso , sombrio e cinzento ? Não ouvimos sempre dizer que a aceitação é necessária para estarmos em paz com nós mesmos e com a vida ? Em vista disso , eu realmente deveria deixar de lado esses anseios ?.”
A saída para essa sua confusão só pode ser encontrada quando você der um passo além do dualismo implícito nesse dilema. É verdade que você deve aceitar seu estado atual. É verdade que a vida , como se manifesta , não pode ser perfeita. Todavia , não é este fato que o torna infeliz. O que cria o problema é sua exigência de que a vida deve ser perfeita e de que lhe deve ser entregue em sua perfeição. Se você for bastante fundo , irá inevitavelmente descobrir que existe uma parte sua que nega a dor e a frustração ; um lugar onde você abriga a raiva e o rancor porque não existe uma autorização amável e disponível que eliminará por você as experiências que lhe são indesejáveis. Assim , é verdade que seu anseio por este tipo utópico de estado de maior felicidade é irreal e deve ser abandonado.

O DESEJO FALSO
Este ocorre quando brota de atitudes imaturas , ambiciosas ou neuróticas. Existe uma voz interior que lhe diz que a vida é muito mais , que você mesmo é muito mais do que é capaz de vivenciar neste momento.
Como , então , podemos ter clareza sobre o que é real e o que é falso com relação a nossos anseios mais profundos ? O desejo é falso quando sua personalidade deseja amor e realização , perfeição e felicidade , ou prazer e expansão criadora sem pagar o preço de uma autoconfrontação mais rigorosa. É falso quando você não assume a responsabilidade por seu estado atual ou pelo estado ao qual aspira. Por exemplo , se você se entristece consigo mesmo por sua vida vazia , e se de algum modo culpa os outros por seu estado atual , não importa quão errados esses outros possam estar , quer sejam seus pais , seus companheiros , seus amigos , ou a vida como um todo , então você não está assumindo nenhuma responsabilidade. Se este for o caso , de certo modo você desejará receber também o estado novo e melhor como uma recompensa não merecida. Você pode tentar ser um seguidor obediente de uma alta autoridade apenas para ser recompensado. Na verdade , porém , visto que o prêmio nunca vem de fora , independentemente do que faça , você se sentirá desapontado , ressentido , ludibriado e raivoso , e apelará sempre de novo a seus padrões antigos e destrutivos que são os verdadeiros responsáveis pelo estado que cria seu anseio não realizado.

O ANSEIO REALISTA
O anseio é realista quando você parte da premissa de que a pista para a realização deve estar em você ; quando você deseja descobrir as atitudes que o impedem de viver a vida de uma maneira plena e significativa ; quando interpreta o anseio como uma mensagem oriunda do âmago do seu interior , mensagem essa que o dirige por um caminho que o ajudará a encontrar o seu verdadeiro Eu.
Entretanto , quando a mensagem interior é mal interpretada pela personalidade negativa , ambiciosa , mesquinha e exigente , a confusão se instala. Nesse caso , o anseio entra por canais de fantasias mágicas irrealizáveis. Você acredita que a realização lhe é devida como direito em vez de ser conquistada através da coragem e da honestidade de olhar para si como é agora , mesmo para áreas que preferiria evitar. Se uma situação de vida for dolorosa e você reagir com raiva , queixas e outras defesas contra o viver essa dor de modo limpo , você não estará sendo verdadeiro com relação a seu estado presente. Mas se apenas deixar que a dor aconteça , e se sentir sem usar de artifícios como “ela vai acabar comigo” , ou “durará para sempre “ , a experiência liberará energias criadoras intensas que trabalharão cada vez mais a seu favor e abrirão os canais para seu Eu Espiritual. O fato de sentir a dor também produzirá uma compreensão mais profunda , plena e sábia das relações entre causa e efeito. Por exemplo , você verá como chegou a atrair este determinado sofrimento. Uma percepção intuitiva assim pode não se manifestar imediatamente , pois quanto mais você a forçar , mais ela o evitará ; mas manifestar-se-á se você parar de lutar e de resistir interiormente.
Não abandone o anseio em si. Leve-o a sério. Na verdade , cultive-o e aprenda a compreendê-lo , de modo a poder seguir sua mensagem e tomar o caminho interior para seu íntimo ; aborde o aspecto que você procura evitar , que é o verdadeiro culpado e único responsável por seu estado de vazio e de insatisfação.
