sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

SOBRE A PERCEPÇÃO DOS NOSSOS DEFEITOS











Há muitas pessoas que pensam que com um certo número de meditações e alguma fórmula milagrosa farão com que todos os seus problemas terrenos desapareçam. Alguns dentre vocês talvez creiam que devotar uma certa quantidade de tempo e esforço para o seu desenvolvimento espiritual vá tomar muito tempo da sua luta diária pela sobrevivência ; pensam que pode não restar força suficiente para os seus esforços profissionais e portanto temem que as suas finanças venham a ser prejudicadas. Outros talvez acreditem que não lhes sobraria muito tempo para aproveitar a vida , e outras coisas semelhantes.
Essa maneira de pensar , porém , está muito errada por que o desenvolvimento espiritual , não é uma atividade a mais que você acrescenta simplesmente às outras atividades , diminuindo assim a força , o tempo , o esforço , e o entusiasmo que de outro modo estariam disponíveis para todos os outros deveres e prazeres. Na realidade é exatamente o contrário.
Este artigo tem a pretensão de lidar justamente com o fundamento da sua vida. Ele é o solo sobre o qual você caminha. Quando você decide segui-lo , simplesmente redireciona rumos da sua vida para diferentes canais. Depois de algum tempo , muito embora os seus principais problemas não desapareçam de um dia para o outro , essa atitude tem o efeito de despertar em você uma nova centelha de vida que lhe propicia força , argúcia , vitalidade e capacidade para gozar a vida como nunca antes , e que até agora lhe eram desconhecidas.
Dessa forma você terá um melhor desempenho na sua profissão ; você se beneficiará mais dos seus momentos de lazer ; em suma , tirará da vida mais prazer , ao passo que ela é ainda mais ou menos monótona para a maioria. Esses são os resultados que podemos esperar se você trabalhar espiritualmente do modo que estamos lhe mostrando. Eles não vão se tornar aparentes de imediato , mas só depois de um certo tempo , após algumas vitórias anteriores. Então você verá que este artigo vale a pena , mesmo considerado do seu ponto de vista egoísta e mesmo que os seus principais conflitos ainda não tenham desaparecido.
E isso se deve ao fato de que neste artigo , com o tempo , você verá onde em seus sentimentos , reações e pensamentos mais profundos , se não em seus atos , você violou muitas leis espirituais. Tal percepção vai torná-lo capaz de modificar gradualmente correntes internas e reações emocionais e isso libertará automaticamente um poder e uma força vital que antes estavam trancados ou bloqueados. Assim , nós não lhe prometemos um milagre que lhe será dado como uma recompensa do céu , mas mostramos a você de forma simples e lógica que este artigo não pode deixar de funcionar , porque ele é baseado na lei de causa e efeito , que opera de maneira bastante natural e impessoal.
Portanto , lhes pedimos que não considere a decisão de trilhar este artigo como alguma outra atividade da vida , como tomar aulas de alguma coisa , que poderiam roubar-lhe tempo e esforço que por sua vez seriam dedicados a outras atividades necessárias ou desejáveis. Antes , considerem-no como o alicerce da sua vida. Ele a transformará em um todo integrado pois , caso possa resolver os seus problemas e erros interiores , você necessariamente , no devido tempo , resolverá também os seus problemas exteriores.
Nesse mesmo diapasão , você obterá tanto mais de todas as boas coisas da vida – felicidade , alegria e prazer – se a sua alma se tornar saudável novamente , se as suas reações internas puderem conformar-se à lei espiritual ! Só então você será capaz de ser feliz. E quantas pessoas são capazes de encontrar a felicidade ? Muito poucas , pois só aqueles que abraçam a vida de todo o coração , sem medo , sem autopiedade , sem ter medo de serem feridas , seguem uma lei espiritual muito importante. E só aqueles que podem fazê-lo são capazes de experimentar a verdadeira felicidade.
Assim , tudo o que você fizer na vida terá mais sabor , mais consciência e mais centelha caso siga seu auto-conhecimento. Isso não tomará mais tempo que o razoável ,de acordo com as circunstâncias da sua vida. Todos vocês sem exceção são capazes , com um pouco de força de vontade , determinação e uma organização adequada da sua vida diária , de dedicar em média meia hora por dia ao seu desenvolvimento espiritual.
Você gasta tempo com o seu corpo físico , alimenta-o , repousa-o e o limpa ; certamente você não sente que isso tira alguma coisa dos seus outros deveres ou prazeres. Você tem como certo que é uma parte necessária e óbvia da sua vida. Contudo , quando surge a questão de fazer ou não o mesmo pela sua alma , então medos , dúvidas e questionamentos barram o seu caminho.
Mas eles não podem fazê-lo se você se der ao trabalho de pensar um pouco sobre o tema do desenvolvimento espiritual. Contudo , você não está pensando razoavelmente sobre ele porque não avalia essas dúvidas quanto ao seu próprio mérito. Você as tem porque é inspirado pelo seu eu inferior. Enquanto não reconhecer como esse eu inferior funciona , como ele se manifesta , e de que maneiras ardilosas ele se esconde por trás de desculpas fáceis , você não será capaz de dominá-lo.
Não são apenas aquelas características comumente chamadas faltas ou defeitos que são um obstáculo para você , e que portanto indiretamente fazem mal aos outros , mas também os seus medos , que não são geralmente considerados defeitos. Você não se dá conta de que os seus medos causam um grande dano , não apenas na sua própria vida , mas também na vida de outros. Eles também ocultam a sua luz de amor , compreensão e verdade. Por conseguinte , adotar novos métodos não é apenas uma questão de superar as suas fraquezas de caráter. A superação do seu medo é de igual importância , pois enquanto houver medo no seu coração , você causa dano a outras pessoas.
Mostraremos como você deve se portar para verdadeiramente iniciar este trabalho. Existem muitas maneiras e cada pessoa reage a elas de modo diferente. Porém , daremos algumas linhas mestras básicas para serem seguidas enquanto você traça os seus próprios planos.
Todos vocês sabem que obter o autoconhecimento é de suma importância. Mas , como isso pode ser feito ? O primeiro passo será pensar tão objetivamente quanto lhe for possível acerca de si mesmo , sobre todas as suas qualidades e todos os seus defeitos. Escreva uma lista , pois escrever ajuda a concentrar-se e condensar o que você descobriu até o momento. Isso irá evitar que perca de vista esse conhecimento. As palavras ali , preto no branco , podem lançar uma nova luz de compreensão e promover um pouco mais de desprendimento na sua consideração de si mesmo.
Mais tarde , quando tiver alcançado mais conhecimento a respeito de si mesmo e de suas tendências subconscientes , você será capaz de juntar certas peças do conhecimento adquirido antes , contanto que estejam expressas de maneira clara e concisa.

A LEI DA FRATERNIDADE
Depois de fazer isso conscienciosamente , o próximo passo é pedir a uma outra pessoa , alguém que o conheça muito bem , para dizer-lhe honestamente o que pensa a seu respeito. Eu sei que isso exige um pouco de coragem. Considere-o como o primeiro passo para superar um pouquinho o seu orgulho. Ao fazê-lo , você terá obtido uma vitória que já o livrará de uma pequena cadeia interna.
É muito importante não realizar esse trabalho completamente sozinho. Abrir realmente o seu coração a outra pessoa traz-lhe uma ajuda espiritual que não pode receber enquanto estiver só. Isso se deve à lei da fraternidade. Pois pessoas que estão sempre sozinhas , não importa o quanto trabalhem , o quanto leiam ou estudem , o quanto tentem ser honestas consigo mesmas , ficam trancadas numa espécie de vácuo que impede uma compreensão e avaliação de si mesmas , compreensão esta que flui automaticamente em seu interior quando podem abrir-se para outra alma. Permanecendo só você viola , de forma sutil , a lei da fraternidade.
Não se isolar exige uma certa dose de humildade que não se instala facilmente no princípio , mas que , depois de algum tempo , se torna uma segunda natureza. Em breve você será capaz de falar abertamente sobre as suas dificuldades , fraquezas e problemas , e de receber críticas. Isso , naturalmente , é igualmente saudável para a sua alma. Cada um de vocês que já tentou se abrir confirmará que o simples fato de discutir um problema que guardou para si mesmo , fará com que ele perca as suas proporções exageradas e alguns dos seus aspectos assustadores.
Ser você mesmo , como você é realmente , com pelo menos uma pessoa , com um mínimo de máscaras e defesas , é um excelente remédio. Ao mesmo tempo você oferece um ato de amor à outra pessoa , a quem você ajuda mais ao mostrar as suas próprias fraquezas humana do que tentando parecer superior. O seu parceiro fará o mesmo por você.
Assim , tente organizar isso com um amigo. Você verá após algum tempo como será útil e produtivo. Vai lhe dar algo sobre o que pensar ; vocês ajudarão um ao outro e aprenderão muito sobre fraternidade , humildade e compreensão desprendida.
Aconselhamos a procurar as pessoas que o conhecem realmente bem. Não importa em que acreditem , eles vão respeitá-lo pelo seu sincero esforço para melhorar , para aprender sobre os seus defeitos e para escutá-los. Você pode pedir de maneira certa , explicando-lhes que quatro olhos geralmente vêem melhor que dois e que você quer melhorar e não ficará magoado ou aborrecido com eles , mesmo que lhe digam algo que lhe pareça injusto.
E quando os seus amigos ou seus familiares realmente lhe disserem os seus defeitos , pense neles com calma. Alguém pode dizer algo que à primeira vista parecerá inteiramente injusto e doloroso para vocês. Você pode também , em todo caso , ficar ainda mais magoado se o que lhe disserem for verdade. Mesmo que você tenha a sincera convicção de que a crítica é uma injustiça , tente avaliá-la não obstante. Pode haver nela pelo menos uma mínima partícula de verdade ; a outra pessoa pode vê-lo apenas um pouco diferente ou vê-lo apenas em um nível superficial. Ela , ou ela ,pode não compreender totalmente o que jaz por sob o seu comportamento , o porquê de você reagir dessa maneira , e todos os complicados mecanismos do funcionamento da alma. Ele ou ela pode não escolher as palavras certas , mas a partícula de verdade no que é dito pode abrir uma nova porta de compreensão para você. Pode até ser algo inteiramente novo para você , porém com freqüência é necessário considerar a mesma falha ou traço a partir de novos ângulos , sob uma luz diferente , de modo a compreender os vários efeitos que o mesmo defeito , ou falha , pode ter sobre o mundo que o cerca. Se você tomar todas as falhas que começa a reconhecer cada vez mais claramente na sua meditação diária , e o seu desejo for verdadeiramente sincero , você terá iniciado da melhor forma possível.
Treine-se para observar as suas reações interiores quando lidar com o que há de desagradável dentro de si mesmo. Isso é de extrema importância. O tal eu inferior tende a resistir constantemente aos seus esforços. Aqui você tem uma maravilhosa oportunidade de observar o seu eu inferior enquanto ele age e reage. Observe-o como faria com uma outra pessoa ; mantenha-se um pouco menos envolvido com ele. Ponha um pouco mais de distância entre o seu poder de auto-observação e a reação do seu eu inferior , do seu ego , da sua mágoa , da sua vaidade , que se manifestam quando você lida com o lado desagradável da sua personalidade.
Ao reconhecer assim as suas próprias reações e compreendê-las , talvez encará-las com um pouco mais de humor , não se levando tão a sério nesse aspecto , você avançará um outro degrau da escada. Mas advertimos a não esperar que essa percepção nasça de um dia para o outro. Ela significa trabalho constante  e , depois de algum tempo de esforço diário , mesmo que seja por apenas por meia hora , você fará progressos. Chegará o ponto em que sentirá com muita clareza a distância entre o seu Eu Verdadeiro e o seu pequeno ego magoado , e você poderá levá-lo menos a sério , sem se envolver muito. Uma vez que você o tenha alcançado , abrir-se-á uma porta para ainda mais autocompreensão.
Assim , comece por fazer o seu próprio inventário de falhas. Após ter feito o seu melhor nesse aspecto , após ter perguntado também a alguém que conheça realmente bem os seus defeitos , compare com as observações dessa pessoa , ou pessoas , com suas próprias descobertas. Esses esforços são um maravilhoso começo para todos. Eles não serão em vão. Se você fizer algum trabalho de auto-observação todos os dias e meditar sobre as palavras relativas ao tema que estamos abordando agora , você certamente será bem-sucedido muito antes que resultados concretos possam manifestar-se na sua vida. Um sentimento de contentamento e paz profundos surgirá em você com uma freqüência muito maior.

