sexta-feira, 1 de abril de 2011

OS ESTÁGIOS DO RELACIONAMENTO COM O ABSOLUTO CRIADOR INCRIADO





























É interessante analisar a relação que você têm com Deus em todos os diversos estágios do desenvolvimento por que passa a humanidade. O estado do ser sem percepção é o primeiro nesse grande ciclo. Os povos primitivos, durante suas primeiras encarnações, ainda se encontram no estado do ser sem percepção. Vivem para o momento, voltando-se as suas necessidades imediatas. A mente deles ainda não se desenvolveu, e, portanto, não está equipada para fazer certas perguntas, para duvidar, pensar, discernir. Eles vivem no agora, mas sem a percepção disso. Para viver no agora com a percepção, os seres humanos precisam atravessar vários estágios de desenvolvimento.

À proporção que a mente humana continua a se desenvolver, ela depara com as necessidades prementes que vêm à tona em qualquer civilização em progresso. Por outras palavras, em primeiro lugar, a mente é usada de modo concreto ; posteriormente, porém, ela começa a ser usada de modo abstrato, para formular perguntas importantes : de onde venho ? para onde vou ? Qual o sentido da vida ? Qual o sentido deste Universo ?

As pessoas começam a perceber a natureza e suas leis. Observam a magnificência da lei natural, e começam a se admirar. Esse espanto representa o primeiro passo consciente rumo a se relacionar com o Criador.

Quem criou essas leis ? Quem fez tudo isso ? Será que alguma mente superior é responsável por esta criação ? Com perguntas desse tipo, as primeiras idéias de Deus vêm a existência. Assim, quando as pessoas concluem que deve haver alguém com uma superioridade infinita dessas, dotado de sabedoria e inteligência, elas sentem que devem estabelecer uma relação com esse Ser Supremo.

Simultaneamente, porém, a imaturidade espiritual e emocional da humanidade gera o medo e muitas outras emoções problemáticas, que dão a tônica da idéia de um Criador superior. Por outro lado, as pessoas querem autoridade que pense por elas, que decida em seu lugar e que seja, dessa maneira, responsável por elas. Apegam-se a essa autoridade, à espera de serem aliviadas da responsabilidade pessoal. De outro ângulo, projetam nesse Deus os medos que têm da vida e de sua capacidade e de sua incapacidade de fazer face a ela. Pressentem o poder desse Criador infinitamente sábio e provido de recursos, que deu origem a todas as leis naturais. Visto que não podem ainda dissociar poder e crueldade, essas pessoas começam a ter medo desse Deus, criado a partir de suas próprias projeções. Assim, elas começam a acalmar essa imagem fictícia de Deus, a adulá-la, a submeter-se a ela e deixar-se dominar por ela.

Recapitulando : o primeiro estado do despertar faz com que as pessoas se admirem. Nessa experiência espontânea do espanto, elas por vezes têm uma experiência genuína de Deus e uma verdadeira relação com ele ; mas, a essa altura , à proporção que o conflito e o medo aumentam, e que seus desejos se tornam mais prementes, todas essas emoções e atitudes dão a tônica da primeira experiência de Deus, e elas não se relacionam mais de uma maneira genuína, espontânea ou criativa com ele, mas, em vez disso, se submetem a uma projeção delas mesmas.

Quanto mais a mente se desenvolve em apenas uma direção, sem o costume de resolver os conflitos inconscientes, mais falsas se torna a relação com Deus. Falsa porque se baseia em necessidades pessoais e no medo. Quanto mais tempo tem prosseguimento a distorção, mas falsa é a idéia de Deus – consciente ou inconscientemente. Ao fim e ao cabo, essa idéia tornar-se-á uma superstição, com menos verdades e mais dogmas, criando uma farsa de Deus.