Não abandone o anseio que provém da sensação de que sua vida pode ser muito mais , de que existe um estado em que você pode viver sem confusões dolorosas e perturbadoras , um estado em que você pode operar num nível de elasticidade , de satisfação e de segurança interior , em que você é capaz de sentimentos profundos , de prazer elevado e tem condições de expressá-los , em que pode entregar-se à vida sem medo porque não mais teme a si mesmo. Então , você passará a considerar sua vida e até os problemas que ela traz como um desafio estimulante. Se seus problemas internos puderem tornar-se um desafio que dê sabor à sua vida , a paz resultante será ainda mais doce. O enfrentamento desses problemas lhe proporcionará uma percepção da sua própria força , da sua riqueza de recursos e da sua habilidade criadora. Você sentirá o eu espiritual fluir através de suas veias, de seus pensamentos , de sua visão e de suas percepções , levando-o a tomar decisões a partir do âmago do seu ser. Quando você adotar esse modo de viver , problemas externos ocasionais serão o sal da sua vida e se tornarão quase agradáveis. Eles serão cada vez mais raros , e um viver de paz , de alegria e de criatividade se tornará a regra.
APRENDER A SUPORTAR O ESTADO DE FELICIDADE
Na situação presente , o mais triste de seu anseio é que no seu foro mais íntimo você sabe que seu corpo e sua alma são incapazes de aceitar e de sustentar um prazer intenso. O prazer se faz presente em todos os níveis , no espiritual , no físico , no emocional e no mental. Entretanto , o prazer espiritual , separado dos níveis de funcionamento diário , é uma ilusão , porque a verdadeira felicidade espiritual compreende a personalidade global. Portanto , a personalidade deve aprender a suportar um estado de felicidade. Mas ela não conseguirá fazer isso se não aprender a suportar tudo o que estiver contido no interior da psique neste momento : dor , mesquinharia , malícia , ódio , sofrimento , culpa , medo , pavor. Todos esses conteúdos devem ser transcendidos. Então , e somente então , poderá a personalidade humana funcionar num estado de felicidade. O desejo que você tem de experimentar mais prazer é uma mensagem para que trilhe um caminho que lhe propicie a possibilidade de ser feliz.
O estado de existência que descrevi não precisa ser deixado de lado como irreal ou utópico. Não precisa ser deixado porque você o merecerá e o tornará seu próprio , passando por tudo o que o impeça de experimentá-lo. Esse estado já existe dentro de você como um potencial latente. Não é algo que lhe possa ser dado por outros ou que possa ser alcançado através do estudo ou do esforço. Ele se desenvolve organicamente como um subproduto do seu avanço num caminho como este que tenho o privilégio de mostrar-lhe.
Isto nos leva à questão básica do que seja o caminho. Este caminho não é novo : ele existiu sob muitas formas diferentes durante todo o tempo da existência dos seres humanos nesta Terra. As formas e os modos mudam à medida que a humanidade evolui , mas o caminho fundamental permanece o mesmo. O caminho particular – o “Caminho” – pelo qual eu o oriento está ancorado na sabedoria antiga e perene e, todavia , é também nocivo. Ele oferece ajuda para o seu desenvolvimento psicológico e espiritual no atual estágio crítico da evolução da humanidade.

O CAMINHO E A PSICOTERAPIA
Este caminho não é psicoterapia , embora alguns de seus aspectos devam necessariamente ter relação com áreas tratadas também pelas ciências psicoterapêuticas. No esquema geral do caminho , a abordagem psicológica é apenas uma questão colateral , uma maneira de lidar com as obstruções. É fundamental tratar das confusões , das concepções interiores errôneas , das incompreensões , das atitudes destrutivas , das defesas alienantes , das emoções negativas e dos sentimentos entravados , questões essas que também a psicoterapia procura abordar e nas quais , inclusive , concentra sua meta fundamental. Em contraposição , o caminho adentra sua fase mais importante somente depois de concluir este primeiro estágio. A segunda fase , a mais importante , consiste em aprender a ativar a consciência maior que habita em cada alma humana.
Muitas vezes a segunda fase se sobrepõe à primeira , relativa à superação dos bloqueios , porque a segunda fase do caminho , ou fase espiritual , é essencial para executar efetivamente a primeira. A primeira parte do trabalho não pode ser bem-sucedida se o contato com o eu espiritual não for regularmente cultivado e utilizado. Entretanto , quando e como isto pode ser feito varia muito e depende da personalidade e da predisposição , dos preconceitos e dos bloqueios do indivíduo que se aventura nessa jornada. Quanto antes você puder usar , explorar e ativar a fonte inexaurível da força e inspiração interiores , mais fácil e rapidamente terá condições de lidar com as obstruções. Fica , assim , claro em que este caminho difere da psicoterapia , embora alguns pontos básicos e mesmo métodos possam , às vezes , assemelhar-se-lhe.

