Em um lado da grande transição está o nosso trabalho para nos tornarmos seres humanos tranqüilos, satisfeitos e livres. No outro, está a libertação de tudo isso para tão-somente entrarmos em harmonia com a vontade do Criador.
Evidentemente, uma vida de trabalho com nós mesmos não refletirá exatamente essa transição conclusiva de um estado para outro. No fundo de nossa alma, sempre tivemos lugares em que não há medo, mas harmonia com a vontade do Absoluto Criador Incriado. E talvez tenhamos problemas pessoais aborrecidos que nos obrigarão a continuarmos com nosso exame e o nosso trabalho com respeito a eles por toda a nossa vida. Quando é para sermos multidimensionais jamais podemos nos afastar da premissa de que o nosso objetivo final vai muito além do mero aperfeiçoamento de si mesmo. Sempre é ideal lidar com a confusão, com as idéias equivocadas, com as atitudes destrutivas, com as defesas que são produtos da alienação, com as emoções negativas e com os sentimentos de paralisia. Só que tudo isto que citamos acima é apenas o primeiro estágio. A segunda fase mais importante consiste em aprender como ativar a consciência superior que habita toda a alma humana. Ela é a capacidade de amar, de estar enamorado com a Fonte . O amor não é algo que podemos nos obrigar a sentir, nem que podemos sentir por decisão do intelecto. O amor nem é ao menos um sentimento. É um estado de ser, de entrega, de perfeita fé, que transcende e pode aguçar todos os sentimentos. O amor implica renúncia a toda sorte de separação, quanto a qualquer parte de si mesmo, a outros seres humanos, ao mundo natural e aos domínios do espírito. O amor é eterno e também se gera a cada momento. Em sua base, todos os ensinamentos espirituais verdadeiros visam nos ajudar a entrar nesse momento eterno do amor.
Antes da grande transição, ainda acreditamos que estamos melhorando. Estamos envolvidos no desenvolvimento pessoal. Estamos nos realizando. Descobrindo e expressando todos os nossos sentimentos. Expandindo-nos até o máximo do potencial humano.
Estamos recuperando partes de nós mesmos de que anteriormente aprendemos a abrir mão. Nesse sentido, estamos no processo de tornar-mos maior.
Quando verdadeiramente fazemos a grande transição, sentimos o tapete ser puxado de sob nós cuidadosamente formado e realizado. Esquecemo-nos da idéia de que estamos crescendo. Em vez disso, por algum tempo, pode ser que nós tenhamos a impressão de que estejam se perdendo. Em vez de continuar a nos tornarmos maiores, temos a impressão de estarmos tornando menores, insignificante até, à proporção que meus objetivos pessoais se desvanecem e parecem irrelevantes.
A transição pode ser descrita como uma passagem do isolamento egocêntrico para um estado de união ; mas essa não é a união que fantasiamos enquanto ainda estamos vivendo na condição de isolamento. Enquanto vivemos no estado de aceitarmos de que estamos separados, podemos pensar que temos certa idéia do que significa estar em união. Podemos até nos convencer às vezes de que chegamos a este estado ; entretanto , nesse momento, alguma experiência nos desengana quando a essa idéia e eis nós de volta ao que é claramente uma existência isolada e voltada para si mesma.
Paradoxalmente, contudo, quando humildemente aceitamos nos tornar pequenos, fazemos a transição para nos tornarmos de novo maior, mas de uma perspectiva inteiramente nova. O velho grande nos ocorreu por meio da reincorporação de bloqueios de nós mesmos, da formação de crenças positivas e hábitos que substituíssem nossas crenças e costumes antigos e limitadores, e todo o outro trabalho de fortalecimento e melhoria do nosso eu. Pelo contrário, agora nos tornamos maior encurtando as nossas fronteiras, dando-nos de todo ao fluxo infinito das energias espirituais dentro de nós e que nos cercam, renunciando por completo a qualquer idéia de que estamos no comando ou do que sabemos qual é o Plano Evolutivo para mim e para o mundo.
Não podem existir mais máscaras. Esta é uma criação da personalidade, e por meio desse aspecto em nossa jornada teremos trabalhado substancialmente sobre os problemas da personalidade que criaram e conservaram a máscara idealizada do nosso eu.
