quarta-feira, 13 de abril de 2011

A TRANSIÇÃO DO EGOCENTRISMO PARA A CONSCIÊNCIA CÓSMICA
















Em um lado da grande transição está o nosso trabalho para nos tornarmos seres humanos tranqüilos, satisfeitos e livres. No outro, está a libertação de tudo isso para tão-somente entrarmos em harmonia com a vontade do Criador.
Evidentemente, uma vida de trabalho com nós mesmos não refletirá exatamente essa transição conclusiva de um estado para outro. No fundo de nossa alma, sempre tivemos lugares em que não há medo, mas harmonia com a vontade do Absoluto Criador Incriado. E talvez tenhamos problemas pessoais aborrecidos que nos obrigarão a continuarmos com nosso exame e o nosso trabalho com respeito a eles por toda a nossa vida. Quando é para sermos multidimensionais jamais podemos nos afastar da premissa de que o nosso objetivo final vai muito além do mero aperfeiçoamento de si mesmo. Sempre é ideal lidar com a confusão, com as idéias equivocadas, com as atitudes destrutivas, com as defesas que são produtos da alienação, com as emoções negativas e com os sentimentos de paralisia. Só que tudo isto que citamos acima é apenas o primeiro estágio. A segunda fase mais importante consiste em aprender como ativar a consciência superior que habita toda a alma humana. Ela é a capacidade de amar, de estar enamorado com a Fonte . O amor não é algo que podemos nos obrigar a sentir, nem que podemos sentir por decisão do intelecto. O amor nem é ao menos um sentimento. É um estado de ser, de entrega, de perfeita fé, que transcende e pode aguçar todos os sentimentos. O amor implica renúncia a toda sorte de separação, quanto a qualquer parte de si mesmo, a outros seres humanos, ao mundo natural e aos domínios do espírito. O amor é eterno e também se gera a cada momento. Em sua base, todos os ensinamentos espirituais verdadeiros visam nos ajudar a entrar nesse momento eterno do amor.

Antes da grande transição, ainda acreditamos que estamos melhorando. Estamos envolvidos no desenvolvimento pessoal. Estamos nos realizando. Descobrindo e expressando todos os nossos sentimentos. Expandindo-nos até o máximo do potencial humano.

Estamos recuperando partes de nós mesmos de que anteriormente aprendemos a abrir mão. Nesse sentido, estamos no processo de tornar-mos maior.

Quando verdadeiramente fazemos a grande transição, sentimos o tapete ser puxado de sob nós cuidadosamente formado e realizado. Esquecemo-nos da idéia de que estamos crescendo. Em vez disso, por algum tempo, pode ser que nós tenhamos a impressão de que estejam se perdendo. Em vez de continuar a nos tornarmos maiores, temos a impressão de estarmos tornando menores, insignificante até, à proporção que meus objetivos pessoais se desvanecem e parecem irrelevantes.

A transição pode ser descrita como uma passagem do isolamento egocêntrico para um estado de união ; mas essa não é a união que fantasiamos enquanto ainda estamos vivendo na condição de isolamento. Enquanto vivemos no estado de aceitarmos de que estamos separados, podemos pensar que temos certa idéia do que significa estar em união. Podemos até nos convencer às vezes de que chegamos a este estado ; entretanto , nesse momento, alguma experiência nos desengana quando a essa idéia e eis nós de volta ao que é claramente uma existência isolada e voltada para si mesma.

Paradoxalmente, contudo, quando humildemente aceitamos nos tornar pequenos, fazemos a transição para nos tornarmos de novo maior, mas de uma perspectiva inteiramente nova. O velho grande nos ocorreu por meio da reincorporação de bloqueios de nós mesmos, da formação de crenças positivas e hábitos que substituíssem nossas crenças e costumes antigos e limitadores, e todo o outro trabalho de fortalecimento e melhoria do nosso eu. Pelo contrário, agora nos tornamos maior encurtando as nossas fronteiras, dando-nos de todo ao fluxo infinito das energias espirituais dentro de nós e que nos cercam, renunciando por completo a qualquer idéia de que estamos no comando ou do que sabemos qual é o Plano Evolutivo para mim e para o mundo.