Posteriormente, a inteligência dessas pessoas, que entrementes se desenvolveu, impedirá que elas continuem dessa forma indefinidamente. A inteligência delas lhes dirá, “Não pode haver um Pai que guia a vida por nós. A vida só diz respeito a nós ; é nossa responsabilidade. Temos livre-arbítrio”. A essa altura, uma reação ocorre, e as pessoas amiúde voltam-se para o outro extremo e passam a ser atéias.

O ateísmo existe em dois estados. Primeiro : Como uma absoluta falta de consciência e de compreensão da vida e das leis da natureza. Segundo : Como uma reação à imagem de Deus supersticiosa e à autoprojeção da humanidade, que advém a reação da negação da responsabilidade. Este último estado, equivocado que é, constitui ainda um estágio do desenvolvimento superior à crença original em Deus, que se desenvolveu predominantemente a partir do medo, da evasão, do escapismo, e da negação da responsabilidade pessoal. Por vezes, trata-se de uma transição necessária rumo a uma experiência mais realista e verdadeira de Deus, e da relação com ele. Durante este estado, são cultivadas faculdades humanas que são da maior importância para o desenvolvimento humano.

Isso não significa que nós defendamos o ateísmo, assim como não defendemos uma crença infantil de apego a Deus. Ambas as coisas são estágios. Em cada um, a alma aprende algo importante que perdura por muito tempo depois que as camadas superficiais da mente foram postas de parte com os dois pólos falsos.

No segundo estado do ateísmo, as pessoas aprender a assumir a responsabilidade. Elas deixam de lado a mãozinha almejada que lhes orienta a vida e que as poupa das conseqüências de seus próprios enganos. O ateísmo faz as pessoas desistirem da expectativa de serem rescompensadas pela sua obediência às normas. A um só tempo, libera-as do medo do castigo. Em alguns aspectos, leva as pessoas de volta a si mesmas.

Quando se ultrapassa, porém, um determinado ponto nesse estágio, não é mais possível continuar ateu. Porquanto todo fato científico ou filosofia induz a sua conclusão lógica, não é mais possível conservar a inverdade ou meia-verdade – nem mesmo em estado temporário que certa vez serviu a uma função saudável. Quando as pessoas atravessam esses estágios diferentes, elas por força chegam a um ponto em que usam a mente para pôr em questão seus próprios motivos e começam a atentar para si mesmas.

As pessoas aguçam a percepção encarando a realidade dentro delas mesmas. À medida que avançam, níveis cada vez mais profundos da psique vão-se liberando. A conseqüência dessa liberação é, inevitavelmente, uma genuína experiência de Deus, muito diferente da crença infantil num Deus projetado a partir de si mesmo que a mente criou pelo medo e pela fraqueza. Vocês não precisam mais agir de acordo com o que lhe parece uma exigência ou expectativa de Deus. Vocês vivem no agora. Não têm medo de suas imperfeições nem do castigo de Deus por causa delas. Podem ver a imperfeição sem se exasperarem.

Quando as pessoas compreendem a imperfeição sem ter medo dela, elas percebem que não é a imperfeição em si que é tão nociva, mas a falta da consciência dessa imperfeição, o medo de ser punido por ela, o orgulho de querer estar acima dela. Quando essas pessoas param de exasperar-se quanto a superar essa imperfeição, elas se sentem calmas o bastante para observá-la e compreender por que existe. Nesse processo, elas o superam. À medida que as pessoas cultivam esta atitude, elas podem de fato ter a experiência de Deus. Além disso, o vislumbre ocasional da imperfeição enseja a atitude correta com respeito a si mesmo.

A verdadeira experiência de Deus é a experiência do ser. Deus não é percebido como agindo – distribuindo castigos ou recompensas, ou orientando vocês de um modo específico para que possam evitar o esforço humano. Vocês simplesmente compreendem que Deus existe. Essa experiência é muito difícil de ser expressa por palavras, porque o intelecto ou o conceptual jamais chegam a explicar o sentimento de estar com Deus. Vocês não podem ter o sentimento de que Deus existe se não encararem primeiramente o que nesse momento se encontra em vocês mesmos, por mais imperfeito, defeituoso ou infantil que seja.