A conseqüência equivale a expor em flagrante evidência o conflito entre o eu inferior e o ser superior no nível da alma. Como temos visto desde o início, o eu inferior apresenta o isolamento e o medo ; o eu superior revela o amor e a verdade. Ora, no nível da alma, essa cisão se torna muito mais clara. O compromisso de eu inferior com o negativo e dual liga-se agora às forças destrutivas muito maiores do que qualquer coisa que existe em nossa personalidade simples. É aqui que devemos enfrentar os arquétipos negativos, os impulsos maléficos, as distorções profundas nas energias masculinas e femininas fundamentais – o verdadeiro mal.
Aqui, também, contudo, o Eu Superior revela seu poder verdadeiro, com seu compromisso infinito com a unidade, a graça, a criança. Temos a experiência de nosso ser superior como sendo digno de confiança à medida que ele cria dons pessoais do espírito, gera um equilíbrio fecundo do masculino e do feminino e inclui a ajuda de impulsos celestiais e guias espirituais. A expressão máxima do eu superior é a consciência crística como uma ajuda fundamental, a força de cura disponível a nós como dádiva da Fonte. À proporção que nos entregamos cada vez mais a Fonte, como indivíduo e espécie, o eu inferior coletivo, para cuja criação cada um contribui em parte, curar-se-á e voltará ao amor e à alegria no centro da criação.
Uma vez mais, essa grande transição não acontece apenas uma vez. Ou melhor, ela pode precisar acontecer apenas uma vez no nível espiritual ; mas pode ser necessária toda uma vida de trabalho para harmonizar o nosso físico, mental, emocional, intuitivo, espiritual, monádico, divino, etc com esse limiar que já transpusemos alegremente em nossa alma.
No início, é possível que se tenha a impressão de que as fronteiras de todos e de tudo um pouco mais flexíveis. Percebemos que o sentimento que temos pela dor dos outros no mundo vai além da empatia comum, tanto que pensamos que estamos verdadeiramente sentindo o sofrimento alheio de modo tão agudo como se nós mesmos estivéssemos sofrendo. Percebemos cada vez mais que os sentimentos que temos não são verdadeiramente os meus ; e , em vez disso, temos a experiência do modo como simplesmente entramos em sintonia com certa banda na rádio das emoções que faz parte de todos os seres humanos. Ou, o que ainda é mais estranho, podemos de repente ter um vislumbre de um ser multidimensional ou vários ao mesmo tempo postando-se junto conosco.
Obviamente, essas coisas são apenas indicações iniciais. Sabemos que devemos reagir a esses acontecimentos com calma e confiança, podemos aprender mais como dar continuidade ao processo de dilatar nossas fronteiras e compreender que agora estamos trabalhando, não para nós apenas, mas para todos os seres humanos. Posteriormente, podemos dedicar o espaço do nosso coração ao amor da Fonte, dentro de nós e fluindo através de nós, na fé de que podemos ser ao mesmo tempo grande o bastante e pequeno o bastante para deixar que esse amor guie o nosso destino e o do planeta.
Há duas tendências fundamentais no universo. Uma é a força do amor, que se doa, comunica e se ergue acima do eu pequenino. Na verdade, esse ego pequenino que se considera o centro de todas as coisas não passa na verdade de uma parte de um todo magnífico. O verdadeiro eu de vocês jamais considera o fim máximo. Quando vocês levam ao máximo suas capacidades, vocês não sentem mais a vida como estando limitada ao obstáculo das crenças e idéias falsas. Então, vocês descobrem a união com todas as pessoas. Sentem, pensam e têm experiências de um modo inteiramente novo. Tornam-se pessoas diferentes, e a um só tempo continuam a ser essencialmente as mesmas pessoas.
A segunda força fundamental é o princípio egocêntrico invertido, pelo qual a maior parte dos seres humanos ainda vive. Nesse estado, vocês sofrem e “usufruem” apenas a vida. Não importa o número de pessoas queridas que estejam a volta de vocês, amando-os e partilhando coisas com vocês : a experiência de vida é essencialmente única e peculiarmente de vocês, não passível de ser partilhada nem transmitida. Vocês são os únicos que sentem esse sofrimento particular ou essa alegria da mesma forma. É possível que não pensem assim, sempre de modo consciente. Com efeito, o conhecimento exterior que vocês têm pode contraditar esse estado interior de experiência de vida ; entretanto, quando ele chega aos seus sentimentos verdadeiros, dá-se o modo pelo qual vocês sentem a vida enquanto ainda se encontram no estado do isolamento egocêntrico.