Não podem existir mais máscaras. Esta é uma criação da personalidade, e por meio desse aspecto em nossa jornada teremos trabalhado substancialmente sobre os problemas da personalidade que criaram e conservaram a máscara idealizada do nosso eu.

A conseqüência equivale a expor em flagrante evidência o conflito entre o eu inferior e o ser superior no nível da alma. Como temos visto desde o início, o eu inferior apresenta o isolamento e o medo ; o eu superior revela o amor e a verdade. Ora, no nível da alma, essa cisão se torna muito mais clara. O compromisso de eu inferior com o negativo e dual liga-se agora às forças destrutivas muito maiores do que qualquer coisa que existe em nossa personalidade simples. É aqui que devemos enfrentar os arquétipos negativos, os impulsos maléficos, as distorções profundas nas energias masculinas e femininas fundamentais – o verdadeiro mal.

Aqui, também, contudo, o Eu Superior revela seu poder verdadeiro, com seu compromisso infinito com a unidade, a graça, a criança. Temos a experiência de nosso ser superior como sendo digno de confiança à medida que ele cria dons pessoais do espírito, gera um equilíbrio fecundo do masculino e do feminino e inclui a ajuda de impulsos celestiais e guias espirituais. A expressão máxima do eu superior é a consciência crística como uma ajuda fundamental, a força de cura disponível a nós como dádiva da Fonte. À proporção que nos entregamos cada vez mais a Fonte, como indivíduo e espécie, o eu inferior coletivo, para cuja criação cada um contribui em parte, curar-se-á e voltará ao amor e à alegria no centro da criação.

Uma vez mais, essa grande transição não acontece apenas uma vez. Ou melhor, ela pode precisar acontecer apenas uma vez no nível espiritual ; mas pode ser necessária toda uma vida de trabalho para harmonizar o nosso físico, mental, emocional, intuitivo, espiritual, monádico, divino, etc com esse limiar que já transpusemos alegremente em nossa alma.

No início, é possível que se tenha a impressão de que as fronteiras de todos e de tudo um pouco mais flexíveis. Percebemos que o sentimento que temos pela dor dos outros no mundo vai além da empatia comum, tanto que pensamos que estamos verdadeiramente sentindo o sofrimento alheio de modo tão agudo como se nós mesmos estivéssemos sofrendo. Percebemos cada vez mais que os sentimentos que temos não são verdadeiramente os meus ; e , em vez disso, temos a experiência do modo como simplesmente entramos em sintonia com certa banda na rádio das emoções que faz parte de todos os seres humanos. Ou, o que ainda é mais estranho, podemos de repente ter um vislumbre de um ser multidimensional ou vários ao mesmo tempo postando-se junto conosco.

Obviamente, essas coisas são apenas indicações iniciais. Sabemos que devemos reagir a esses acontecimentos com calma e confiança, podemos aprender mais como dar continuidade ao processo de dilatar nossas fronteiras e compreender que agora estamos trabalhando, não para nós apenas, mas para todos os seres humanos. Posteriormente, podemos dedicar o espaço do nosso coração ao amor da Fonte, dentro de nós e fluindo através de nós, na fé de que podemos ser ao mesmo tempo grande o bastante e pequeno o bastante para deixar que esse amor guie o nosso destino e o do planeta.

Há duas tendências fundamentais no universo. Uma é a força do amor, que se doa, comunica e se ergue acima do eu pequenino. Na verdade, esse ego pequenino que se considera o centro de todas as coisas não passa na verdade de uma parte de um todo magnífico. O verdadeiro eu de vocês jamais considera o fim máximo. Quando vocês levam ao máximo suas capacidades, vocês não sentem mais a vida como estando limitada ao obstáculo das crenças e idéias falsas. Então, vocês descobrem a união com todas as pessoas. Sentem, pensam e têm experiências de um modo inteiramente novo. Tornam-se pessoas diferentes, e a um só tempo continuam a ser essencialmente as mesmas pessoas.