OS TRÊS PRINCIPAIS DEFEITOS
Agora vamos mencionar os três principais defeitos do caráter humano. Esses três defeitos fundamentais , dos quais derivam direta ou indiretamente todas as várias limitações individuais , são a obstinação , o orgulho e o medo. É muito importante que você os perceba. Você pode não achar que o medo seja um defeito , mas estamos lhes dizendo que ele o é ; uma pessoa sem falhas não teria medo.
Todos vocês sabem que o oposto do medo é o amor , porém esse conhecimento em si mesmo não será suficiente para que compreenda por que o medo é um defeito. Primeiro você tem que entender que esses três defeitos são interligados. Dificilmente seria possível que você tivesse um ou dois desses defeitos sem o terceiro. O que pode ser possível , não obstante , é que , dos três , um ou dois sejam inconscientes , enquanto o terceiro é fortemente aparente , até para você mesmo.
Portanto , é muito importante que você escreva a sua revisão diária e confira as suas reações e tudo que tenha sentido durante o dia em resposta a incidentes que com freqüência parecem irrelevantes. Se você tentar formular concisamente umas das duas reações interiores desagradáveis , sempre chegará à conclusão que na maior parte das vezes existe um elemento de medo envolvido nela – medo de que talvez outras pessoas não façam o que você quer ou não reajam de acordo com o seu desejo. Em outras palavras , se existe uma forte obstinação , existe automaticamente o medo de que essa vontade não seja satisfeita ou de que o seu orgulho possa ser ferido. Se você não tivesse orgulho , você não teria que temer que ele pudesse ser ferido. Caso você não tivesse uma vontade obstinada , não teria que temer que ela não fosse satisfeita.
Se você começar a verificar as suas várias impressões ao longo do dia e as suas reações , poderá ver onde se insere o elemento medo e se ele está ligado com a obstinação e o orgulho , e em que medida. Então comece a observar essas suas reações internas e a analisá-las nestes termos sem tentar modificar-se imediatamente , porque o sentimentos não podem ser mudados por um simples ato de vontade , mas eles vão modificar-se se você aprender primeiro a observá-los.

REVISÃO DIÁRIA
A prática da revisão diária é uma poderosa ferramenta. Você não tem que estar muito avançado no autodesenvolvimento para realizá-la. Qualquer um pode fazê-lo. Tudo o que você precisa fazer é rever o seu dia e pensar em todos os eventos que , de alguma forma , causaram desarmonia. Mesmo que você não possa compreender o porquê , registre o incidente e o que você sentiu. Quando você o tiver feito por algum tempo , um padrão evoluirá. Pode ser que este ainda não lhe dê uma pista sobre o que está errado na sua formação interna , mas você verá pelo menos uma repetição que aponta para o fato de que deve haver algo em você que está causando a desarmonia.
Se eventos ou sentimentos infelizes se repetem constantemente , isso é uma pista para a sua própria alma. Essas ocorrências repetidas , junto com as suas reações a elas , podem variar de duas ou três maneiras , mas deve haver um problema básico subjacente que você pode aprender a reconhecer.
Isso não tomará mais que dez ou quinze minutos por dia , o que certamente deve ser possível para todos. Você não tem que escrever tudo o que perturbou o seu senso de harmonia no decorrer de um dia , mas apenas anotar algumas palavras-chaves. Ao fazê-lo regularmente , você conseguirá trazer o inconsciente à tona e descobrirá as suas tendências interiores. Depois de fazer isso por algum tempo , você irá , com toda certeza , reconhecer padrões definidos na sua vida , dos quais de outro modo não poderia ter consciência. Você reconhecerá esses padrões por meio de certos acontecimentos e ocorrências constantes da sua vida e da maneira que você reage a eles.
No momento , isso é tudo que você deve fazer. Não existe nenhum truque mágico em relação a isso. Depois que você tiver mantido uma revisão diária por algum tempo , leia todas as anotações e recorde os incidentes , juntamente com as suas reações. Veja se pode pelo menos pressentir um padrão. Pergunte a si mesmo : “Onde posso achar o ponto em mim mesmo no qual eu me desvio de alguma lei divina ?” Então comece a pensar nos seus vários defeitos , aqueles que você já tiver descoberto.
Compare e relacione esses padrões com a sua lista de falhas. Indague-se sobre quais são os seus sentimentos , o que querem realmente as suas correntes de desejo , e se esses sentimentos e correntes estão realmente de acordo com a lei divina. É só assim que você adquire o autoconhecimento que precisa e sem o qual você não pode alcançar a divindade que habita em você.

SHAUMBRA e NAMASTÊ !!!   

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

AS FORÇAS DO AMOR , DE EROS E DA SEXUALIDADE





\







Neste artigo vamos examinar três forças específicas do Universo : a força do amor , do modo como se manifesta entre os sexos , a força erótica e a força sexual. São três princípios ou forças notadamente diferentes que se manifestam de forma diversa em todos os planos , do mais elevado ao mais baixo. A humanidade sempre confundiu os três. De fato , é pouco sabido que existem três forças separadas e quais são as diferenças entre elas. Há tanta confusão a esse respeito , que será muito útil esclarecer esta questão.

O SIGNIFICADO ESPIRITUAL DA FORÇA ERÓTICA
A força erótica é uma das mais poderosas forças existentes e apresenta um certo momentum e impacto. Seu propósito é fazer a ponte entre o sexo e o amor , embora raramente o faça. Numa pessoa altamente desenvolvida do ponto de vista espiritual , a força erótica transporta a entidade da experiência erótica , que em si mesma é de curta duração , para um estado permanente de amor puro. No entanto , mesmo o momentum da força erótica transporta a alma só até ali , e não mais adiante. Ela está fadada a dissolver-se caso a personalidade não aprenda a amar , cultivando todas as qualidades e requisitos necessários para o verdadeiro amor. Só quando se aprende a amar é que a centelha da força continua viva. Em si mesma , sem amor , a força erótica se esgota. Este , naturalmente , é o problema do casamento. Como a maioria das pessoas é incapaz do amor puro , também é incapaz de atingir o casamento ideal.
Eros , sob muitos aspectos , assemelha-se ao amor. Ele traz à tona impulsos  que , de outra forma , o ser humano não sentiria : impulsos de altruísmo e afeto que a pessoa , anteriormente , talvez fosse incapaz de ter. É por isso que Eros tantas vezes é confundido com amor. Mas Eros é confundido com a mesma freqüência com o instinto sexual , que também se manifesta como um forte desejo.
Vamos mostrar qual o significado e a finalidade espiritual da força erótica , principalmente no que diz respeito à humanidade. Sem Eros , muitas pessoas jamais experimentariam o grande sentimento e a beleza contidos no amor verdadeiro. Elas jamais poderiam prová-lo , e o anseio de amar permaneceria profundamente enterrado em sua alma. Seu medo do amor seria mais forte que o desejo.
Eros é a experiência mais próxima do amor que o espírito não-desenvolvido pode ter. Ele eleva a alma , tirando-a da apatia , do mero contentamento e do estado vegetativo. Eros faz com que a alma se agite , buscando o exterior. Tomada por essa força , até a pessoa mais subdesenvolvida torna-se capaz de se superar. Até mesmo um criminoso tem durante algum tempo , pelo menos com relação a alguém , um sentimento de bondade que jamais conhecera. Enquanto dura esse sentimento , o egoísta rematado tem impulsos altruístas. Os acomodados saem da inércia. Com naturalidade e sem esforço , o escravo da rotina livra-se dos hábitos fixos.
A força erótica faz com que a pessoa fique num plano acima da separação , mesmo que seja por um curto período. Eros proporciona à alma o antegozo da união , que a psique , com medo , passa a desejar. Quanto mais forte a experiência de Eros , menos satisfação encontra a alma na pseudosegurança da separação. Até a pessoa sob outros aspectos totalmente concentrada em si mesma , é capaz de fazer um sacrifício durante sua experiência de Eros. Portanto , vocês vêem que Eros capacita a pessoa a fazer coisas para as quais normalmente ela não tem inclinação ; coisas estreitamente associadas ao amor. É fácil entender por que Eros tantas vezes é confundido com o amor.