O CAMINHO E A PRÁTICA ESPIRITUAL
Este caminho também não é uma prática espiritual que tenha como meta alcançar uma consciência espiritual superior. Existem muitos métodos e práticas que procuram a realização do eu espiritual. Embora utilizando métodos válidos para alcançar esse objetivo de maneira forçada , muitas disciplinas espirituais não dão a devida atenção àquelas áreas do ego que estão mergulhadas na negatividade e na destrutibilidade. Qualquer sucesso alcançado desse modo tem sempre vida curta e é ilusório , embora algumas experiências possam ser genuínas. Um estado espiritual obtido de maneira tão unilateral não é sólido e não pode ser mantido a menos que seja incluída a personalidade como um todo. Visto que os seres humanos relutam em aceitar e em lidar com certas partes de si mesmos , eles frequentemente buscam refúgio em caminhos que prometem ser possível evitar essas áreas interiores problemáticas. Se , para você , um caminho espiritual é a prática da meditação pela própria meditação , ou pela esperança de alcançar experiência e consciência cósmicas de felicidade , então não é este caminho que você de vê seguir.
É grande a tentação de fazer uso de práticas espirituais para obter felicidade e realização e para evitar negatividades , confusões e sofrimentos já existentes. Mas essa atitude aborta o propósito ; ela provém da ilusão e a ela reconduz. Uma dessas ilusões é que qualquer coisa que exista em você possa ser evitada. Outra é a crença de que o que existe em você precisa ser temido e negado. A verdade , porém , é que , por mais destruidor que seja , qualquer aspecto em você pode ser transformado. Somente quando você evita o que está no seu interior é que sua ilusão torna-se verdadeiramente nociva a você e aos outros.
Deixe-me recapitular o que disse até agora. Este caminho não é psicoterapia , nem é um caminho espiritual no sentido comum da palavra ; mas , ao mesmo tempo , ele é ambas as duas realidades. Será útil levar em conta os pontos que seguem se você estiver considerando a possibilidade de iniciar esta jornada.

COMO ENCONTRAR O SEU VERDADEIRO EU
Ao longo deste caminho , você inicia uma jornada que o introduz no novo território do seu universo interior. Quer você tenha passado por análise terapêutica – satisfatória e bem-sucedida ou não – quer esteja perturbado e precise de ajuda para viver sua vida de modo pleno , ainda assim , e por bastante tempo , você precisará prestar atenção principalmente àquelas suas áreas interiores que são negativas , destrutivas e que estão equivocadas. Você pode não gostar de fazer isso , mas se realmente deseja encontrar o seu verdadeiro eu , o âmago do seu ser do qual brota todo o bem , este enfoque se faz imprescindível.
“Quanto tempo durará ?”, você pode perguntar. Isto depende do seu próprio estado mental ou sentimental e da manifestação da sua vida exterior. Quando suas negatividades interiores forem superadas , este novo estado se expressará por si mesmo em sua vida : não haverá nenhuma dúvida. Seu caminho conduzi-lo-á organicamente a interesses e enfoques diferentes. A meta deste caminho não é curá-lo de alguma doença mental ou emocional , embora possa fazer isso muito bem e o fará se você fizer o trabalho. Mas você não deve iniciar esse caminho com essa finalidade em mente.
Não entre nesse caminho se espera que ele o fará esquecer sua tristeza e dor ou que lhe permitirá encobrir os aspectos de sua personalidade que você menos aprecia ou mesmo que rejeita cabalmente. Sua rejeição pode não ser “neurótica”. Você pode estar certo em rejeitar esses aspectos , mas não está certo em acreditar-se desesperançadamente mau devido a eles. Assim , este caminho deve ensinar-lhe a enfrentar tudo o que esteja em você , porque , só quando fizer isso poderá verdadeiramente amar a você mesmo. É só então que poderá encontrar sua essência e seu verdadeiro Eu divino. Se quiser encontrar sua essência , mas se recusar a encarar o que está em você , então este caminho aqui indicado não é o seu caminho.