A segunda força fundamental é o princípio egocêntrico invertido, pelo qual a maior parte dos seres humanos ainda vive. Nesse estado, vocês sofrem e “usufruem” apenas a vida. Não importa o número de pessoas queridas que estejam a volta de vocês, amando-os e partilhando coisas com vocês : a experiência de vida é essencialmente única e peculiarmente de vocês, não passível de ser partilhada nem transmitida. Vocês são os únicos que sentem esse sofrimento particular ou essa alegria da mesma forma. É possível que não pensem assim, sempre de modo consciente. Com efeito, o conhecimento exterior que vocês têm pode contraditar esse estado interior de experiência de vida ; entretanto, quando ele chega aos seus sentimentos verdadeiros, dá-se o modo pelo qual vocês sentem a vida enquanto ainda se encontram no estado do isolamento egocêntrico.

A transição do isolamento egocêntrico para o estado de união com tudo é o passo mais importante no caminho da evolução de uma entidade espiritual individual. Em algum momento, numa ou noutra vida, essa transição vai ocorrer. O momento exato em que isso ocorrerá varia com cada pessoa ; porém, nesse caminho, chegará um momento, mais cedo ou mais tarde, e esperemos que ele chegue enquanto vocês estiverem ainda nesta encarnação em particular, quando vocês passarão de um estado a outro.

As palavras não lhe transmitirão o sentido real dessa mudança. Muitas vezes, vocês deram ouvidos a filosofias e doutrinas. É possível que até mesmo sejam capazes de discutir o tema de modo bem inteligente. Em momentos isolados, também é possível que tenham tido a experiência do que estamos lhes descrevendo ; mas a experiência se vai, e vocês voltam ao antigo estado de isolamento. É necessário muito trabalho para tornar essa transição permanente, e o pré-requisito mais importante para a permanência é descobrir e resolver os conflitos ocultos em vocês mesmos.

Ademais, é de importância vital que vocês compreendam que o objetivo máximo da senda espiritual é levar a cabo a transição de um estado a outro. Para que possam fazer isso, devem tornar-se inteiramente conscientes de que ainda vivem naquele estado antigo e indesejável. Enquanto tiverem ilusões no que concerne a isso, ou enquanto estiverem confusos e nem ao menos souberem que existem dois estados diferentes, vocês passarão por momentos de dificuldade muito maior.

Quando vocês vislumbram pela primeira vez um novo estado de ser, vocês sentem uma impressão de libertação dos muros confinantes do egocentrismo. Sentem um objetivo mais importante na vida, na sua vida, em toda forma de vida. Compreendem o objetivo de todas as experiências, as boas e as ruins, e valorizam-nas de um ponto de vista completamente diferente. Sentem no fundo do coração a união com todos os seres, e percebem a importância dos objetivos deles, bem como dos seus. Uma nova alegria e sensação de segurança tomarão conta de vocês como nunca. Essa nova sensação de segurança não será acompanhada da ilusão de que nunca mais vocês sofrerão, mas vocês não se curvarão diante desse sofrimento. Terão consciência de que ele não pode prejudicá-los.

Vejam só : Vocês não geram os sentimentos. Uma experiência comum no novo estado é a sensação de que qualquer experiência que vocês tenham no momento também é sentida por milhões de pessoas. Foi sentida por milhões no passado e será sentida por mais pessoas no futuro. Desde que o mundo da matéria teve início, todos esses sentimentos – bons ou maus, positivos ou negativos, de prazer ou de pesar – existiram, e as pessoas os sentiram. Que vocês pareçam gerar um sentimento não significa que vocês verdadeiramente façam isso. O que vocês geram é a condição de sintonia com uma força ou um princípio determinado de uma emoção que já existe. Essa distinção pode parecer demasiado sutil, mas não é. Perceber a vida de um ângulo novo é uma experiência essencialmente diferente. Enquanto vocês alimentarem a ilusão de que estão gerando a emoção respectiva ou a experiência vital, vocês ainda são únicos, sozinhos e isolados. Quando vocês começam a sentir que estão se sintonizando com algo que já existe, imediatamente se tornam parte do todo e não podem mais ser os indivíduos isolados que sempre julgaram ser.

Nós não esperamos que essas palavras ensejem de imediato essa nova condição em vocês ; mas o trabalho que vocês realizam ao longo do caminho progride constantemente, e se vocês exercitarem a percepção interior meditando sobre essas palavras e tentando senti-las, vocês podem acelerar a transição. Reconhecer a sua condição comum a todos os outros dilatará consideravelmente os seus horizontes ; dar-lhes-á uma nova perspectiva quanto às tristezas passageiras e ajudá-los-á a fazer um uso construtivo de quaisquer aspectos negativos que vocês descobrirem em si mesmos. Além disso, aumentará as capacidades criativas de vocês.