A DIFERENÇA ENTRE EROS E O AMOR
No que , então , Eros difere do amor ? O amor é um estado permanente da alma ; Eros , não. O amor só pode existir se o seu alicerce for preparado por meio do desenvolvimento e da purificação. O amor não vai e vem ao acaso ; Eros , sim. Eros atinge com força súbita , muitas vezes pegando a pessoa desprevenida e até mesmo não predisposta a passar pela experiência. Só quando a alma está pronta para amar e já construiu o alicerce do amor é que Eros se torna a ponte para o amor manifesto entre o casal.
Assim , pode-se ver como é importante a força erótica. Sem que ela atinja e tire vocês da rotina , muitos seres humanos jamais estariam prontos para procurar , com mais consciência , derrubar as barreiras que os separam. A experiência erótica lança na alma uma semente e faz com que ela anseie pela unidade , que é a grande meta no plano da salvação. Enquanto a alma está separada , o quinhão que lhe cabe é o isolamento e a infelicidade. A experiência erótica permite que a personalidade anseie pela união com pelo menos um outro ser. Nas alturas do mundo espiritual , existe união entre todos os seres – e , assim , com o Criador. Na esfera terrena , a força erótica é uma força propulsora , independentemente de o seu verdadeiro significado ser ou não entendido. Isso acontece mesmo que frequentemente ela seja mal usada e desfrutada em si mesma , enquanto dura. Ela não é utilizada para cultivar o amor na alma , e por isso fenece. Não obstante , seu efeito permanece inevitavelmente na alma.

O MEDO DE EROS E O MEDO DO AMOR
Eros sobrevém subitamente em determinados estágios da vida , mesmo para os que receiam o aparente risco que significa aventurar-se e sair da separação. As pessoas que têm medo das próprias emoções e da vida como tal , muitas vezes fazem tudo o que podem para evitar – de modo inconsciente e ignorante – a grande experiência da unidade. Embora esse medo esteja presente em muitos seres humanos , muito poucos não tiveram a experiência de certa inclinação da alma , permitindo um contato com Eros. Para a alma dominada pelo medo , que resiste à experiência , este é um bom remédio , apesar da mágoa e da perda que podem se seguir por causa de outras complicações psicológicas. No entanto , também existem pessoas excessivamente emotivas que , embora possam ter outros medos na vida , não receiam esta experiência em especial. De fato , a beleza desta experiência exerce forte atração sobre essas pessoas , que a buscam avidamente. Voltam-se para uma série de indivíduos , pois , do ponto de vista emocional , são ignorantes demais para entender o profundo significado de Eros. Não se dispõem a aprender o amor puro  ; simplesmente usam a força erótica para o prazer e , quando este se esgota , buscam-no em outra parte. Trata-se de um abuso , que não pode prosseguir sem más conseqüências. Uma pessoa desse tipo precisará corrigir o abuso – mesmo quando cometido por ignorância. Da mesma forma , o covarde , o medroso demais , precisará compensar a tentativa de fraudar a vida , escondendo-se de Eros e , assim , negando à alma um remédio valioso , desde que usado corretamente. A maioria das pessoas dessa categoria tem na alma um ponto vulnerável que permite a entrada de Eros.
Também existe um pequeno número de pessoas que cercaram a alma com uma barreira tão sólida de medo e orgulho , que evitam inteiramente esse aspecto da experiência de vida  e , dessa forma , prejudicam o próprio desenvolvimento. O medo pode existir porque , numa vida anterior , houve experiências infelizes com Eros , ou talvez porque a alma ávida abusou da beleza da força erótica , sem transformá-la em amor. Em qualquer um dos casos , a personalidade pode ter decidido ser mais cautelosa. Se essa decisão for radical demais ou severa demais , virá em seguida o extremo oposto. Na próxima encarnação , serão escolhidas circunstâncias propícias ao equilíbrio , até a alma atingir um estado harmonioso em que não haja mais extremos. Esse equilíbrio em encarnações futuras sempre se aplica a todos os aspectos da personalidade. Para chegar pelo menos perto da harmonia , é preciso conseguir o devido equilíbrio entre razão , emoção e vontade.
A experiência erótica muitas vezes se combina com o impulso sexual , mas nem sempre precisa ser assim. Essas três forças – amor , Eros e sexualidade – muitas vezes aparecem totalmente separadas , enquanto às vezes duas delas se combinam , como Eros e sexualidade , ou Eros e  amor , na medida em que a alma é capaz de amor , ou de sexualidade e aparência de amor. Somente nos casos ideais essas três forças se combinam harmoniosamente.

A FORÇA SEXUAL
A força sexual é a força criadora em qualquer plano de existência. Nas esferas superiores , essa mesma força cria a vida espiritual , as idéias espirituais , os conceitos e princípios espirituais. Nos planos inferiores , a força sexual pura e não espiritualizada cria a vida à medida que ela se manifesta nessa esfera em especial ; cria a casca exterior , ou o veículo da entidade destinada a viver naquela esfera.
A força sexual pura é totalmente egoísta. O sexo sem Eros e sem amor é chamado de animalesco. O sexo puro existe em todas as criaturas vivas : nos animais , nas plantas e os minerais. Eros começa com o estágio de desenvolvimento em que a alma encarna como ser humano. E o amor puro é encontrado nos reinos espirituais superiores. Isto não significa que Eros e sexo não existem nos seres de desenvolvimento superior , mas sim que os três se misturam harmoniosamente , são aprimorados e tornam-se cada vez menos egoístas. Também não quero dizer que o ser humano não deva tentar conseguir uma mistura harmoniosa dessas três forças.
Em casos raros , Eros sozinho , sem sexo e sem amor , existe por um período limitado. Este fenômeno é comumente denominado amor platônico. No entanto , mais cedo ou mias tarde , Eros e sexo se fundem na pessoa razoavelmente saudável. A força sexual , em vez de ser eliminada , é incorporada à força erótica , e ambas fluem em uma só corrente. Quanto mais as três forças permanecem separadas , menos saudável é a personalidade.
Outra combinação freqüente , principalmente em relacionamentos prolongados , é a coexistência do autêntico amor com sexo, mas sem Eros. Embora o amor não possa ser perfeito se não houver uma combinação das três forças , existe certa dose de afeto , companheirismo , amizade , respeito mútuo e um relacionamento sexual apenas sexual , sem a centelha erótica que desapareceu há algum tempo. Quando Eros está ausente , o relacionamento sexual acaba sofrendo. Este é o problema da maioria dos casamentos. É difícil encontrar um ser humano que não fique desorientado diante da questão do que fazer para manter no relacionamento essa chama que parece fenecer à medida que se instala o hábito e a familiaridade com o outro. Talvez vocês não tenham enunciado a pergunta em termos de três forças distintas , mas sabem e sentem que falta no casamento alguma coisa que estava presente no início ; a chama é , na verdade , Eros. Vocês se vêem num círculo vicioso , achando que o casamento é uma proposta sem solução. Mas pode atingir um nível que pode ser considerado ideal.

A PARCERIA IDEAL DO AMOR
Na parceria amorosa ideal entre duas pessoas , é preciso que as três forças estejam representadas. Com o amor parece que vocês não têm muita dificuldade , pois na maioria dos casos as pessoas não se casam se não houver pelo menos a disposição de amar. Não vou discutir , a esta altura , os casos extremos em que isso não acontece. Estou examinando o relacionamento em que foi tomada uma decisão madura , e, no entanto , os parceiros não conseguem evitar a armadilha que os prende ao tempo e aos hábitos , porque o esquivo Eros desapareceu. Com o sexo , a questão é em grande parte igual. A força sexual está presente na maioria dos seres humanos saudáveis e só pode começar a declinar – principalmente nas mulheres – quando Eros se vai. Os homens , então , podem procurar Eros em outro lugar . Pois o relacionamento sexual acaba sofrendo se Eros não for mantido.
O que fazer para manter Eros ? Está é a grande questão. Eros só pode ser mantido se for usado como ponte para a verdadeira parceria amorosa , no sentido mais elevado. Como isso acontece ?