Seria enganoso admitir que cada um dos estágios que descrevemos grosseiramente se seguem harmoniosamente uns aos outros. Eles estão imbricados. Nem sempre se sucedem nessa ordem, porque a personalidade humana é constituída de mais de um nível, os quais, como vocês sabem, entram em conflito.

Camadas diferentes da personalidade expressam atitudes em qualquer momento. Portanto, é possível que num período da vida vocês possam estar de maneira consciente num estágio e inconsciente em outro. Só depois que vocês avançam numa senda de auto-conhecimento como essa é que o estágio inconsciente vem à tona. Eis por que, num estágio posterior, algo muitas vezes aflora e parece pertencer a um estágio anterior. Isso também ocorre quando certo estágio necessário não foi vivido plenamente, mas reprimido por causa de influências e pressões externas. Assim, nossa descrição é só um esboço geral. Tenham cuidado com julgar-se a si mesmos ou julgar os outros de acordo com o que vêem.
Posteriormente, a consciência de si mesmo deve levar a um estado mais geral do ser na consciência. Ao mesmo tempo, uma nova relação com Deus passa a existir. Deus agora é sentido como um ser. Repito, vocês não podem entrar nesse estágio se primeiro não conhecerem os aspectos negativos da realidade de suas tendências. Tampouco podem ter acesso a essa realidade por meio do aprendizado de conceitos, da observação de filosofias e práticas ou da obediência às doutrinas externas. Se vocês não estão inclinados a passar pela experiência das confusões, erros e sofrimentos atuais, encarando-os e compreendendo, vocês não podem jamais existir em Deus. Ou, para expressar de outra maneira, vocês não podem existir num estado de felicidade, paz ou criatividade, sem luta, se não deparam com a realidade provisória, às vezes desagradável. Só então a realidade superior pode ser vivida. A princípio, ocorrerá ocasionalmente, em vagos vislumbres, mas até mesmo isso dará a vocês uma nova abordagem de Deus e uma nova relação com ele. Isso não só transformará as atitudes e idéias de vocês com respeito a Deus, mas também suas convicções sobre vocês mesmos e seu lugar na vida.

É desnecessário dizer que, na relação que vocês têm com Deus, a sua meditação – ou seja, sua fala para Deus – também expressa as diversas fases. Com freqüência, dá-se que, como com tudo o mais na Terra. Por vezes vocês estão verdadeiramente preparados interiormente num novo estágio, ao passo que exteriormente vocês ainda se apegam a velhos hábitos. Isso pode aplicar-se não só ao modo como meditam, mas também a certas idéias a que aderem. A mente, de maneira intrínseca, é formadora de hábitos, mas a experiência do ser nunca forma hábitos. A memória e a tendência que a mente tem de formar hábitos são uma fonte de perigo para a verdadeira experiência espiritual. Quanto mais flexíveis vocês são, menos chances terão de cair na armadilha dos hábitos, do apego a velhas idéias que um dia lhes proporcionaram uma experiência que vocês gostariam de recriar apegando-se a ela.

Se vocês treinam com empenho para encarar o que se acha dentro de vocês agora, vocês se livram dos hábitos que os impedem de ser produtivos na vida, de conhecer as experiências verdadeiras, quer isso signifique Deus, a vida, vocês mesmos – tudo é a mesma coisa. É ser. Não teria sido o hábito a causa de certas experiências se terem arraigado tanto na mente de vocês, que tornaram-se imagens rígidas ? Não é o hábito que os faz apegar-se a idéias equivocadas, a generalizações que, no melhor dos casos, sempre são meias-verdades ? Isso diz respeito a muitas coisas.

Gostaríamos de enfatizar que, sempre que descobrirem essas atitudes enganosas em vocês mesmos, atentem para o sentimento de culpa, de desvario, de que “aquilo não deveria ter sido feito”. Essa atitude é o maior obstáculo de todos.