O anseio fundamental da humanidade é participar verdadeiramente de novo estado de ser que se segue à transição. É possível que vocês lhe resistam e tenham medo dele em sua ignorância, mas esse anseio sempre permanece. Pois, no estado natural a todas as criaturas do Absoluto Criador Incriado não há mais solidão. No estado atual de vocês, todos se acham essencialmente sós. O melhor a que vocês podem chegar, algumas vezes, é a compreensão de que os outros passam por experiências semelhantes e se sentem da mesma forma ; mas isso não é, de maneira nenhuma, o novo estado.

Nele, vocês terão plena consciência de que todas as coisas, sentimentos, emoções, pensamentos e experiências já existem, e que vocês partilham todas as tendências existentes por causa das condições que se geram a si mesmas. Essas forças e princípios atuam à volta de vocês e dentro de vocês. Cabe a vocês mesmos concluir qual o afetará.

Visualizem todas as experiências, das inferiores às superiores, como rios ou córregos. Em conformidade com a constituição pessoal da mente de vocês, com o estado da emoção, o desenvolvimento geral, as tendências características, bem como os estados de espírito passageiros e outros fatores, vocês se sintonizam com uma dessas correntes, enquanto podem ao mesmo tempo entrar em sintonia parcial com uma outra corrente, esta conflitante. Com essa abordagem, uma mudança drástica deve ocorrer em todo o campo de visão interior e exterior de vocês. De seres isolados e egocêntricos, vocês devem se tornar, passo a passo, os seres que na verdade são.

Vocês imaginam com a capacidade limitada de pensamento de vocês que só como indivíduos únicos é que têm dignidade e certa oportunidade para ser felizes. Também sentem – às vezes inconscientemente – que, por não serem mais que um parafuso da engrenagem, vocês não contam. Padecem ainda da ilusão de que são apenas um dentre bilhões e que, portanto, sua felicidade não importa. Uma outra ilusão interpreta equivocadamente o direito à individualidade ; afirma que vocês são seres separados e que, portanto, se encontram essencialmente isolados, sós e singulares. No melhor dos casos, vocês acreditam que os outros possam estar numa situação difícil como a de vocês. Isso é uma ilusão, mas existe na maioria de nós em certa medida. Enquanto esse engano continuar, vocês travarão inconscientemente uma batalha desnecessária e trágica. Vocês crêem que devem ser contrários a desistir do direito natural de serem felizes e de valor. Se esse erro – o de que estão lutando pela individualidade e felicidade quando, na verdade, lutam para preservar o seu isolamento – fosse reparado, a batalha seria mais fácil. A verdade é, no novo estado vocês perceberão que ser nada mais e nada menos do que uma parte de um todo, e partilhar com muitas outras pessoas o que já existe, faz de vocês pessoas mais felizes. Vocês têm o direito à felicidade, e têm mais dignidade e individualidade por causa deste fato. A dignidade de vocês aumentará no grau em que o orgulho de vocês quanto ao isolamento diminuir. A plenitude e a riqueza da vida aumentará no grau em que vocês deixarem seu estado de isolamento no qual admitem que, a fim de ter para si mesmos, vocês têm de tirar dos outros. Eis o erro e o conflito. No antigo estado – eis onde isso principia. No novo estado, isso não é verdadeiro. A importância do bem-estar de vocês são uma parte do todo. No momento em que tiverem ao menos um vislumbre momentâneo da verdade, nunca mais ver-se-ão dilacerados pelo antigo conflito de que podem ter uma felicidade egoísta ou, se quiserem recuar desse “egoísmo”, a felicidade de vocês não importa.

Essa compreensão inata dá origem a uma culpa profunda na alma humana, porque vocês não sabem o que fazer com o desejo de serem felizes. O conflito se dissipará no momento em que orientarem a sua visão de mundo quanto a absorver a nova abordagem. No momento em que passarem pela experiência desse primeiro vislumbre momentâneo da verdade, nunca mais ver-se-ão dilacerados pelo antigo conflito de que podem ter uma felicidade egoísta ou, se quiserem recuar desse egoísmo, a felicidade de vocês não importa.