A BUSCA DA OUTRA ALMA
Primeiro , vamos examinar o principal elemento da força erótica. Ao analisá-lo , vocês descobrirão que é a aventura , a busca do conhecimento de outra alma. Esse desejo vive em todo espírito criado. A força vital inerente precisa , no fim , tirar a entidade de seu estado de separação. Eros fortalece a curiosidade pelo outro ser.  Enquanto houver algo de novo para descobrir na outra alma , e enquanto vocês se revelam. Eros vive. No momento em que vocês acreditam que descobriram tudo o que há para descobrir , e que revelaram tudo o que há para revelar. Eros parte. Com Eros , é simplesmente assim. Mas o grande erro é acreditar que há um limite para a revelação de qualquer alma , sua ou do outro. Quando se atinge determinado ponto de revelação , normalmente bastante superficial , vocês têm a impressão de que isso é tudo , e acomodam-se numa vida plácida , sem outras buscas.
Eros , com seu forte impacto , levou você até esse ponto. Mas daí em diante , a vontade de continuar buscando as profundezas sem limites do outro e , voluntariamente , revelar e expor a sua própria busca interior , determina se vocês usaram ou não o Eros como ponte para o amor – o que por seu turno , é sempre determinado pela vontade de aprender a amar. Só assim vocês manterão a chama de Eros no amor. Só assim vocês continuarão a descobrir o outro e a permitir que ele os descubra. Não há limite , pois a alma é infinita , é eterna : toda uma vida não seria suficiente para conhecê-la.
É impossível chegar a um ponto em que vocês conhecem totalmente a outra alma ou que ficam totalmente conhecidos. A alma é viva , e nada do que é vivo permanece estático. Ela tem a capacidade de revelar camadas ainda mais profundas. A alma também está em constante mudança e movimento ,como é da própria natureza de tudo o que é espiritual. Espírito significa vida , e vida significa mudança. Como a alma é espírito , ela jamais pode ser conhecida na sua totalidade. Se as pessoas fossem sábias , perceberiam esse fato e fariam do casamento a maravilhosa jornada de aventura que ele deve ser , em vez de se deixarem levar apenas até onde vai o impulso inicial de Eros. Vocês deveriam usar esse poderoso momentum de Eros como impulso inicial , e depois encontrar , por meio dele , o ímpeto para prosseguir por conta própria. Nesse momento , Eros se incorpora ao verdadeiro amor do casamento.

AS ARMADILHAS DO CASAMENTO
Por trás da instituição do casamento existe um propósito divino que não se limita à mera procriação. Esta é apenas um detalhe. A idéia espiritual do casamento é deixar que a alma se revele e se empenhe na busca constante do outro , para descobrir constantemente novos prismas do outro ser. Quanto mais isso acontece , mais feliz é o casamento , mais firmes e seguras serão as suas raízes , e menos sujeito ele fica a um final infeliz. Ele terá , então , preenchido sua finalidade espiritual.
Na prática , contudo , dificilmente o casamento funciona assim. Atinge-se determinado grau de familiaridade e conduta habitual , em que um acha que conhece o outro. Nem sequer ocorre ao parceiro que ele só conhece algumas facetas do outro , mas isso é tudo. Essa busca do outro , bem como da auto-revelação , exige atividade interior e vigilância. Mas como a inatividade interior é uma tentação freqüente , enquanto a atividade exterior pode ficar mais forte como forma de compensação , as pessoas são induzidas a mergulhar num estado de repouso , acalentando a ilusão de já conhecerem completamente o outro. Esta é a armadilha. No pior dos casos , é o começo do fim ; no melhor dos casos , é um acordo que deixa um atormentador desejo insatisfeito. A essa altura , o relacionamento passa a ser estático. Já não está vivo , mesmo que possa ter facetas muito agradáveis. O hábito é o grande sedutor que empurra para a acomodação e a inércia , para que não seja mais preciso se esforçar nem ficar atento.
O casal pode organizar um relacionamento aparentemente satisfatório que , com o passar dos anos , oferece duas possibilidades. A primeira é a insatisfação aberta e consciente de um ou dos dois parceiros. Pois a alma precisa lançar-se adiante , descobrir e ser descoberta , para que possa vencer a separação , a despeito do quanto o outro lado da personalidade receia a união e é tentado pela inércia. Essa insatisfação é consciente – embora , na maioria dos casos , sua verdadeira causa seja ignorada – ou inconsciente. Nas duas eventualidades , a insatisfação é mais forte que a tentação representada pelo conforto da inércia e da acomodação. O casamento , então , é desfeito , e um dos parceiros , ou ambos , se iludem acreditando que será diferente com um novo parceiro , principalmente se Eros tiver feito uma nova investida. Enquanto esse princípio não for compreendido , a pessoa pode passar de uma parceria para outra , sendo capaz de manter seus sentimentos apenas pelo tempo que Eros atua.
A segunda possibilidade é que a tentação de um simulacro de paz seja mais forte. Nesse caso , os parceiros podem continuar juntos e podem , sem dúvida , preencher alguma necessidade juntos , mas uma grande necessidade insatisfeita sempre fica rondando a alma. Como os homens , por natureza , são mais ativos e aventureiros , tendem para a poligamia e , portanto , são mais tentados pela infidelidade do que as mulheres. Assim , vocês podem entender qual é o motivo da inclinação dos homens à infidelidade. As mulheres tendem a ser muito mais acomodadas e , portanto , mais preparadas para um acordo. É por isso que tendem à monogamia. É claro que há exceções , nos dois sexos. Essa infidelidade muitas vezes é tão desconcertante para o parceiro ativo como para a “vítima”. Eles não se entendem. O parceiro infiel pode sofrer tanto quanto aquele cuja confiança foi traída.
Na situação em que o acordo é a solução escolhida , as duas pessoas caem na estagnação , pelo menos em um aspecto muito importante do desenvolvimento da alma. Elas se refugiam na reconfortante estabilidade do relacionamento. Podem até mesmo acreditar que são felizes , o que pode ser verdadeiro até certo ponto. As vantagens da amizade , do companheirismo , do respeito mútuo e a vida agradável da alma , e os parceiros podem ser suficientemente disciplinados para permanecerem fiéis um ao outro. Contudo , falta no relacionamento um elemento importante : a revelação de alma a alma na maior medida possível.

O VERDADEIRO CASAMENTO
Só quando duas pessoas fazem isso é que elas podem ser purificadas juntas  e , assim , ajudar uma à outra. Duas almas desenvolvidas podem satisfazer-se mutuamente através da revelação e da procura das camadas profundas da alma do outro. Dessa forma , o que está em cada uma das almas aflora à mente consciente , ocorrendo a purificação. A chama da vida , então , é mantida , para que o relacionamento nunca fique estagnado nem degenere num beco sem saída. Para vocês , que estão nesse caminho e seguem os vários passos desses ensinamentos , será mais fácil superar as armadilhas e os perigos do relacionamento conjugal e reparar os danos que ocorreram inadvertidamente.
Dessa forma , além de conservar Eros , essa vibrante força vital , vocês também a transformam em verdadeiro amor. Somente numa verdadeira parceria entre o amor e Eros é possível descobrir no parceiro novos níveis de existência até então despercebidos. E vocês mesmos também serão purificados , na medida em que puserem o orgulho de lado e se revelarem como realmente são. O relacionamento sempre será novo , a despeito do quanto acham que já conhecem o parceiro. Todas as máscaras caem por terra , e não apenas as superficiais , mas até mesmo as mais profundas , de cuja existência vocês poderiam não ter ciência. O amor , então , continuará vivo. Jamais será estático ; jamais irá estagnar. Vocês nunca precisarão buscá-lo em outro lugar. Existe tanto para ver e descobrir nesse território da outra alma escolhida , que vocês continuam a respeitar , mas da qual parece estar ausente a centelha vital que os uniu no passado. Vocês jamais precisarão ter medo de perder o amor do ser amado ; esse medo só é justificado para os que , juntos , se abstém de correr o risco da jornada de auto-revelação. Este , é o casamento na sua verdadeira acepção , e esta é a única forma em que ele pode ser a glória que deve ser.

A SEPARAÇÃO
Cada um de vocês deve refletir profundamente para ver se tem medo de deixar as quatro paredes do seu isolamento. Existem aquelas pessoas que não percebem que ficar separado é quase um desejo inconsciente. Com muitos de vocês , é isso o que ocorre : vocês querem o casamento , porque uma parte de vocês anseia por ele – e também porque não querem ficar sozinhos. Pode haver outras razões , bastante superficiais e vãs , para explicar o profundo anseio da alma. Mas , à parte esse anseio e à parte os motivos superficiais e egoístas do desejo insatisfeito da parceria , precisa haver também disposição para correr o risco da jornada e aventurar-se na auto-revelação. É preciso que vocês preencham uma parte integrante da vida – se não nesta vida , em vidas futuras.
Se você estiver sozinho , poderá , com esse conhecimento e com essa verdade , reparar o dano que causou à própria alma , abrigando conceitos errados no inconsciente. Talvez você descubra o medo de se lançar com o outro na aventura da grande jornada ,o que explicaria o fato de estar sozinho. Essa compreensão deve mostrar-se útil e pode até possibilitar uma mudança das emoções suficiente para mudar também sua vida externa. Depende de você. Quem não estiver disposto a correr o risco dessa grande aventura não pode ter êxito na maior felicidade que a humanidade conhece – o casamento.