Vamos exemplificar que existe o livre arbítrio para duas pessoas – uma bastante religiosa, a outra um cientista. Se Deus é onisciente e benigno, ele conhece também o futuro, então quando nos deu o livre-arbítrio Ele deve saber o que vamos fazer com ele. O futuro é um produto do tempo. E o tempo é um produto da mente. Portanto, na realidade, o futuro não existe, assim como o passado não existe. Compreendemos que isso é impossível à compreensão da mente das pessoas. Do lado de fora da mente, há o ser – nenhum passado, nenhum presente, nenhum futuro, só o agora. No melhor dos casos, isso vagamente pode ser percebido pelo sentimento, em vez de pelo intelecto.

Ademais esse contexto advém da mesma idéia totalmente equivocada que descrevemos e que propõe a noção de um Deus que age, faz. A criação é, no sentido verdadeiro, não uma ação, e com certeza não uma ação limitada pelo tempo. Quando Deus criou o espírito, foi fora do tempo, da mente, no estado do ser. Cada espírito é, nesse sentido, semelhante a Deus, e cria sua própria vida. Deus não subtrai nem acrescenta.

Além disso, devemos acrescentar que é uma ilusão completa acreditar que o sofrimento e a dor são terríveis em si mesmos. Por favor, procurem entender o que estamos dizendo. O medo imoderado da humanidade com respeito à dor é totalmente fantasioso e, uma vez mais, um produto enganoso da mente. As pessoas têm medo do sofrimento e da dor, sobretudo porque acreditam que nada têm a ver com eles – por outras palavras, que eles são ou injustiça ou triste coincidência.

A verdadeira dor é muito menos assustadora do que o próprio medo dela. Em pequeno grau, muitos de vocês já passaram por essa experiência. Passam por ela quando sentem medo antes de uma coisa acontecer : parece muito pior do que quando vocês verdadeiramente têm a experiência dessa coisa. E vocês também têm reconhecido de que modo criaram esses acontecimentos. Se vocês observarem essa cadeia de eventos interiores, abrindo mão do perfeccionismo, do moralismo e das justificativas, o sofrimento diminui imediatamente, mesmo que a situação exterior continue a mesma. Quando você ficam em paz com a sua realidade, podem também aceitar a imperfeição da vida. Quando param de se revoltar com a imperfeição, muitos modelos se alteram, e vocês causas menos padecimentos a vocês mesmos ; mas a expectativa consciente ou inconsciente de vocês de que a vida seja perfeita faz com que vocês se revoltem e levantem barreiras, o que gera mais imperfeição e padecimento do que a vida de outra forma geraria.

Assim, é a atitude de vocês em face do sofrimento, da vida e de si mesmos que determina a experiência que vocês têm do sofrimento. Se a atitude de vocês, no que concerne ao sofrimento, fosse menos deturpada do que comumente é, vocês achariam que os problemas que têm de resolver na conquista da mente e da matéria são belos problemas.

São as coisas mais belas na sua vida terrena. Só superando a própria resistência e cegueira, a falta de consciência de si mesmos, é que vocês conhecerão a experiência da beleza da vida, mesmo que às vezes passem por períodos de dificuldade.

Quando as pessoas estão prestes a compreender isso, perguntas sobre livre-arbítrio e determinismo jamais podem ser feitas. Essas perguntas são tão confusas, trazem em si tanta cegueira e falta de consciência da realidade, mostram tamanha imaturidade espiritual, que não podem ser respondidas de nenhuma forma que faça sentido a quem pergunta. Vocês não podem entender com a mente o que está além do domínio da mente. Para isso, uma outra faculdade é necessária ; porém, enquanto a existência de semelhante faculdade for negada, como poderão vocês orientar a pessoa a uma compreensão posterior ?