Essa compreensão inata dá origem a uma culpa profunda na alma humana, porque vocês não sabem o que fazer com o desejo de serem felizes. O conflito se dissipará no momento em que orientarem a sua visão de mundo quanto a absorver a nova abordagem. No momento em que passarem pela experiência desse primeiro vislumbre do entendimento. No instante em que as idéias lhe ocorrerem, vocês perceberão verdadeiramente que o antigo estado de isolamento era e ainda é o seu mundo. Então, o desejo consciente de deixar o antigo mundo aumentará.

Quando usamos a palavra egoísmo, não faço isso numa atitude moralista, de recriminação nem de advertência, mas à maneira filosófica. Ela indica um estado fundamental de ser do modo como se opõe a um estado inteiramente diferente de ser ; um mundo, ou um princípio da alma, em comparação com um outro.

À proporção que vocês forem, aos poucos, realizando essa transição, o seus valores morais por força mudarão. Seus objetivos e idéias sobre a vida vão mudar. Essa mudança não será a adoção superficial de novas opiniões, mas um desenvolvimento natural, gradual e orgânico interiormente. A mudança se mostra lenta ; lenta ; trata-se de uma mudança interior em vez de exterior. Amiúde ocorre que as opiniões exteriorizadas por vocês não precisam passar por uma revisão severa. Elas podem continuar as mesmas, essencialmente : são vocês que as sentirão de maneira diversa.

As pessoas têm muito medo das mudanças ; mas vocês nada têm a temer. A vida e as opiniões de vocês em grande parte podem continuar as mesmas, enquanto vocês mudam. Isso parece um paradoxo, meus amigos, mas não é. Continuar a ser o mesmo e, no entanto, mudar é possível, de um modo bom, construtivo e natural, porque o apelo da vida é desenvolver-se ao máximo ; no entanto, é também possível mudar e continuar o mesmo de um modo insatisfatório e destrutivo.

Na verdade, vocês não têm nada a temer ao se aproximar dessa grande transição, pois aquilo que for válido e importante, o que for essencialmente vocês mesmos, continuará o mesmo, só vindo a ser aperfeiçoado. Apenas o que não for essencialmente vocês mesmos se desgastará aos poucos, como uma velha capa. As forças das quais vocês não têm ainda nenhuma consciência fluirão de vocês mesmos.

O sentido das tendências mais profundas de vocês será invertido quando vocês chegarem ao novo estado de unidade. No estado atual de isolamento, muitas forças criativas, tais como o amor ou os talentos, procuram fluir de vocês ; porém, devido ao seu estado interior de isolamento egoísta , elas retornam. Depois do esforço recuam, são contidas e tornadas inativas. A natureza de vocês se revolta com essas grandes frustrações porque elas justamente são contrárias à natureza, à criação e à harmonia.

Essa revolta fundamental da natureza interior de vocês acarreta muitos conflitos que nunca podem ser resolvidos inteiramente por meio do reconhecimento de suas imagens e conflitos, criados que foram pelas condições da infância. Enquanto a dissolução dos conflitos da infância é essencial para levar a efeito o novo estado de ser, é importante reconhecer que acabar com os conflitos da infância não constitui uma finalidade em si mesma. Se o objetivo de vocês for abeirar-se de resolver os conflitos da infância e corrigir desvios psicológicos, vocês são obrigados a fracassar no que concerne a satisfazer a si mesmos. Em muitos casos, vocês não serão nem mesmo bem-sucedidos em resolver de fato esses conflitos, se a solução deles não for um meio para o objetivo maior : a transição do estado do egoísmo e isolamento para o estado de união com todos. Isso inclui o reconhecimento de vocês mesmos como parte integrante da Criação que se esforça o tempo todo para uma realização maior.

Só quando vocês consideram como objetivo pessoal o intento superior de união com todos é que vocês são capazes de se realizar totalmente. Nessa condição, vocês desenvolverão todas as capacidades, e então a grande fonte de vida, de saúde e força fluirá através de vocês. Quando o campo máximo de visão de vocês quanto à vida é distorcido ou não é claramente formulado, as forças criativas e de saúde não podem se regenerar em função do grande rio cósmico. As forças cósmicas são constantemente bloqueadas pela ignorância, pela confusão, pela falta de consciência ou pela perspectiva equivocada de vocês sobre o sentido real da vida. Com o ponto de vista adequado, vocês são obrigados a avançar e, ao fim e ao cabo, realizar a transição.