A ESCOLHA DO PARCEIRO
Só quando vocês estiverem assim preparados poderão , diante do amor , da vida e do outro ser , conceder ao ser amado a maior das dádivas : o verdadeiro Eu. E , então , receberão inevitavelmente a mesma dádiva do ser amado. Mas , para isso , é preciso que exista certo grau de maturidade espiritual e emocional. Se essa maturidade estiver presente , vocês escolherão intuitivamente o parceiro certo , alguém que , em essência , tem a mesma maturidade e preparo para iniciar essa jornada. Cada um atrai magneticamente as pessoas e as situações que correspondem aos seus desejos e medos inconscientes. Vocês sabem disso.
A humanidade no seu todo está muito longe desse ideal do casamento de eus autênticos ; porém , isso não altera a idéia nem o ideal. Nesse ínterim , é preciso aprender a tirar o melhor partido da situação. Aqueles que , felizmente , já estão nesse caminho podem aprender muita coisa , independentemente do quanto já tenham avançado – mesmo que seja apenas o conhecimento da razão por que não conseguem concretizar a felicidade que uma parte da alma deseja. Descobrir esse fato já é um grande passo e permitirá que vocês , nesta vida ou em vidas futuras , cheguem mais perto da concretização dos seus anseios. Qualquer que seja  a situação em que se encontrem , estejam acompanhados ou sozinhos , sondem o coração : lá está a resposta ao conflito. A resposta precisa vir de dentro , e com toda a probabilidade está relacionada com o medo , com o despreparo e com a ignorância dos fatos. Procurem e vocês saberão. Saibam que o propósito do Criador para a parceria do amor é a completa revelação mútua entre duas almas – e não uma revelação parcial.
Para muitos , a revelação física é fácil. Emocionalmente , a abertura vai até certo ponto – em geral , até onde Eros leva. Mas , então , vocês fecham a porta , e nesse momento começam os problemas.
Muitos não estão dispostos a revelar coisa alguma. Querem continuar sozinhos e distantes. Não querem passar pela experiência de se revelarem , de descobrir a alma do outro. Evitam fazê-lo de todas as formas a seu alcance.

EROS COMO PONTE
Procurem entender como é importante o princípio erótico na esfera em que vocês vivem. Ele ajuda muitos que podem estar relutantes e despreparados para a experiência do amor. É o que vocês chamam de “apaixonar-se” , “ter um romance”. Por meio de Eros , a personalidade experimenta uma amostra do que poderia ser o amor ideal. Como eu disse anteriormente , muitos usam esse sentimento de felicidade com descuido e avidez , não chegando a atravessar o limiar do verdadeiro amor. O verdadeiro amor exige muito mais das pessoas , no sentido espiritual. Se não satisfizerem essa exigência , elas não atingirão a meta pela qual a alma luta. Essa atitude extremada de sair à cata de romance é tão errada quanto a outra , em que nem mesmo a grande força de Eros pode passar pela porta cerrada. Mas , na maioria dos casos , quando a porta não está firmemente cerrada , Eros chega até vocês em determinados estágios da vida. O fato de conseguirem usar Eros como ponte para o amor depende de cada um. Depende do desenvolvimento , da disposição , da coragem , da humildade , da capacidade de se revelar.
Você poderia perguntar : quando eu falo sobre a revelação de uma alma para outra , está querendo dizer que , num plano superior , é assim que a alma se revela ao Criador ?
É a mesma coisa. Mas antes de poder verdadeiramente revelar-se ao Criador , você precisa aprender a revelar-se a outro ser humano que você ame. Ao fazê-lo , você também se revela ao Criador . Muitas pessoas querem começar revelando-se ao Criador pessoal. Entretanto , na verdade , no fundo de seu coração , essa revelação ao Criador não passa de um subterfúgio , pois é abstrata e remota. Nenhum ser humano pode ver ou ouvir o que elas revelam. Elas continuam sozinhas. Não é preciso fazer a única coisa que parece tão arriscada , que requer tanta humildade e , assim , ameaça ser humilhante. Ao se revelar ao outro ser humano , você realiza muita coisa que não pode ser realizada por meio da revelação ao Criador , que de qualquer forma já conhece você e , na verdade , não precisa da sua revelação.  
Quando você encontra e conhece outra alma , cumpre o seu destino. Quando você encontra outra alma , encontra também outra partícula do Criador e , se você revela a sua própria alma , revelará uma partícula do Criador e dará algo divino ao outro. Quando Eros vem ao seu encontro , ele o eleva bem alto , para que você sinta e saiba o que , no seu íntimo , anseia por essa experiência e o que é o seu verdadeiro Eu , que deseja revelar-se. Sem Eros , você tem ciência apenas das camadas externas acomodadas.
Não evite Eros , quando ele quiser ir ao seu encontro. Se você entender a idéia espiritual que está por trás dele , poderá usá-lo com sabedoria . Seu eu-Criador será capaz , então , de guiá-lo e capacitá-lo a ajudar da melhor forma a outro ser humano e a si mesmo , no caminho do verdadeiro amor , do qual a purificação deve ser parte integrante. Embora o seu trabalho de purificação por meio do relacionamento de compromisso profundo se manifeste de forma diferente do trabalho neste caminho , ele o ajudará a fazer uma purificação da mesma ordem.
Outra pergunta que poderia ser feita é sobre a poligamia : se ela está de acordo com a lei espiritual ou não.
Não , com certeza não está . Quando alguém acha que a poligamia pode estar de acordo com o esquema do desenvolvimento espiritual , trata-se de um subterfúgio. A personalidade está em busca do parceiro certo. Ou a pessoa é imatura demais para encontrar o parceiro certo , ou o parceiro certo está ali  e a pessoa polígama está simplesmente se deixando levar pelo momentum do Eros , sem jamais elevar essa força até o amor volitivo que exige superação e esforço para ultrapassar o limiar mencionado acima.
Em casos como esse , quem tem a personalidade “aventureira” está em constante busca , sempre encontrando outra parte do seu ser , sempre revelando-se apenas até certo ponto , e não mais , ou talvez revelando , a cada vez , outra faceta de sua personalidade. No entanto , quando se trata do núcleo interior , a porta está fechada. Eros , então , parte e começa uma nova busca. Cada ocasião é uma decepção que só pode ser entendida quando essas verdades são captadas.
O instinto sexual bruto também entra no anseio por essa grande jornada , mas a satisfação sexual começa a ser prejudicada quando o relacionamento não é mantido no nível que estou mostrando. Essa satisfação , de fato , é inexoravelmente de curta duração. Não existe riqueza em revelar-se a muitos. Nesses casos , ou a pessoa revela repetidamente as mesmas coisas para novos parceiros ou , como eu disse anteriormente , exibe diferentes facetas da sua personalidade . Quanto maior o número de parceiros com os quais você se divide , menos dá a cada um. Isso é inevitável. Não pode ser diferente.
Algumas pessoas acreditam que podem eliminar o sexo , Eros e o desejo por um parceiro , vivendo totalmente para o amor da humanidade. Então , vamos analisar : é possível um homem ou uma  mulher renunciarem a essa parte da vida ?
É possível , mas sem dúvida não é saudável , nem sincero . Eu poderia dizer que talvez exista uma pessoa em dez milhões que tenha uma tarefa dessas. Isso pode ser possível. Pode ser o karma de uma alma específica , que já desenvolveu até esse ponto , que já passou pela experiência da verdadeira parceria e veio para uma missão específica. Também pode haver algumas dívidas kármicas que precisam ser pagas. Na maioria dos casos – evitar a parceria não é saudável. É uma fuga. A verdadeira razão disso é o medo do amor , o medo da experiência de vida , mas a renúncia medrosa é racionalizada como sendo um sacrifício. Para qualquer pessoa que me procurasse com esse problema , eu diria “Examine-se melhor. Vá além das camadas superficiais do raciocínio e das explicações conscientes para a sua atitude a esse respeito. Tente descobrir se você tem medo do amor e da decepção. Não é mais confortável viver apenas para si e não ter dificuldades ? Não é isto , na verdade , o que você sente no fundo e quer disfarçar com outras razões ? O grande trabalho humanitário que você quer executar pode ser para uma causa realmente meritória , mas você acredita de fato que uma coisa exclui a outra ?  Não é muito mais provável que a grande tarefa que você reivindicou para si seria mais bem executada se você também aprendesse o amor pessoal ?”
Se todas essas perguntas fossem respondidas com sinceridade , a pessoa seria obrigada a ver do que está fugindo. O amor e o preenchimento pessoais são o destino da maioria dos homens e mulheres , pois há muita coisa que só pode ser aprendida por meio do amor pessoal , e não por algum outro meio. Formar um relacionamento sólido e durável pelo casamento é a maior vitória que um ser humano pode conquistar , pois é uma das coisas mais difíceis que existem , como bem se pode ver no seu mundo. Essa experiência de vida leva a alma mais perto do Criador do que as boas ações desinteressadas.
Também podemos pensar : o celibato é considerado uma forma altamente espiritualizada de desenvolvimento , de acordo com algumas seitas realizadas. Por outro lado , a poligamia também é admitida em algumas religiões – por exemplo entre os mórmons. O problema é como justificar essas atitudes por parte das pessoas que supostamente buscam a união com o Criador.
Há falhas humanas em todas as religiões . Em uma religião pode haver um tipo de erro ; em outras religiões , outro tipo. Aqui , temos dois extremos. Quando dogmas ou regras como essas passam a existir nas várias religiões , seja em um ou em outro extremo , trata-se sempre de uma racionalização , de um subterfúgio a que a alma individual constantemente ocorre. É uma tentativa de descartar , com boas motivações , as contracorrentes da alma com medo ou cobiçosa.
Há uma crença comum de que tudo o que diga respeito à sexualidade é pecaminoso. Não é assim. O instinto sexual já aparece no bebê. Quanto mais imatura for a criatura , tanto mais a sexualidade estará separada do amor , sendo , portanto , mais egoísta. Qualquer coisa sem amor é “pecaminosa” , se você quiser usar essa palavra. Nada que se associe ao amor é errado – ou pecaminoso.
Na criança em crescimento , naturalmente imatura , o impulso sexual a princípio se manifesta de modo egoísta. Apenas quando a personalidade como um todo cresce e amadurece harmoniosamente é que o sexo passa a integrar-se ao amor. Por ignorância , a humanidade acredita há muito tempo que o sexo , em si , é pecaminoso. Portanto , ele foi mantido oculto , e essa parte da personalidade não pode crescer. Nada que permaneça oculto pode crescer ; vocês sabem disso. Portanto , mesmo em muitos adultos , o sexo permanece infantil e apartado do amor. Isto , por sua vez , levou a humanidade a acreditar que a sexualidade é um pecado e que a pessoa verdadeiramente espiritualizada deve abster-se dele. Esta é a origem de um desses círculos viciosos frequentemente mencionados.
Graças a crença na natureza pecaminosa do sexo , esse instinto não pode crescer e fundir-se com a força do amor.
Consequentemente , o sexo , de fato , muitas vezes é egoísta , rude , animalesco e desprovido de amor. Se as pessoas percebessem – o que está começando a acontecer cada vez mais – que o instinto sexual é tão natural e originário do Criador como qualquer outra força universal e que , em si mesmo , não é mais pecaminoso que qualquer outra força existente , elas romperiam esse círculo vicioso , e mais seres humanos permitiriam que seu impulso sexual amadurecesse e se misturasse ao amor – e, aliás , também a Eros.
Há tantas pessoas para as quais o sexo é distinto do amor ! Elas não apenas ficam com a consciência pesada quando o impulso sexual se manifesta , como também se julgam incapazes de lidar com os sentimentos sexuais em relação à pessoa que realmente amam. Devido às condições distorcidas e ao círculo vicioso que acabamos de descrever , a humanidade acabou acreditando que não se pode encontrar o Criador quando se reage ao impulso sexual. Isto é totalmente errado ; não se pode matar algo que está vivo.  Só se pode esconder , de modo que ele virá à tona de outras formas , que podem ser muito mais prejudiciais. Só em raríssimos casos a força sexual é efetivamente sublimada de forma construtiva e faz com que essa criatividade se manifeste em outros planos . A verdadeira sublimação jamais pode acontecer quando é motivada pelo medo e usada como fuga.
Também podemos perguntar : como se encaixa nestes contexto , a amizade sincera entre duas pessoas ?
A amizade é amor fraternal. Ela também pode existir entre um homem e uma mulher. Eros pode querer se insinuar , mas a razão e a vontade mesmo assim podem determinar o rumo tomado pelos sentimentos. O discernimento e o saudável equilíbrio entre razão , emoção e vontade são necessários para impedir que os sentimentos se encaminhem para um canal inadequado.
Outra pergunta : o divórcio contraria a lei espiritual ?
Não necessariamente. Não temos regras fixas desse tipo. Há casos em que o divórcio é uma saída fácil , uma simples fuga. Em outros casos , o divórcio é razoável , porque a decisão de casar  foi imatura e os dois parceiros não têm vontade de cumprir com a responsabilidade do casamento no seu verdadeiro sentido. Se apenas um dos dois , ou nenhum deles , mostrar boa vontade , o divórcio é preferível a continuarem juntos , transformando o casamento numa farsa. A menos que ambos queiram empreender juntos esta jornada , é melhor romper do que deixar que um impeça o crescimento do outro. É claro que isso acontece . É melhor acabar com um erro do que persistir nele indefinidamente , sem encontrar um remédio eficaz.
A generalização de que o divórcio é sempre errado é tão incorreta quanto a afirmação de que ele é sempre certo. Não se deve , contudo , romper o casamento levianamente. Mesmo que este tenha sido um erro e não funcione , deve-se tentar descobrir as razões disso e fazer o possível para identificar , e talvez superar as turbulências do caminho , desde que as duas pessoas tenham boa vontade em todos os aspectos. Deve-se , certamente , agir com o maior empenho , mesmo que o casamento não seja a experiência ideal sobre o que foi falado neste artigo. Poucas pessoas estão suficientemente preparadas e amadurecidas para essa experiência. Vocês podem preparar-se tentando aproveitar da melhor forma os erros passados e aprender com eles.