A transição do isolamento egocêntrico para o estado de união com tudo é o passo mais importante no caminho da evolução de uma entidade espiritual individual. Em algum momento, numa ou noutra vida, essa transição vai ocorrer. O momento exato em que isso ocorrerá varia com cada pessoa ; porém, nesse caminho, chegará um momento, mais cedo ou mais tarde, e esperemos que ele chegue enquanto vocês estiverem ainda nesta encarnação em particular, quando vocês passarão de um estado a outro.
As palavras não lhe transmitirão o sentido real dessa mudança. Muitas vezes, vocês deram ouvidos a filosofias e doutrinas. É possível que até mesmo sejam capazes de discutir o tema de modo bem inteligente. Em momentos isolados, também é possível que tenham tido a experiência do que estamos lhes descrevendo ; mas a experiência se vai, e vocês voltam ao antigo estado de isolamento. É necessário muito trabalho para tornar essa transição permanente, e o pré-requisito mais importante para a permanência é descobrir e resolver os conflitos ocultos em vocês mesmos.
Ademais, é de importância vital que vocês compreendam que o objetivo máximo da senda espiritual é levar a cabo a transição de um estado a outro. Para que possam fazer isso, devem tornar-se inteiramente conscientes de que ainda vivem naquele estado antigo e indesejável. Enquanto tiverem ilusões no que concerne a isso, ou enquanto estiverem confusos e nem ao menos souberem que existem dois estados diferentes, vocês passarão por momentos de dificuldade muito maior.
Quando vocês vislumbram pela primeira vez um novo estado de ser, vocês sentem uma impressão de libertação dos muros confinantes do egocentrismo. Sentem um objetivo mais importante na vida, na sua vida, em toda forma de vida. Compreendem o objetivo de todas as experiências, as boas e as ruins, e valorizam-nas de um ponto de vista completamente diferente. Sentem no fundo do coração a união com todos os seres, e percebem a importância dos objetivos deles, bem como dos seus. Uma nova alegria e sensação de segurança tomarão conta de vocês como nunca. Essa nova sensação de segurança não será acompanhada da ilusão de que nunca mais vocês sofrerão, mas vocês não se curvarão diante desse sofrimento. Terão consciência de que ele não pode prejudicá-los.
Vejam só : Vocês não geram os sentimentos. Uma experiência comum no novo estado é a sensação de que qualquer experiência que vocês tenham no momento também é sentida por milhões de pessoas. Foi sentida por milhões no passado e será sentida por mais pessoas no futuro. Desde que o mundo da matéria teve início, todos esses sentimentos – bons ou maus, positivos ou negativos, de prazer ou de pesar – existiram, e as pessoas os sentiram. Que vocês pareçam gerar um sentimento não significa que vocês verdadeiramente façam isso. O que vocês geram é a condição de sintonia com uma força ou um princípio determinado de uma emoção que já existe. Essa distinção pode parecer demasiado sutil, mas não é. Perceber a vida de um ângulo novo é uma experiência essencialmente diferente. Enquanto vocês alimentarem a ilusão de que estão gerando a emoção respectiva ou a experiência vital, vocês ainda são únicos, sozinhos e isolados. Quando vocês começam a sentir que estão se sintonizando com algo que já existe, imediatamente se tornam parte do todo e não podem mais ser os indivíduos isolados que sempre julgaram ser.
Nós não esperamos que essas palavras ensejem de imediato essa nova condição em vocês ; mas o trabalho que vocês realizam ao longo do caminho progride constantemente, e se vocês exercitarem a percepção interior meditando sobre essas palavras e tentando senti-las, vocês podem acelerar a transição. Reconhecer a sua condição comum a todos os outros dilatará consideravelmente os seus horizontes ; dar-lhes-á uma nova perspectiva quanto às tristezas passageiras e ajudá-los-á a fazer um uso construtivo de quaisquer aspectos negativos que vocês descobrirem em si mesmos. Além disso, aumentará as capacidades criativas de vocês.
O anseio fundamental da humanidade é participar verdadeiramente de novo estado de ser que se segue à transição. É possível que vocês lhe resistam e tenham medo dele em sua ignorância, mas esse anseio sempre permanece. Pois, no estado natural a todas as criaturas do Absoluto Criador Incriado não há mais solidão. No estado atual de vocês, todos se acham essencialmente sós. O melhor a que vocês podem chegar, algumas vezes, é a compreensão de que os outros passam por experiências semelhantes e se sentem da mesma forma ; mas isso não é, de maneira nenhuma, o novo estado.