Essa pergunta também apresenta um eterno conflito entre conceitos religiosos. Por um lado, postula que Deus é uma Pai onipotente que age à vontade, que recompensa quando vocês lhe obedecem as leis, que os guia sem a participação ativa de vocês na própria vida interior, contando que vocês humildemente o convidem. Por outro lado, postula que os seres humanos têm livre-arbítrio, que eles dão forma ao seu próprio destino, que são responsáveis pela própria vida. Enquanto a religião professa o último postulado, a um só tempo ela aniquila o livre-arbítrio e a responsabilidade pessoal, obrigando as pessoas a obedecer a determinadas regras prescritas. As pessoas são confundidas por esses dois conceitos que, aparentemente, excluem-se um ao outro. A pergunta que vocês fizeram caracteriza essa confusão.

Um criador onipotente e a responsabilidade humana se excluem mutuamente só quando percebidos em tempo pela mente e quando esse Criador é percebido como agindo à semelhança de um ser humano. Vocês ainda não chegaram ao estado de consciência capaz de perceber que, na realidade, não existe nenhum conflito entre ambas as coisas. Tudo o que vocês têm de fazer é deparar com vocês mesmos sem resistência, sem a pretensão de serem mais do que são, sem se esforçarem para ser mais perfeitos do que lhes acontece ser neste momento. A mudança para melhor em seus comportamentos virá naturalmente. Cada aspecto individual que percebem em si mesmos com essa liberdade os põe nesse momento num estado de ser, e vocês interiormente percebem a verdade de Deus como sendo sem contradições do tipo formulado na pergunta. Então, vocês haverão de saber, profundamente, que a total responsabilidade não é apanágio de um Ser Supremo. Uma pessoa que não está pronta interiormente com certeza não pode compreender o que estamos dizendo aqui.

Sobre a meditação, ela tem que ser adaptada aos conceitos conscientes de qualquer fase dada. Logo no primeiro estágio, quando as pessoas ainda estão no estado de ser sem consciência, não há nenhuma oração, porque não existe nenhum conceito de Deus. No estágio seguinte, quando as pessoas começam a formular perguntas, essa sensação de assombro serve de meditação. O estágio seguinte pode ser a compreensão de uma inteligência suprema. Nesse estágio, a meditação assume a forma da admiração das maravilhas do Universo e da Natureza. Essa admiração é culto. No estágio seguinte, quando a confusão, unida a imaturidade e à inadequação, causa o medo, a desesperança e a dependência, a meditação assume a forma de súplica e da negação da realidade. Quando a meditação parece ser atendida nesse estado, não é porque Deus age, mas porque, de algum modo, as pessoas são sinceras, apesar de todas as suas ilusões e enganos e, assim, abriram um canal através do qual o poder das leis do ser pode aflorar. Essa é uma distinção importante que só será percebida num estágio posterior.

Quando as pessoas compreenderem sua participação depois que suas meditações foram atendidas, elas perderão a sensação de desesperança diante de um Deus voluntarioso e arbitrário, a quem devem adular por meio de normas criadas pelo homem e impostas ; contudo, nós também poderíamos acrescentar que o que parece uma oração atendida é, por vezes, a conseqüência de se ter resolvido conflitos interiores, pelo menos por enquanto.

Quando as pessoas entram no estágio da independência e deixam de lado esse Deus imaginário que pune, recompensa e lhes orienta a vida, elas se descobrem no estágio do ateísmo, estágio ainda intermediário da consciência, da negação de qualquer ser superior, e não meditam, evidentemente – pelo menos, não no sentido convencional. Talvez meditem ; pode ser que olhem para si mesmas com sinceridade, e isso, como todos sabem por ora, é meditação no sentido verdadeiro. No estágio ateu, as pessoas, todavia, também podem ser completamente irresponsáveis e não conseguir pensar em si mesmas, tampouco olhar para si mesmas. Em vez disso, podem fugir de quem verdadeiramente são, a exemplo da pessoa que usa a idéia de Deus como uma escapatória.