SHAUMBRA e NAMASTÊ !!!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A COMPULSÃO DE RECRIAR E DE SUPERAR AS FERIDAS DA INFÂNCIA











A aplicação de uma Psicologia profunda é uma disciplina espiritual , porque é somente através do autoconhecimento que você pode purificar a sua alma , isto é , limpá-la dos padrões de autodestruição e deixá-la em condições de relacionar-se com o Eu Superior. A compulsão à repetição é bem conhecida em psicologia ; porém , aqui neste artigo a exposição é feita de forma mais clara a propósito desse fenômeno psicológico. Nossas experiências negativas repetidas estão ligadas não somente à nossa infância , mas também a encarnações anteriores. Com a ajuda deste artigo , podemos descobrir por que continuamos nos debatendo em nossas gaiolas de defesa e como podemos parar de fazer isso.

A FALTA DE UM AMOR MADURO
Pelo fato de que , como crianças , as pessoas raramente recebem amor maduro e afeto suficientes – e a menos que essa carência e feridas se tornem conscientes e sejam tratadas adequadamente – elas passam toda sua vida desejando preencher-se com esses sentimentos. Se não tomarem medidas definitivas , como adultos , passarão pela vida clamando inconscientemente pelo que não tiveram na infância. Isto a tornará incapazes de amar com maturidade. Você pode ver como essa condição se transmite de geração em geração.
O remédio não pode ser encontrado apenas desejando-se que as coisas sejam diferentes do que são e que as pessoas aprendam a praticar o amor maduro. O remédio está única e exclusivamente em você. É verdade que seus pais lhe deram esse amor maduro , você provavelmente não tem esse problema , do qual não está real e verdadeiramente consciente. Mas se esse não for o caso , não deixe que o fato perturbe você e sua vida. Apenas torne-se consciente dele , observe-o e reorganize seus desejos , arrependimentos , pensamentos e conceitos inconscientes anteriores alinhando-os com a realidade de cada situação. Como conseqüência , você se tornará uma pessoa mais feliz e com condições de oferecer amor maduro aos outros – a seus filhos , se os tiver , ou às pessoas de suas relações – de modo que uma reação em cadeia propícia será iniciada. Uma autocorreção realista dessa espécie se situa no extremo oposto do seu comportamento interior atual , sobre o qual falaremos agora.
Todas as pessoas , inclusive aquelas poucas que já começaram a analisar sua mente e emoções inconscientes , em geral subestimam a forte ligação que existe entre as aspirações e a sua não-realização na criança e as dificuldades e problemas atuais do adulto. Bem poucas pessoas experimentam pessoalmente – e não apenas teoricamente – a força desse elo. É fundamental que se tenha consciência total dele.
Podem existir casos isolados , excepcionais , em que um dos pais oferece um grau suficiente de amor maduro. Mesmo que um dos pais tenha esse amor em alguma medida , provavelmente o outro não o terá. Visto que um amor maduro , nesta Terra , só existe em certo grau , a criança sofrerá pelas deficiências até mesmo de um pai ou mãe amoroso.
Com mais freqüência , entretanto , ambos os pais são emocionalmente imaturos e não conseguem dar o amor desejado pela criança , ou apenas o dão em medidas insuficientes. Durante a infância , raramente essa necessidade é consciente. A criança não tem meios de formular suas necessidades em pensamentos. Ela não consegue comparar o que tem com o que os outros têm. Não sabe que alguma outra coisa pode existir. Acredita que tudo é como dever ser. Ou , em casos extremos , sente-se isolada de modo muito idiossincrático , acreditando que a parcela que lhe cabe não pode se comparar à de mais ninguém. Ambas as atitudes a desviam da verdade. Em ambos os casos a emoção real não é consciente e , portanto , não pode ser adequadamente avaliada nem bem equacionada. Assim , a criança cresce sem nunca entender bem por que é infeliz , e nem sequer se é infeliz. Muitos de vocês olham para trás , para a sua infância , convencidos de que tiveram todo o amor que queriam apenas porque tiveram , de fato , um pouco de amor.
Há um sem-número de pais que dão grandes demonstrações de amor. São capazes , inclusive , de superproteger seus filhos. Esse excesso de afagos e mimos pode ser uma compensação e uma espécie de pedido de desculpas por uma inabilidade , profundamente suspeita , de amar com maturidade. A criança sente a verdade com muita intensidade. Pode não pensar sobre ela conscientemente , mas em seu eu interior sente agudamente a diferença entre amor maduro e autêntico e a alternativa substitutiva imatura e aparatosa que lhe é oferecida.
Os pais têm responsabilidade de dar aos filhos uma orientação adequada e a segurança que lhes é devida e ambas exigem que eles exerçam sua autoridade. Há pais que jamais se atrevem a castigar ou a praticar uma autoridade sadia. Esse defeito se deve à culpa , porque o amor real , generoso , afetuoso e alentador não é parte integrante de sua personalidade imatura. Outros pais chegam a ser muito severos , rigorosos demais. Assim , exercem uma autoridade dominadora maltratando a criança e impedindo o desenvolvimento de sua individualidade. Ambos os tipos fracassam como pais , e suas atitudes errôneas , absorvidas pela criança , abrirão feridas e prepararão a caminhada da não-realização.
Nos filhos de pais rigorosos , o ressentimento e a rebeldia são mais expostos , e por isso mais fáceis de rastrear. No caso de pais brandos , a rebeldia também é forte , mas oculta e , portanto , infinitamente mais difícil de detectar. Se você tivesse um pai ou mãe que os asfixiasse com afeição ou pseudo-afeição , e no entanto não oferecesse carinho verdadeiro , ou se tivesse um pai ou mãe que fizesse tudo certo conscientemente , mas que também não tivesse afeição , inconscientemente você perceberia isso como criança e ficaria ressentido. Pode acontecer que você não tenha percebido isso de modo consciente , porque , quando criança , não podia pôr o seu dedo no que estava faltando. Externamente , você ganhava tudo o que queria e de que precisava. Como poderia traçar a linha divisória tênue , a sutil distinção entre o afeto verdadeiro e a pseudo-afeição com seu intelecto de criança ? O fato de que algo o incomodava sem que você fosse capaz de explicá-lo racionalmente o fazia sentir-se culpado e inseguro. Assim , você afastava tudo isso do seu campo de visão o mais que podia.
Em quanto as mágoas , decepções e necessidades não satisfeitas dos seus anos iniciais permanecerem inconscientes , você não conseguirá chegar a um acordo com elas. Não importa o quanto ame seus pais , existe em você um ressentimento inconsciente que o impede de perdoá-los pelo desgosto que lhe causaram. Você poderá esquecer e perdoar somente se entrar em contato com sua mágoa e ressentimento profundamente escondidos. Com um ser humano adulto , você verá que seus pais também são apenas seres humanos. Eles não estavam livres de deficiências nem eram perfeitos com a criança pensava e esperava que fossem , e não devem ser rejeitados e agora porque tinham seus próprios conflitos e atitudes imaturas. A luz da razão consciente deve ser projetada sobre essas mesmas emoções das quais você nunca se permitiu estar plenamente consciente.