No novo estado, as forças criativas fluirão de vocês naturalmente, permitindo que as forças cósmicas fluam constantemente para vocês, renovando e regenerando todo o seu ser. Suas forças em movimento influenciarão outros seres que a elas sintonizarem, estejam onde estiverem e independentemente de quem sejam.

Sabemos que esse tópico é difícil de entender. É abstrato e não pode ser posto facilmente em prática. Ele requer todos os seus sentidos interiores, facilmente em prática. Ele requer todos os seus sentidos interiores, sua natureza intuitiva., bem como seu desejo sincero de compreender o fato o sentido mais profundo dessas palavras. Por via do estudo e da meditação, da tentativa de sentir e usar suas próprias descobertas interiores com a ajuda da visão panorâmica, vocês chegarão ao ponto em que essas palavras constituirão uma revelação para vocês mesmos. Então, uma nova porta se abrirá, através da qual vocês entrarão felizes. E reconhecendo, nesse momento, quanto tempo se empenharam em cruzar esse portal.

O cultivo dessa nova abordagem da vida posteriormente lhes revelará um entendimento, não só de vocês mesmos e dos outros, mas também do objetivo de vocês no Universo e da função de vocês nele. Nada mais pode lhes dar a real segurança que vocês ainda estão procurando.

Todos os grandes mestres e sábios falaram, de diversas maneiras, sobre essa grande tradição. Vocês, que estão neste caminho, deverão pensar sobre ela, imaginá-la e ter consciência que o momento dela há de vir.

Como a alma humana se bate contra isso, o destino máximo de cada ser. Como tem medo de deixar o estado de infelicidade em troca de uma condição de felicidade e segurança. Como é estúpido ter medo, no fundo do coração, de que ao deixar o antigo mundo e ao chegar ao novo vocês terão de deixar para trás algo precioso. Tentem descobrir esse medo irracional, essa resistência. Ela está bem aí, em vocês. Tudo o que vocês têm a fazer é olhar para ela. Não têm de ir longe nem mergulhar fundo para encontrar esse medo. A resistência fundamental à transição se exprime em inúmeros modos delicados na vida cotidiana de vocês. Encontrem-na, e descobrirão uma chave de valor. Primeiramente, é necessário que vocês tomem consciência de como estão se esforçando para conservar a vida isolada, e que, no melhor dos casos, vocês querem partilhar essa vida com algumas pessoas que escolheram. Se vocês podem ter algum gesto de amor para com esses poucos eleitos, já deram um passo além de muitos que não conseguem fazer isso.

Espero que nossas palavras não sejam mal-compreendidas, e que as pessoas não pensem que vocês deveriam levar a efeito uma mudança drástica na sua vida exterior. A transição é muito mais sutil do que isso. Uma vez que vocês começam a reconhecer os sintomas do seu tipo de vida antigo, egoísta e isolado, vocês são obrigados a perceber de que modo todo impulso relacionado com essa perspectiva cria o medo e a insegurança e não têm utilidade nem sentido. O novo estado é da alegria constante e de profunda segurança. Não queremos dizer que dificuldades não possam vir a fazer parte do caminho de vocês. Nós afirmamos isso muitas vezes, e não queremos jamais ser mal-compreendidos a esse respeito. Ninguém deveria contemplar esse caminho e o desenvolvimento nele com a idéia de que, se vocês avançam a contento, as dificuldades diminuem. Obviamente, essa expectativa é totalmente fantasiosa e enganosa, enquanto vocês estão encarnados. Como dissemos antes, contudo, aquilo pelo que vocês precisam passar não causará mais medo. Fará sentido a vocês, que passarão por isso com coragem, desenvolvendo-se com isso e a partir disso. Vocês aceitarão tudo como uma parte da vida, em vez de recuar dela.