Não há como negar que a expansão da consciência de uma mente limitada é tarefa tremendamente difícil , porque todos os seres humanos dispõem apenas de uma mente limitada quando começam. Esta mente limitada deve transcender a si mesma para poder exercer sua força e realizar seu escopo limitado. Por isso, este caminho exige constantemente que sua mente transponha o abismo de suas próprias limitações pela consideração de novas possibilidades e pela acolhida de outras alternativas para o eu , para a vida e para a expansão do eu na vida.
Não se engane : este não é um caminho fácil. Mas a dificuldade não é incontornável nem insuperável. Ela existe apenas enquanto a personalidade tem interesse em evitar aspectos do eu. Quando você assume o compromisso de ser verdadeiro com o eu , a dificuldade se dissipa. E o que inicialmente parecia uma dificuldade , agora passa a tornar-se um desafio , uma jornada excitante , um processo que torna a vida tão intensamente real e plena , tão segura e plenificadora , que você não desejará renunciar a ela por nada neste mundo. Em outras palavras , a dificuldade existe exclusivamente na falsa crença de que se você tem uma certa atitude negativa , então tudo em você é mau. Tal crença faz com que seja difícil ou mesmo impossível encarar o eu. Daí ser necessário descobrir as crenças subjacentes a qualquer resistência forte de enfrentar as áreas sombrias do eu.
Este caminho exige de você o que a maioria das pessoas não tem a menor disponibilidade de dar : lealdade para com o eu , revelação do que existe agora , eliminação de máscaras e dissimulações e a experiência da própria vulnerabilidade. É uma exigência rigorosa , mas é a única que leva à paz e à plenitude autênticas. Uma vez comprometido com ela , porém , não é mais uma exigência rigorosa , mas um processo orgânico e natural.

A POSITIVIDADE E A NEGATIVIDADE SÃO UMA ÚNICA CORRENTE DE ENERGIA
Este caminho é simultaneamente o mais difícil e o mais fácil. Tudo depende apenas de que perspectiva você o observa e decide experimentá-lo . A dificuldade pode ser medida em termos da veracidade para com você mesmo. Dependendo do quanto você deseja a verdade , o caminho não parecerá difícil demais nem dará a impressão de tratar “ em demasia o lado negativo de vida e do eu “ , nas palavras de alguns críticos. Porque , na essência , o negativo é o positivo. Negativo e positivo não são dois aspectos de energia e consciência : são uma única e mesma energia. Qualquer partícula de energia e consciência em seu eu que se tenha tornado negativa deve ser novamente transformada em seu modo positivo original de ser. Isto não pode ser feito sem que você assuma a responsabilidade plena pela negatividade presente em você.
A relutância em ser autêntico consigo mesmo aplica-se até mesmo às pessoas mais honestas. Uma pessoa pode ser notada por sua honestidade e integridade num nível , e todavia podem existir níveis mais profundos onde isso não ocorre. Este caminho conduz aos níveis mais sutis , ainda ocultos , difíceis de apontar com precisão , mas que certamente são verificáveis.

“IMAGENS” OU CONCLUSÕES ERRÔNEAS
Concepções errôneas formam-se desde a infância nesses níveis ocultos e inconscientes. Essas percepções distorcidas da realidade continuam a influenciar o comportamento do adulto. Elas se desenvolvem e terminam por se tornar conclusões firmemente arraigadas a respeito da vida , às quais gosto de chamar de “imagens” , porque formam padrões rígidos como que encravados na substância da alma.
Uma imagem é feita de concepções errôneas , de sentimentos distorcidos e de bloqueios físicos. Uma conclusão tirada de uma percepção distorcida é uma conclusão errônea ; portanto , as imagens são realmente conclusões errôneas sobre a natureza da realidade , tão firmemente impressas na psique de uma pessoa que se tornam sinais de controle do comportamento nas situações da vida. Uma pessoa pode ter várias imagens , mas subjacente a todas elas existe uma imagem principal , a qual constitui a chave relativa à atitude negativa básica concernente à vida.