TENTATIVAS DE CURAR AS FERIDAS DA INFÂNCIA NA IDADE ADULTA
Enquanto você não tomar consciência do conflito entre seu anseio por uma amor perfeito da parte de seus pais e seu ressentimento contra eles , você será compelido a tentar remediar a situação nos anos seguintes. Este esforço pode manifestar-se em vários aspectos de sua vida. Você se defronta constantemente com problemas e padrões repetidos que têm sua origem na sua tentativa de reproduzir a situação da infância para corrigi-la. Esta compulsão inconsciente é um fator muito forte , mas permanece totalmente oculta à sua compreensão consciente.
A maneira mais comum de tentar corrigir a situação está em sua escolha dos parceiros de amor. Inconscientemente , você saberá escolher , no parceiro , aspectos do pai ou mãe que de modo particular falhou em dar afeição e amor efetivo e autêntico. Mas você também procura no seu parceiro aspectos de outro pai ou mãe que mais se aproximou do atendimento de suas necessidades. É importante encontrar seu pai e sua mãe representados em seus parceiros , mas é ainda mais importante e difícil encontrar aqueles aspectos , que representam o pai ou mãe que particularmente o desapontou e o magoou , aquele contra quem você tem mais ressentimento ou que mais despreza e a quem você dedicou pouco ou nenhum amor. Assim , você procura os pais novamente – de uma maneira sutil que nem sempre é fácil de detectar – em seu parceiro , marido ou esposa , em suas amizades ou em outras relações humanas. Em seu subconsciente , as seguintes reações se apresentam : visto que a criança em você não pode abandonar o passado , não pode chegar a um acordo com ele , não pode perdoar , não pode compreender e aceitar , essa mesma criança sempre cria condições semelhantes , procurando vencer para controlar a situação em vez de ser por ela controlado. Perder significa ser esmagado – isto deve ser evitado a todo custo. Os custos , na verdade , são altos , pois toda a estratégia é impraticável . O que a criança em você se propõe a realizar jamais pode concretizar-se.

A FALÁCIA DESSA ESTRATÉGIA
Todo este procedimento é altamente destrutivo. Em primeiro lugar , é uma ilusão que você tenha sido derrotado. Portanto , é uma ilusão que você possa ser vitorioso agora. Além disso , é uma ilusão que a falta de amor , por mais triste que isso possa ter sido quando criança , seja na verdade a tragédia que seu subconsciente ainda sente ser. A única tragédia reside no fato de que você obstrui sua felicidade futura continuando a reproduzir a situação passada e procurando controlá-la. Este processo é profundamente inconsciente. Naturalmente , nada mais está distante de sua mente quando focaliza metas e desejos conscientes. Será necessário escavar muito para desenterrar as emoções que o conduzem sempre de novo a situações em que seu objetivo secreto é sanar suas aflições da infância.
Ao procurar reproduzir a situação da infância , inconscientemente você escolhe um parceiro com aspectos semelhantes àqueles de um dos pais. E , entretanto são esses mesmos aspectos que tornarão impossível receber o amor maduro que com justiça você almeja há longo tempo agora como aconteceu então. Cegamente , você acredita que por desejá-lo mais forte e vigorosamente , o pai ou mãe parceiro irá agora ceder , enquanto que na realidade o amor não pode chegar desse modo. Somente quando estiver livre dessa repetição sempre continuada é que você não mais clamará para ser amado pelo pai ou mãe. Em vez disso , você procurará um parceiro ou outros relacionamentos humanos com o objetivo de descobrir a maturidade que realmente necessita e deseja. Ao não exigir ser amado como uma criança , você desejará igualmente amar. Entretanto , a criança em você acha isto impossível , não importa o quanto você seja capaz de fazê-lo através do desenvolvimento e do progresso. Este conflito oculto eclipsa sua alma que , de outro modo , prosseguiria em seu desenvolvimento.
Se você já tem um parceiro , o fato de desenterrar este conflito pode mostrar-lhe como esse parceiro é semelhante a seus pais em certos aspectos imaturos. Mas visto que você agora sabe que dificilmente há uma pessoa realmente madura , esses aspectos imaturos em seu parceiro não mais serão a tragédia que eram enquanto você constantemente buscava um de seus pais ou os pais novamente , o que naturalmente jamais poderia acontecer. Com sua imaturidade e incapacidade agora trazidas à consciência , você pode construir uma relação mais madura , livre da compulsão infantil e recriar e corrigir o passado.
Você não faz idéia de como seu subconsciente está preocupado com o processo de reinterpretação da peça , por assim dizer , apenas esperando que “desta vez será diferente”. Mas nunca é ! Com o passar do tempo , cada desapontamento pesa mais e sua alma se torna cada vez mais deprimida.
Para aqueles que ainda não desceram a certas profundezas de seu subconsciente inexplorado , isto pode soar bastante absurdo e forçado. Entretanto , aqueles dentre vocês que chegaram a dar-se conta da força de suas tendências , compulsões e imagens ocultas , não apenas acreditarão prontamente , mas irão muito rapidamente experimentar a verdade dessas palavras em sua própria vida pessoal. Por outras descobertas feitas , você já sabe como é forte o funcionamento de sua mente subconsciente , como ela percorre com astúcia seus caminhos destrutivos e ilógicos.

A REVIVESCÊNCIA DAS FERIDAS DA INFÂNCIA
Se aprender a observar seus problemas e sua não-realização sob este ponto de vista e se seguir o processo de expor suas emoções , você obterá uma grande percepção intuitiva. Mas , será necessário reviver o anseio e as feridas da criança chorona que você foi uma vez , embora fosse também uma criança feliz. Sua felicidade pode ter sido válida e livre de decepções frente a si mesmo. Pois é possível ser feliz e infeliz ao mesmo tempo. Você pode estar agora perfeitamente consciente dos aspectos felizes de sua infância ,  mas aquilo que o feriu profundamente e aquele algo a que você aspirou intensamente – sem nem mesmo saber bem o quê – disso você não estava consciente. Você assumiu a situação como definitiva. Você não sabia o que estava faltando ou mesmo que houvesse algo faltando. Essa infelicidade fundamental precisa voltar à consciência agora , se você de fato deseja continuar seu desenvolvimento interior. Você tem de reviver a dor aguda que uma vez experimentou mas que escondeu de sua visão. Agora você precisa contemplar essa dor com a consciência da compreensão que adquiriu. Somente agindo assim é que você compreenderá o valor da realidade dos seus problemas atuais e passará a vê-los sob a verdadeira luz.
Mas , como você pode reviver mágoas tão antigas ? Só existe um jeito. Considere um problema do momento. Remova dele todas as camadas sobrepostas de suas reações. A primeira e mais importante camada , a que está mais a mão , é a da racionalização , aquela que “prova” que os outros , ou as situações , é que são os culpados ; por ela , não são seus conflitos mais íntimos que fazem você assumir a atitude errônea com relação ao problema real com que você se defronta. A camada seguinte pode representar a raiva , o ressentimento , a ansiedade , a frustração. Sob qualquer dessas reações você encontrará a ferida produzida pela falta de amor. Ao experimentar a mágoa de não ser amado em sua situação presente , essa ferida reacenderá o sofrimento da infância. Ao mesmo tempo que enfrenta a mágoa presente , olhe para trás e tente reconsiderar a situação com seus pais : o que eles lhe deram , como você se sentiu realmente com relação a eles. Você perceberá que em vários sentidos lhe faltou alguma coisa que nunca viu claramente antes – você não quis ver.
Você se dará conta de que isso deve tê-lo magoado quando era criança , mas pode ter se esquecido essa mágoa num nível consciente. Acontece , porém , que você não esqueceu , absolutamente. A ferida do seu problema atual é exatamente a mesma ferida de então. Faça isso , reavalie sua ferida atual , comparando-a com a mágoa da infância. Você verá claramente que se trata de uma só e da mesma ferida. Por mais verdadeira e compreensível que seja sua dor presente , ela é a mesma da infância. Num segundo momento , você perceberá como contribuiu para dar origem ao sofrimento presente devido a seu desejo de corrigir a dor da infância. Mas no começo , você apenas precisa sentir como os dois sofrimentos são semelhantes. Isto , porém exige um grande esforço , porque existem muitas emoções que encobrem a dor do presente e também a do passado. Você não compreenderá nada nesse sentido sem antes ter êxito na cristalização da dor que está vivendo agora.
Uma vez que você sincronize esses dois sofrimentos e perceba que são um só e o mesmo , o passo seguinte será muito mais fácil. Então , percebendo o padrão repetitivo em suas várias dificuldades , você aprenderá a reconhecer as semelhanças entre seus pais e as pessoas que lhe causaram sofrimentos ou que o estão magoando agora. O fato de experimentar essas semelhanças emocionalmente o fará avançar no caminho para a dissolução desse conflito básico. A mera avaliação intelectual não produzirá nenhum benefício. Para ser frutífero e produzir resultados efetivos , o processo de renunciar à recriação deve ir além do mero conhecimento intelectual. Você deve permitir-se sentir o sofrimento de certas não-realizações de agora e também da sua infância e comparar as duas até que , como duas tomadas fotográficas , elas gradualmente se dirijam para o foco e se tornem uma. Através da vivência do sofrimento de agora e do passado, lentamente você chegará a compreender como pensou que tinha de escolher a situação atual porque eu seu íntimo você absolutamente não admitia a “derrota”. Quando isso acontecer , a percepção intuitiva que você obtém e a experiência que sente exatamente como expomos aqui , lhe permitirão dar o passo seguinte.
É desnecessário dizer que muitas pessoas não têm consciência de nenhum sofrimento , passado ou presente. Elas prontamente o afastam de sua visão. Seus problemas não aparecem como “sofrimento”. Para elas , a primeira coisa a fazer é conscientizar-se de que esse sofrimento existe e que fere infinitamente mais enquanto permanecerem inconscientes dele. Muitas pessoas têm medo desse sofrimento e acreditam que por ignorá-lo podem fazê-lo desaparecer. Tais pessoas escolheram essa formas de alívio apenas porque seus conflitos se tornaram grandes demais para elas. Quão maravilhoso é escolher esta opção com a sabedoria e a convicção de que um conflito oculto , a longo prazo , causa tanto malefício quanto um conflito exposto. Então , elas não terão medo de desenterrar a emoção verdadeira e , até na experiência temporária do sofrimento , sentirão que naquele momento ele se transforma num sofrimento saudável , livre de amargura , de tensão , de ansiedade e de frustração.
Há também os que toleram o sofrimento , mas de uma maneira negativa , sempre esperando que ele seja aliviado de fora. De certo modo , essas pessoas estão mais próximas da solução porque será mais fácil para elas perceber como o processo infantil ainda funciona. O exterior é o pai ou mãe ofensor , ou ambos os pais , projetado em outros seres humanos. Elas apenas precisam redirecionar o enfoque para seus sofrimentos. Elas não têm necessidade de desenterrá-los.