Quando as pessoas chegam ao estágio da autocompreensão ativa, da constatação de que verdadeiramente são, elas podem, a princípio ainda estar acostumadas à velha meditação par pedir ajuda , para pedir a Deus que faça por elas o que elas mesmo evitam fazer ; no entanto, a despeito deste hábito, elas começam a se encarar. Só depois de chegar a níveis mais profundos de semelhante constatação é que as pessoas aos poucos evitarão o tipo de meditação a que estão acostumadas. Elas podem até mesmo passar por um estágio em que não meditem de maneira nenhuma, no sentido comum. Mas elas meditam – e às vezes essa é a melhor meditação. Meditam, atentando para as suas reais motivações, deixando que seus verdadeiros sentimentos aflorem e pondo-os em questão. Nesse tipo de atividade, a meditação no seu antigo sentido passa a ser cada vez menos significativa e mais contraditória. A meditação é a intenção sincera de encarar o que talvez seja o mais desagradável. Isso é meditação, porque traz em si a atitude de que a verdade, pelo seu próprio bem, é o limiar do amor. Sem a verdade e sem o amor, não pode haver nenhuma experiência de Deus. O amor não pode se desenvolver a partir da tentativa de simular uma verdade que não é sentida ; mas pode se desenvolver a partir do enfrentamento da verdade com respeito às resistências de alguém é meditação ; o reconhecimento de algo que se escondeu por vergonha é meditação. Quando isso acontece, o estado do ser aos poucos vem à luz, embora talvez com interrupções. Então, no estado do ser, a meditação não é mais um ato de proferir palavras ou pensamentos. Ela é um sentimento de ser no agora eterno ; de fluir numa corrente de amor com todos os seres ; de entendimento e percepção ; de estar vivo.

Essas coisas compreendem a meditação no sentido mais elevado. A meditação é a consciência de Deus na sua realidade ; entretanto, essa espécie de meditação não pode ser imitada nem aprendida através de quaisquer ensinamentos, práticas prescritas, tampouco de disciplinas. Trata-se da conseqüência natural da coragem e da humildade de encarar-se completamente e sem rebuços. Antes que vocês tenham chegado a esse nível mais elevado de relacionamento com Deus, um estado de ser no qual a meditação e o ser são uma coisa só, tudo o que vocês podem fazer é praticar a melhor meditação do mundo, renovando constantemente a intenção de se encararem a si mesmos sem nenhuma reserva, de acabarem com toda pretensão no que tange ao que vocês querem ser e ao que verdadeiramente são, e então acabar com toda pretensão. Esse é o sentido do caminho.


“AS VEZES, PRECISAMOS TER CORAGEM DE OLHAR PARA DENTRO DE NÓS MESMOS E PERGUNTAR : O QUE FAÇO DE MIM ?”.


“TUDO É PERMITIDO DENTRO DOS PRINCÍPIOS DIVINOS, MAS AQUELE QUE AFETA O EQUILÍBRIO DO MUNDO, DE ALGUMA FORMA, TERÁ DE RECUPERÁ-LO”.


“EU ME ASSUMO COMO EU SOU. EU SOU DONO DO MEU PODER. NINGUÉM TEM PODER SOBRE MIM. TOMO POSSE DE MIM. EU SOU COMO DEUS ME FAZ A CADA INSTANTE”.


“DEUS PÕE CADA UM DIANTE DO SEU DESAFIO, PORQUE SÓ NELE VOCÊ CRESCE E SE DESENVOLVE”.

2 comentários:

  1. Caríssimos Maoris,

    Eu Sou responsável pelo que Sou simplesmente sendo o que Sou... Seu artigo é um excelente guia para descobrir em que estágio de meditação e compreensão nos encontramos, mesmo que a compreensão não seja necessária. Adorei o artigo. Obrigada.

    Abraços e sorrisos

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  2. Asgard,

    Você se supera a cada novo artigo. Magnífico! Me vi em cada um dos estágios anteriores e creio estar alcançando os últimos estágios. Sem falsas pretensões, seguindo seu raciocínio, reconheço estar no caminho certo. Seu artigo me deu novo alento para chegar lá.

    Luz e Paz!
    JJ

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