Vou dar alguns exemplos. Uma imagem formada devido a uma situação específica na família da criança pode ser a de que a manifestação de emoções , especialmente as de sentimentos afetivos , é um sinal de fraqueza e faz com que a pessoa termine magoada. Embora essa seja uma imagem pessoal , ela pode ser reforçada pela imagem de massa social que preconiza que a demonstração e a expressão física de sentimentos afetivos , especialmente para o sexo masculino , não são próprias de um homem e demonstram fraqueza porque denotam perda de controle. Em qualquer situação em que poderia abrir-se emocionalmente , um indivíduo com essa imagem irá sempre obedecer ao sinal das imagens em vez de responder à situação real ou à outra pessoa espontaneamente , o que seria a resposta positiva , afirmadora da vida. Seu modo de agir com relação aos outros também será tal que eles reagirão negativamente e confirmarão a sua falsa crença. Assim agindo , esse indivíduo se priva do prazer e comprime o fluxo de força da vida , criando tensões interiores e alimentando ainda mais a sua imagem. Criam-se desse modo padrões compulsivos negativos ou círculos viciosos que se autoperpetuam.
Outro exemplo : a menina ainda bebê chora porque está com fome , mas a mãe não a atende. Por outro lado , quando ela não chora , a mãe chega e a alimenta. Assim, a criancinha conclui que se ela expressa sua necessidade , não será ouvida , mas se não o fizer , receberá atenção. A conclusão a que chega , então , é esta : “Para satisfazer minhas necessidades , não devo demonstrar que tenho necessidades.“ Com essa mãe em particular , a não-expressão de uma necessidade talvez tenha funcionado realmente por algum tempo , mas , obviamente , uma atitude dessas , com o passar dos anos , irá produzir exatamente o resultado oposto. Uma vez que ninguém saberá que essa mulher tem qualquer necessidade específica , ninguém a preencherá. Entretanto , dado que ela desconhece totalmente sua “imagem” , isto é , a conclusão errônea a respeito da manifestação das necessidades , porque há muito tempo se instalou em seu inconsciente , ela passará pela vida expondo suas necessidades cada vez menos , na esperança de que finalmente alguém a recompense por ser tão despretensiosa , e não entendendo por que não se sente realizada. Ela não sabe que é seu comportamento que faz com que a vida confirme sua crença errônea. Com efeito , as imagens têm um poder magnético.
As conclusões errôneas que formam uma imagem são tiradas em estado de ignorância ou de conhecimento incompleto  e , portanto , não podem permanecer na mente consciente : e poderiam , inclusive , provir de encarnações anteriores. À medida que a criança cresce , seu conhecimento intelectual obtido mais recentemente entra em contradição com o “conhecimento” emocional antigo. A pessoa vai abafando o conhecimento emocional até que ele desapareça da visão consciente. Porém , quanto mais o conhecimento emocional é asfixiado , mais forte se torna. Assim , essas imagens inconscientes limitam o desenvolvimento do potencial da pessoa. Um grande esforço consciente deve , portanto , ser feito para levar essas imagens à consciência e para aprender a neutralizar sua força.
Para descobrir se imagens inconscientes desse tipo existem em você num nível mais profundo , você pode usar uma chave infalível que lhe dará respostas irrefutáveis. Essa chave é : Como você se sente com relação a si mesmo e a sua vida ? Até que ponto sua vida tem sentido , é plena e rica ? Você se sente seguro com os outros ? Você se sente à vontade com relação a seu eu mais íntimo na presença de outros , ou pelo menos com certas pessoas com quem você tem alguns objetivos em comum ? Quanta alegria você é capaz de sentir , de dar e de receber ? Você é atormentado por ressentimentos , ansiedade e tensão ou pela solidão e por uma sensação de isolamento ? Você precisa de superatividade para aliviar a sua ansiedade ? Na verdade , o fato de não sentir-se ansioso conscientemente não prova que você não tenha ansiedade. Muitos iniciam a caminhada sem consciência de sua ansiedade , mas se sentem estagnados , entorpecidos , apáticos e paralisados. Este pode ser um sinal de que a ansiedade foi superada por um processo amortecedor artificial. Este caminho não pode omitir a fase de levá-lo antes a sentir sua ansiedade e depois a sentir tudo o que a ansiedade esconde. É só então que a verdadeira sensação de viver começa a se manifestar.
O ânimo , o entusiasmo , a alegria e a fusão única de excitação e paz e que resultam em plenitude espiritual são resultado da verdade interior. Quando esses estados estão ausentes , é sinal que está ausente a verdade. A coisa é muito simples, meus amigos.
Por isso, se você está preparado para iniciar a jornada para dentro de você mesmo para descobrir , reconhecer e extrair o que estiver em você , se você tem condições de reunir toda sua verdade interior e todo o seu compromisso para com a jornada , se você encontrar a coragem e a humildade para não parecer outro que não você mesmo , e isso aos seus próprios olhos , então você tem todo o direito de esperar que este caminho o ajude a realizar plenamente a sua vida e a satisfazer seus anseios de todos os modos concebíveis. Esta é uma esperança realista. Você perceberá cada vez mais que é isso que acontece.