Nele, vocês terão plena consciência de que todas as coisas, sentimentos, emoções, pensamentos e experiências já existem, e que vocês partilham todas as tendências existentes por causa das condições que se geram a si mesmas. Essas forças e princípios atuam à volta de vocês e dentro de vocês. Cabe a vocês mesmos concluir qual o afetará.
Visualizem todas as experiências, das inferiores às superiores, como rios ou córregos. Em conformidade com a constituição pessoal da mente de vocês, com o estado da emoção, o desenvolvimento geral, as tendências características, bem como os estados de espírito passageiros e outros fatores, vocês se sintonizam com uma dessas correntes, enquanto podem ao mesmo tempo entrar em sintonia parcial com uma outra corrente, esta conflitante. Com essa abordagem, uma mudança drástica deve ocorrer em todo o campo de visão interior e exterior de vocês. De seres isolados e egocêntricos, vocês devem se tornar, passo a passo, os seres que na verdade são.
Vocês imaginam com a capacidade limitada de pensamento de vocês que só como indivíduos únicos é que têm dignidade e certa oportunidade para ser felizes. Também sentem – às vezes inconscientemente – que, por não serem mais que um parafuso da engrenagem, vocês não contam. Padecem ainda da ilusão de que são apenas um dentre bilhões e que, portanto, sua felicidade não importa. Uma outra ilusão interpreta equivocadamente o direito à individualidade ; afirma que vocês são seres separados e que, portanto, se encontram essencialmente isolados, sós e singulares. No melhor dos casos, vocês acreditam que os outros possam estar numa situação difícil como a de vocês. Isso é uma ilusão, mas existe na maioria de nós em certa medida. Enquanto esse engano continuar, vocês travarão inconscientemente uma batalha desnecessária e trágica. Vocês crêem que devem ser contrários a desistir do direito natural de serem felizes e de valor. Se esse erro – o de que estão lutando pela individualidade e felicidade quando, na verdade, lutam para preservar o seu isolamento – fosse reparado, a batalha seria mais fácil. A verdade é, no novo estado vocês perceberão que ser nada mais e nada menos do que uma parte de um todo, e partilhar com muitas outras pessoas o que já existe, faz de vocês pessoas mais felizes. Vocês têm o direito à felicidade, e têm mais dignidade e individualidade por causa deste fato. A dignidade de vocês aumentará no grau em que o orgulho de vocês quanto ao isolamento diminuir. A plenitude e a riqueza da vida aumentará no grau em que vocês deixarem seu estado de isolamento no qual admitem que, a fim de ter para si mesmos, vocês têm de tirar dos outros. Eis o erro e o conflito. No antigo estado – eis onde isso principia. No novo estado, isso não é verdadeiro. A importância do bem-estar de vocês são uma parte do todo. No momento em que tiverem ao menos um vislumbre momentâneo da verdade, nunca mais ver-se-ão dilacerados pelo antigo conflito de que podem ter uma felicidade egoísta ou, se quiserem recuar desse “egoísmo”, a felicidade de vocês não importa.
Essa compreensão inata dá origem a uma culpa profunda na alma humana, porque vocês não sabem o que fazer com o desejo de serem felizes. O conflito se dissipará no momento em que orientarem a sua visão de mundo quanto a absorver a nova abordagem. No momento em que passarem pela experiência desse primeiro vislumbre momentâneo da verdade, nunca mais ver-se-ão dilacerados pelo antigo conflito de que podem ter uma felicidade egoísta ou, se quiserem recuar desse egoísmo, a felicidade de vocês não importa.
Essa compreensão inata dá origem a uma culpa profunda na alma humana, porque vocês não sabem o que fazer com o desejo de serem felizes. O conflito se dissipará no momento em que orientarem a sua visão de mundo quanto a absorver a nova abordagem. No momento em que passarem pela experiência desse primeiro vislumbre do entendimento. No instante em que as idéias lhe ocorrerem, vocês perceberão verdadeiramente que o antigo estado de isolamento era e ainda é o seu mundo. Então, o desejo consciente de deixar o antigo mundo aumentará.
Quando usamos a palavra egoísmo, não faço isso numa atitude moralista, de recriminação nem de advertência, mas à maneira filosófica. Ela indica um estado fundamental de ser do modo como se opõe a um estado inteiramente diferente de ser ; um mundo, ou um princípio da alma, em comparação com um outro.