COMO DEIXAR DE RECRIAR ?
Só depois de experimentar todas essas emoções e depois de sincronizar o “agora” e o “então” é que você se conscientizará do modo como procurou corrigir a situação. Você perceberá a tolice do desejo inconsciente de recriar a mágoa da infância , sua inutilidade frustrante. Você passará a avaliar todas suas ações e reações com essa nova compreensão e percepção intuitiva , o que lhe permitirá libertar-se de seus pais. Sua infância ficará realmente para trás e outro comportamento assumirá o lugar do anterior , um comportamento novo , interior , infinitamente mais construtivo e recompensador para você e para os outros. Sua tentativa de controlar a situação que não conseguiu controlar quando criança , deixará de existir. Você prosseguirá a partir do ponto em que se encontra , esquecendo e perdoando sinceramente dentro de você , sem nem sequer pensar que agiu assim. Não haverá mais necessidade de ser amado como quando você era criança. Primeiro, surge a percepção de que é isto que você ainda quer , mas logo você deixa de buscar esse tipo de amor. Por não ser mais uma criança , sua procura será a de um amor diferente , oferecendo-o em vez de esperá-lo. Sempre se deve enfatizar , entretanto , que muitas pessoas não têm consciência de que o esperam. O fato de a expectativa infantil , inconsciente , ter sido tantas vezes frustrada , fez com que se auto-induzissem a desistir de toda expectativa e desejo de amor. Obviamente , não há nisso verdade nem proveito : trata-se apenas de um extremo errôneo.
É da maior importância que todos vocês trabalhem este conflito interior , para que obtenham uma nova visão e uma maior clareza na busca de si mesmos . Inicialmente , pode acontecer que essas palavras provoquem em você apenas um lampejo ocasional , uma emoção que se irradia momentaneamente , mas devem ser de ajuda e abrir uma porta que os ajude a se conhecerem  melhor e que os faça chegar a uma avaliação de sua vida a partir de uma visão mais realista e mais madura.
Quando escrevíamos este artigo, nos veio duas perguntas pertinentes que achamos importante responder.
Por exemplo , aquela pessoa que tem muita dificuldade em compreender que uma pessoa escolha de modo contínuo um objeto de amor que tenha exatamente as mesmas tendências negativas presentes no pai ou na mãe. É verdade que essa pessoa em particular tem essas tendências ? Ou trata-se de projeção e reação ?
Pode ser ambas as coisas ou pode ser uma ou outra. Na verdade , em geral trata-se de uma combinação. A pessoa procura inconscientemente alguns aspectos e os encontra , e são realmente semelhantes. Mas as semelhanças existentes são ampliadas pela pessoa que está procedendo à recriação. Não se trata apenas de qualidades projetadas que não se fazem realmente presentes ; são latentes em certo grau sem serem manifestas. Estas são estimuladas e vigorosamente postas em evidência pela atitude da pessoa com o problema interior não percebido. A pessoa estimula algo na outra provocando uma reação que é semelhante à do pai ou mãe. Apesar de ser totalmente inconsciente , a provocação é um fator da maior importância aqui.
A personalidade humana é um todo constituído de muitos aspectos. Desses , digamos três ou quatro podem efetivamente assemelhar-se a algumas características do pai ou mãe do recriador. A mais destacada seria uma semelhança de imaturidade e de incapacidade de amar. Só isso já e suficiente e , em essência , forte o bastante para reproduzir a mesma situação.
A mesma pessoa não reagirá diante de outros como reage com relação a você porque é você que constantemente a provoca , reproduzindo assim condições semelhantes às da sua infância para que você possa corrigi-las. Seu medo , sua autopunição , sua frustração , sua raiva , sua hostilidade , seu retraimento em dar amor e afeição , todas essas tendências da criança em você , constantemente provocam a outra pessoa e ampliam a reação proveniente da parte fraca e imatura. Entretanto , uma pessoa mais madura afetará os demais de modo diferente e extrairá deles o que é maduro e inteiro , pois não existe pessoa que não tenha alguns maduros.
Uma segunda pergunta que nos veio é : como posso distinguir se é a outra pessoa que me provoca ou sou eu que a provoco ?
Não é preciso saber quem começou tudo , pois trata-se de uma reação em cadeia , de um círculo vicioso. É bom começar por perceber sua própria provocação , talvez em reação a uma provocação manifesta ou oculta de outra pessoa. Assim , você perceberá que provoca a outra pessoa porque foi provocado. E porque você age assim , o outro também reage na mesma moeda. Mas se examinar a razão profunda , não a superficial , o motivo por que foi magoado inicialmente e em seguida provocou , de acordo com o artigo , você não irá mais considerar essa mágoa como algo desastroso. Sua reação à mágoa será diferente e , como conseqüência , esta irá diminuir automaticamente. Assim , você não terá mais necessidade de provocar a outra pessoa. Também é fundamental informar que a mágoa é um comportamento sempre do ego , porque o Eu Superior ou alma jamais se magoa ou se sente ofendido. Portanto, se você se magoa é o seu ego pequeno que está te dominando, por isso fique atento. Além disso , visto que a necessidade de reproduzir a situação da infância diminuiu , você se tornará menos retraído e magoará os outros de forma menos freqüente , de modo que estes não precisarão mais provocá-lo. Se o fizerem , você terá condições de compreender , agora , que reagiram com base nas mesmas necessidades infantis , cegas , que impulsionaram você. Agora você pode ver como atribui motivos diferentes à provocação da outra pessoa , motivos diferentes dos que atribui à sua própria provocação , mesmo que e quando realmente percebe que foi você quem deu início à provocação. À medida que você amplia sua visão sobre sua própria mágoa , entendendo sua verdadeira origem , você obtém o mesmo distanciamento da reação da outra pessoa. Você encontrará exatamente idênticas reações em si mesmo e no outro. Enquanto o conflito da criança continuar sem solução em seu interior , a diferença parece enorme , mas ao perceber a realidade , você começará a romper o círculo vicioso.
Sua percepção dessa mútua influência aliviará o sentimento de isolamento e de culpa de que você está sobrecarregado. Você está constantemente oscilando entre sua culpa e sua acusação de injustiça que dirige aos que estão ao seu redor. A criança em você se sente totalmente diferente dos outros , num mundo todo seu. Ela vive numa ilusão prejudicial enorme. À medida que resolver este conflito , sua consciência das outras pessoas aumentará. Mas no momento , você está totalmente inconsciente da realidade das outras pessoas. Por um lado , você as acusa e é magoado por elas porque não compreende a si mesmo  e , por conseqüência , não as compreende. Por outro lado , e ao mesmo tempo , você se recusa a conscientizar-se quando fica magoado. Isto parece paradoxal , mas não é. Quando experimentar por si mesmo as interações apresentadas neste artigo , você descobrirá que isto é verdade. Enquanto você , as vezes , exagera na grandeza de alguma mágoa , outras vezes não se permite sequer saber que ela aconteceu , porque pode ocorrer que isso não se adapte ao quadro que você esboçou da situação toda. A mágoa pode prejudicar a idéia que você fazia a respeito de si mesmo , ou pode não corresponder ao seu desejo no momento. Se a situação parecer favorável e se se adaptar à sua idéia preconcebida , você omite tudo o que o desagrada , deixando que corroa por baixo e crie hostilidade inconsciente. Toda essa reação inibe suas faculdades intuitivas , pelo menos no que diz respeito a esta questão em particular.
A constante provocação que acontece entre os seres humanos , enquanto oculta de sua consciência agora , é uma realidade que você chegará a perceber com muita clareza. O resultado será um efeito totalmente libertador em você mesmo e nas circunstâncias ao seu redor.

SHAUMBRA e NAMASTÊ !!!