PROGRESSO NO CAMINHO
Pouco a pouco você começará a agir do seu centro mais íntimo , o que é uma experiência bem diferente daquela de atuar a partir da periferia. No momento , você está tão acostumado a esta última situação que não consegue sequer imaginar como poderia ser de outro modo. Agora você depende constantemente do que acontece ao seu redor. Você depende da consideração e da aprovação dos outros , de ser amado e de ter sucesso segundo os critérios do mundo exterior. Quer esteja ciente disso ou não , você luta interiormente para garantir a obtenção de todo esse apoio externo para ter paz e realização.
Quando você age a partir do centro , a segurança e a satisfação brotam de uma fonte interior profunda. Não estou dizendo , porém , que quando isso acontece você está fadado a viver sem aprovação , sem apreciação , amor ou sucesso. Esta é outra concepção dualista errônea. Você pensa : “Ou vivo de acordo com o meu centro , e então devo privar-me de todo amor e reconhecimento dos outros e isolar-me , ou devo prescindir do meu eu interior porque não posso pretender uma vida tão solitária assim.” Na realidade , quando você se propõe a atuar a partir do centro deliberado do seu ser mais recôndito , você atrai toda a abundância da vida para você , mas não fica na dependência dela. Ela o enriquece e é a satisfação de uma necessidade legítima , mas não é a substância da vida. A substância está dentro de você.
Na vida saudável de todo ser humano deve haver troca , intimidade , comunicação , partilha , amor mútuo , prazer mútuo , o dar e o receber afeto pelo que faz. Mas há uma diferença enorme entre querer esse reconhecimento de uma maneira sadia e depender do reconhecimento exterior a ponto de tornar-se incapaz de viver sem ele o tempo todo. Neste último caso , o eu começa a sacrificar sua integridade de maneiras trágicas que custam cada vez mais. O eu verdadeiro é então traído e a busca de reconhecimento frustra a si mesma. Esse caminho dispõe de instrumentos para encontrar o seu centro , a realidade espiritual interior , profunda , e não uma fuga religiosa ilusória. Bem ao contrário , esse caminho é enormemente pragmático , porque a verdadeira vida espiritual nunca está em contradição com a vida prática na Terra. Deve haver harmonia entre esses dois aspectos do todo. Renunciar ao viver diário não é espiritualidade verdadeira. Na maioria dos casos , é simplesmente outro tipo de fuga. Para muitos , é mais fácil sacrificar algo e punir a si mesmos do que encarar e lidar com seus aspectos sombrios. A culpa por estes últimos é incessantemente expiada por autoprivações que supostamente se constituem em portas para o céu. Entretanto , essa culpa não pode ser eliminada a não ser que a personalidade se relacione diretamente com a escuridão interior. Nesse caso , o sacrifício e a privação se tornam não apenas desnecessários , mas até mesmo contraditórios para o verdadeiro desenvolvimento espiritual. O Universo é abundante em satisfações , prazer e felicidade : os seres humanos devem vivê-los , e não renunciar a eles. Nenhuma quantidade de renúncia extinguirá a culpa por evitar a purificação da alma.
Gostaria de mencionar outra característica específica dos bloqueios interiores que devem ser encarados para que possam ser transcendidos. É necessário primeiro compreender que todos os pensamentos e sentimentos são agentes poderosos de energia criadora. É irrelevante se os pensamentos são verdadeiros e sensatos ou falsos e limitados , e se os sentimentos são amorosos ou odiosos , raivosos ou benignos , de medo ou de tranqüilidade : sua energia cria de acordo com a natureza deles. Pensamentos e opiniões criam sentimentos , e ambos criam atitudes , comportamentos e emanações que , por sua vez , criam circunstâncias da vida. Devemos nos relacionar com essas sequências , compreendê-las e reconhecê-las plenamente. Este é um aspecto essencial no caminho.
O medo que você tem de seus sentimentos negativos é injustificado. Os sentimentos em si mesmos não são terríveis nem insuportáveis. Entretanto , suas crenças e atitudes podem transformá-los nisso. Os que seguem este caminho comprovam este processo constantemente , porque descobrem que a dor mais profunda é uma experiência revivificadora. Ela libera energia contraída e a criatividade entorpecida. Ela possibilita às pessoas sentirem prazer na medida em que elas estão dispostas a sentir dor.