À proporção que vocês forem, aos poucos, realizando essa transição, o seus valores morais por força mudarão. Seus objetivos e idéias sobre a vida vão mudar. Essa mudança não será a adoção superficial de novas opiniões, mas um desenvolvimento natural, gradual e orgânico interiormente. A mudança se mostra lenta ; lenta ; trata-se de uma mudança interior em vez de exterior. Amiúde ocorre que as opiniões exteriorizadas por vocês não precisam passar por uma revisão severa. Elas podem continuar as mesmas, essencialmente : são vocês que as sentirão de maneira diversa.
As pessoas têm muito medo das mudanças ; mas vocês nada têm a temer. A vida e as opiniões de vocês em grande parte podem continuar as mesmas, enquanto vocês mudam. Isso parece um paradoxo, meus amigos, mas não é. Continuar a ser o mesmo e, no entanto, mudar é possível, de um modo bom, construtivo e natural, porque o apelo da vida é desenvolver-se ao máximo ; no entanto, é também possível mudar e continuar o mesmo de um modo insatisfatório e destrutivo.
Na verdade, vocês não têm nada a temer ao se aproximar dessa grande transição, pois aquilo que for válido e importante, o que for essencialmente vocês mesmos, continuará o mesmo, só vindo a ser aperfeiçoado. Apenas o que não for essencialmente vocês mesmos se desgastará aos poucos, como uma velha capa. As forças das quais vocês não têm ainda nenhuma consciência fluirão de vocês mesmos.
O sentido das tendências mais profundas de vocês será invertido quando vocês chegarem ao novo estado de unidade. No estado atual de isolamento, muitas forças criativas, tais como o amor ou os talentos, procuram fluir de vocês ; porém, devido ao seu estado interior de isolamento egoísta , elas retornam. Depois do esforço recuam, são contidas e tornadas inativas. A natureza de vocês se revolta com essas grandes frustrações porque elas justamente são contrárias à natureza, à criação e à harmonia.
Essa revolta fundamental da natureza interior de vocês acarreta muitos conflitos que nunca podem ser resolvidos inteiramente por meio do reconhecimento de suas imagens e conflitos, criados que foram pelas condições da infância. Enquanto a dissolução dos conflitos da infância é essencial para levar a efeito o novo estado de ser, é importante reconhecer que acabar com os conflitos da infância não constitui uma finalidade em si mesma. Se o objetivo de vocês for abeirar-se de resolver os conflitos da infância e corrigir desvios psicológicos, vocês são obrigados a fracassar no que concerne a satisfazer a si mesmos. Em muitos casos, vocês não serão nem mesmo bem-sucedidos em resolver de fato esses conflitos, se a solução deles não for um meio para o objetivo maior : a transição do estado do egoísmo e isolamento para o estado de união com todos. Isso inclui o reconhecimento de vocês mesmos como parte integrante da Criação que se esforça o tempo todo para uma realização maior.
Só quando vocês consideram como objetivo pessoal o intento superior de união com todos é que vocês são capazes de se realizar totalmente. Nessa condição, vocês desenvolverão todas as capacidades, e então a grande fonte de vida, de saúde e força fluirá através de vocês. Quando o campo máximo de visão de vocês quanto à vida é distorcido ou não é claramente formulado, as forças criativas e de saúde não podem se regenerar em função do grande rio cósmico. As forças cósmicas são constantemente bloqueadas pela ignorância, pela confusão, pela falta de consciência ou pela perspectiva equivocada de vocês sobre o sentido real da vida. Com o ponto de vista adequado, vocês são obrigados a avançar e, ao fim e ao cabo, realizar a transição.
No novo estado, as forças criativas fluirão de vocês naturalmente, permitindo que as forças cósmicas fluam constantemente para vocês, renovando e regenerando todo o seu ser. Suas forças em movimento influenciarão outros seres que a elas sintonizarem, estejam onde estiverem e independentemente de quem sejam.
Sabemos que esse tópico é difícil de entender. É abstrato e não pode ser posto facilmente em prática. Ele requer todos os seus sentidos interiores, facilmente em prática. Ele requer todos os seus sentidos interiores, sua natureza intuitiva., bem como seu desejo sincero de compreender o fato o sentido mais profundo dessas palavras. Por via do estudo e da meditação, da tentativa de sentir e usar suas próprias descobertas interiores com a ajuda da visão panorâmica, vocês chegarão ao ponto em que essas palavras constituirão uma revelação para vocês mesmos. Então, uma nova porta se abrirá, através da qual vocês entrarão felizes. E reconhecendo, nesse momento, quanto tempo se empenharam em cruzar esse portal.