O mesmo se aplica ao medo. Sentir o medo em si não é algo arrasador : uma vez experimentado , o medo instantaneamente se torna um túnel pelo qual você passa , não liberando a sensação de medo até que ela o leve a um nível de realidade mais profundo. O medo é uma negação de outros sentimentos. Quando o sentimento original é aceito e vivenciado , o nó se desfaz. Assim , nunca é o sentimento em si que é insuportável : é a sua atitude que pode torná-lo tal.
O medo dos seus sentimentos faz com que você se afaste deles. Assim , você se separa da vida. Seu centro espiritual não pode se desenvolver , se manifestar e se unir a seu ego a menos que você aprenda a acolher plenamente todos os seus sentimentos , a deixar-se conduzir por eles e assumir responsabilidades por eles. Se responsabilizar os outros por seus sentimentos , você estará em dificuldades porque você ou os negará ou os exteriorizará de modo destrutivo contra os outros. Nenhuma dessas alternativas é desejável e nenhuma delas pode trazer qualquer solução.

A LIBERAÇÃO DO EU ESPIRITUAL
Seu eu espiritual não pode ser liberado se você não aprender a viver todos os seus sentimentos e se não aceitar cada parte do seu ser , por mais destrutiva que possa ser agora. Por mais negativa , mesquinha , fútil ou egoísta que alguma parte de sua personalidade possa ser – em contraste com outras , mais desenvolvidas – é absolutamente necessário que todos os aspectos do seu ser sejam aceitos e trabalhados. Nenhum aspecto deve ser omitido ou encoberto na esperança presunçosa de que não interessará e de que de algum modo se dissipará. Mas , na verdade , interessará. Nada do que está em você é desprovido de força. Por mais recôndito que um aspecto sombrio possa estar , ele cria condições de vida que você deve deplorar. Este é um dos motivos pelos quais você deve aprender a aceitar os aspectos negativamente criativos em você. Outro motivo é que por mais destrutivo , cruel e mau que possa ser , cada aspecto de energia e consciência é ao mesmo tempo belo e positivo em sua essência original. As distorções devem ser novamente transformadas em sua essência original. A energia e a consciência terão condições de tornar-se novamente fatores positivos de criação somente quando a luz do conhecimento e a intencionalidade positiva se concentrarem sobre elas. Se você não fizer isso , não poderá penetrar em seu âmago criador.

DEIXANDO DE LADO AS ILUSÕES
Basicamente , o caminho é este. A grande dificuldade é que você se agarra às ilusões de como é , de como deveria ser , e de que não deveria ter certos problemas. A menos que se desvencilhe dessas ilusões e leve em consideração tudo o que está em seu interior , você continuará alienado de sua própria essência espiritual. Essa essência se auto-renova constantemente ; está continuamente conciliando conflitos aparentemente insolúveis. Sua essência espiritual lhe fornece tudo o que você precisa para viver e para cumprir a missão que lhe foi destinada por nascimento. É seu centro divino. Assim , você é expressão de tudo o que existe – o todo-consciência. Enquanto você permanecer desligado desse centro por medo de renunciar à sua vaidade , seu anseio não terá condições de ser satisfeito , pois não há panacéia que possa lhe dar o que você precisa e justamente deseja sem tornar o caminho que o conduza na direção de suas próprias trevas e através delas. Práticas espirituais por si sós não têm condições de satisfazer seu anseio , independentemente do tempo que você permanecer sentado em meditação e concentração. A meditação e a visualização criativa , entretanto , podem ser instrumentos muito adequados quando usados em conjunto com a autoconfrontação.
Poucas , muito poucas pessoas nesta Terra desejam comprometer-se com o tipo de caminho que acabo de descrever-lhes. Mas, para aqueles que têm coragem de prosseguir , inarredável e pacientemente , informamos que glória os aguarda em seu centro mais íntimo !

A VIDA PERMEADA PELO ESPÍRITO
O caminho é maravilhoso quando você ultrapassa os estágios iniciais nos quais lutas contra as suas próprias idéias falsas que sempre criam duas alternativas inaceitáveis. Quando o caminho se abre a partir do seu interior , você passa a experimentar , talvez pela primeira vez na vida , seu próprio potencial de ser , sua própria divindade. Você passa a sentir seu potencial para o prazer e para a segurança , a consciência de si mesmo e dos outros , e portanto seu poder infinitamente maior de se relacionar com os outros , compreendê-los e ficar com eles sem temê-los.
A decisão inicial de comprometer-se com um caminho como este deve ser tomada realisticamente , para que possa funcionar. Você está disposto a deixar de lado as ilusões sobre si mesmo e sobre suas expectativas – que procedem da sua resistência em deixar de se enganar a si mesmo – do que os outros deveriam fazer por você ? Você está disposto a livrar-se de seus falsos medos de quais sentimentos deveria ou não deveria , poderia ou não experimentar ? Se você se comprometer consigo mesmo a aceitar-se totalmente como é agora e a continuar a tentar conhecer os aspectos seus que ainda não conhece , você descobrirá que está diante da mais excitante e significativa jornada para seu mundo interior. Você terá toda a ajuda de que precisar , pois ninguém consegue empreender essa jornada sozinho. A ajuda lhe será dada ; ela chegará até você .
Quando seu centro espiritual começa a se manifestar, seu ego-consciência se integra com ele e você começa a ser “permeado” , por assim dizer , pelo espírito. Sua vida se transforma num fluxo espontâneo , suave.
Agora , para terminar , vamos falar um pouco de acontecimentos históricos. Por exemplo , na Idade Média  as pessoas eram aptas a expressar seus impulsos cruéis. Elas não eram capazes de separar-se suficientemente de seus impulsos para identificá-los , confessá-los e assumir responsabilidade por eles. Sentiam-se compelidas a dar vazão a eles e tornavam-se totalmente envolvidas por eles. Por isso , necessitavam de uma autoridade externa rigorosa para manter sua natureza inferior sempre sob observação. Só quando a personalidade humana tornou-se capaz de usar o autocontrole é que o passo evolutivo seguinte pôde ser dado. Esse controle rigoroso deve agora ser afrouxado.
Em outros tempos , a pessoa comum estava muito distante do seu íntimo para buscar a vida espiritual a partir de dentro ; esse íntimo precisava ser projetado para fora. Essa incapacidade de assumir responsabilidade pelo eu levava então à criação de um demônio externo que poderia possuir um indivíduo e de um Criador externo que poderia ajudar.
Agora tudo isso mudou. Por exemplo , hoje , o maior obstáculo da humanidade é o orgulho egoísta. As pessoas conseguiram realizar muitas coisas com o poder do ego. Elas precisavam desenvolver esses poderes para não continuarem por muito mais tempo como crianças desamparadas e irresponsáveis. Mas esses poderes devem agora ser exercidos a partir de dentro pelo próprio centro espiritual e não ser atribuídos ao ego. O orgulho do ego torna isso difícil. Surgem perguntas como estas : “O que os outros vão dizer ? Vão achar que sou ingênuo , tolo , ou empírico ?” Hoje , é tarefa de todos superar esse orgulho e essa dependência em relação à opinião dos outros. Com quanta freqüência as pessoas traem sua verdade espiritual expressando o que supõem ser inteligente sem nem sequer deixarem que o seu Eu divino as inspire ! Estes são os critérios para o caminho atualmente.
Cada estágio da evolução da consciência espiritual requer um enfoque diferente. Há uma exceção , todavia. Em todas as épocas , sempre houve uma pequena minoria de pessoas que desenvolveram além do nível da pessoa comum. Para elas , o caminho foi sempre o mesmo. Essa poucas pessoas formavam sociedades desconhecidas e nada populares. Um grupo como o de vocês pode também não ser um movimento popular , porque mesmo hoje há muito poucas pessoas capazes ou desejosas de seguir um caminho como este. Mas certamente há muitos mais hoje que poderiam fazer isso do que em tempos anteriores ; muitos poderiam , mas poucos o farão.

“QUANDO O ESFORÇO É OFERTADO AO ALTO , O CAOS NÃO PREVALECE E A MUDANÇA É IMEDIATA.”
“OFERTA À LEI MAIOR O QUE TENS DE MELHOR E NÃO ACOMPANHES A BARCA QUE ESTÁ INDO A PIQUE.”
“A MAIS TRAIÇOEIRA FORMA DE ESCRAVIDÃO É AQUELA EM QUE O PRISIONEIRO NÃO TEM CONSCIÊNCIA DAS SUAS CADEIAS.”
“A VIDA NESTE CICLO NÃO PRESSUPÕE QUE A PESSOA SEJA PERFEITA , MAS QUE SE CONCENTRE NO FOCO DA PRÓPRIA CONSCIÊNCIA.”
Observação – citações retiradas do livro IMPULSOS do autor TRIGUEIRINHO