O cultivo dessa nova abordagem da vida posteriormente lhes revelará um entendimento, não só de vocês mesmos e dos outros, mas também do objetivo de vocês no Universo e da função de vocês nele. Nada mais pode lhes dar a real segurança que vocês ainda estão procurando.
Todos os grandes mestres e sábios falaram, de diversas maneiras, sobre essa grande tradição. Vocês, que estão neste caminho, deverão pensar sobre ela, imaginá-la e ter consciência que o momento dela há de vir.
Como a alma humana se bate contra isso, o destino máximo de cada ser. Como tem medo de deixar o estado de infelicidade em troca de uma condição de felicidade e segurança. Como é estúpido ter medo, no fundo do coração, de que ao deixar o antigo mundo e ao chegar ao novo vocês terão de deixar para trás algo precioso. Tentem descobrir esse medo irracional, essa resistência. Ela está bem aí, em vocês. Tudo o que vocês têm a fazer é olhar para ela. Não têm de ir longe nem mergulhar fundo para encontrar esse medo. A resistência fundamental à transição se exprime em inúmeros modos delicados na vida cotidiana de vocês. Encontrem-na, e descobrirão uma chave de valor. Primeiramente, é necessário que vocês tomem consciência de como estão se esforçando para conservar a vida isolada, e que, no melhor dos casos, vocês querem partilhar essa vida com algumas pessoas que escolheram. Se vocês podem ter algum gesto de amor para com esses poucos eleitos, já deram um passo além de muitos que não conseguem fazer isso.
Espero que nossas palavras não sejam mal-compreendidas, e que as pessoas não pensem que vocês deveriam levar a efeito uma mudança drástica na sua vida exterior. A transição é muito mais sutil do que isso. Uma vez que vocês começam a reconhecer os sintomas do seu tipo de vida antigo, egoísta e isolado, vocês são obrigados a perceber de que modo todo impulso relacionado com essa perspectiva cria o medo e a insegurança e não têm utilidade nem sentido. O novo estado é da alegria constante e de profunda segurança. Não queremos dizer que dificuldades não possam vir a fazer parte do caminho de vocês. Nós afirmamos isso muitas vezes, e não queremos jamais ser mal-compreendidos a esse respeito. Ninguém deveria contemplar esse caminho e o desenvolvimento nele com a idéia de que, se vocês avançam a contento, as dificuldades diminuem. Obviamente, essa expectativa é totalmente fantasiosa e enganosa, enquanto vocês estão encarnados. Como dissemos antes, contudo, aquilo pelo que vocês precisam passar não causará mais medo. Fará sentido a vocês, que passarão por isso com coragem, desenvolvendo-se com isso e a partir disso. Vocês aceitarão tudo como uma parte da vida, em vez de recuar dela.
Assim, vocês percebem que o que a humanidade está verdadeiramente empenhada em preservar é um estado de trevas e isolamento. Trata-se de uma batalha sem sentido da qual vocês colhem a infelicidade, e só isso demonstra que a direção está errada e que é preciso procurar outro caminho. As conseqüências da mudança em sua orientação interior são a liberdade e a alegria, o objetivo é a segurança. É como se vocês estivessem desistindo de algo a que verdadeiramente se apegam freneticamente, mas, uma vez que resolvem deixar que se vá, vocês descobrem que não tiveram de desistir de nada.
Os primeiros passos experimentais na transição de um estado ou mundo para outro são o auto-conhecimento e o entendimento dos seus problemas, idéias e atitudes inconscientes. O autoconhecimento e a auto-aceitação são os pré-requisitos. Tudo o mais aflora disso. Vocês também têm de compreender que há outra meta além da simples dissolução dos seus problemas interiores. Ou, para expressar de modo diferente, vocês não podem na verdade resolver esses problemas a não ser que vislumbrem essa grande transição fundamental.
Se um dia puderem sentir o que tentamos transmitir-lhes neste artigo, talvez lhes seja útil abrir uma janela a partir da qual vocês podem ter uma nova percepção. Nada é mais digno e propositado de se fazer enquanto se é verdadeiramente honesto consigo mesmo.
“O CRIADOR NÃO LHES PEDE NADA MAIS, A NÃO SER QUE VOCÊS SE LIBERTEM E DEIXEM QUE O CRIADOR SEJA ELE MESMO EM VOCÊS”