Assim, vocês percebem que o que a humanidade está verdadeiramente empenhada em preservar é um estado de trevas e isolamento. Trata-se de uma batalha sem sentido da qual vocês colhem a infelicidade, e só isso demonstra que a direção está errada e que é preciso procurar outro caminho. As conseqüências da mudança em sua orientação interior são a liberdade e a alegria, o objetivo é a segurança. É como se vocês estivessem desistindo de algo a que verdadeiramente se apegam freneticamente, mas, uma vez que resolvem deixar que se vá, vocês descobrem que não tiveram de desistir de nada.

Os primeiros passos experimentais na transição de um estado ou mundo para outro são o auto-conhecimento e o entendimento dos seus problemas, idéias e atitudes inconscientes. O autoconhecimento e a auto-aceitação são os pré-requisitos. Tudo o mais aflora disso. Vocês também têm de compreender que há outra meta além da simples dissolução dos seus problemas interiores. Ou, para expressar de modo diferente, vocês não podem na verdade resolver esses problemas a não ser que vislumbrem essa grande transição fundamental.

Se um dia puderem sentir o que tentamos transmitir-lhes neste artigo, talvez lhes seja útil abrir uma janela a partir da qual vocês podem ter uma nova percepção. Nada é mais digno e propositado de se fazer enquanto se é verdadeiramente honesto consigo mesmo.


“O CRIADOR NÃO LHES PEDE NADA MAIS, A NÃO SER QUE VOCÊS SE LIBERTEM E DEIXEM QUE O CRIADOR SEJA ELE MESMO EM VOCÊS”

sexta-feira, 1 de abril de 2011

OS ESTÁGIOS DO RELACIONAMENTO COM O ABSOLUTO CRIADOR INCRIADO





























É interessante analisar a relação que você têm com Deus em todos os diversos estágios do desenvolvimento por que passa a humanidade. O estado do ser sem percepção é o primeiro nesse grande ciclo. Os povos primitivos, durante suas primeiras encarnações, ainda se encontram no estado do ser sem percepção. Vivem para o momento, voltando-se as suas necessidades imediatas. A mente deles ainda não se desenvolveu, e, portanto, não está equipada para fazer certas perguntas, para duvidar, pensar, discernir. Eles vivem no agora, mas sem a percepção disso. Para viver no agora com a percepção, os seres humanos precisam atravessar vários estágios de desenvolvimento.

À proporção que a mente humana continua a se desenvolver, ela depara com as necessidades prementes que vêm à tona em qualquer civilização em progresso. Por outras palavras, em primeiro lugar, a mente é usada de modo concreto ; posteriormente, porém, ela começa a ser usada de modo abstrato, para formular perguntas importantes : de onde venho ? para onde vou ? Qual o sentido da vida ? Qual o sentido deste Universo ?

As pessoas começam a perceber a natureza e suas leis. Observam a magnificência da lei natural, e começam a se admirar. Esse espanto representa o primeiro passo consciente rumo a se relacionar com o Criador.

Quem criou essas leis ? Quem fez tudo isso ? Será que alguma mente superior é responsável por esta criação ? Com perguntas desse tipo, as primeiras idéias de Deus vêm a existência. Assim, quando as pessoas concluem que deve haver alguém com uma superioridade infinita dessas, dotado de sabedoria e inteligência, elas sentem que devem estabelecer uma relação com esse Ser Supremo.

Simultaneamente, porém, a imaturidade espiritual e emocional da humanidade gera o medo e muitas outras emoções problemáticas, que dão a tônica da idéia de um Criador superior. Por outro lado, as pessoas querem autoridade que pense por elas, que decida em seu lugar e que seja, dessa maneira, responsável por elas. Apegam-se a essa autoridade, à espera de serem aliviadas da responsabilidade pessoal. De outro ângulo, projetam nesse Deus os medos que têm da vida e de sua capacidade e de sua incapacidade de fazer face a ela. Pressentem o poder desse Criador infinitamente sábio e provido de recursos, que deu origem a todas as leis naturais. Visto que não podem ainda dissociar poder e crueldade, essas pessoas começam a ter medo desse Deus, criado a partir de suas próprias projeções. Assim, elas começam a acalmar essa imagem fictícia de Deus, a adulá-la, a submeter-se a ela e deixar-se dominar por ela.

Recapitulando : o primeiro estado do despertar faz com que as pessoas se admirem. Nessa experiência espontânea do espanto, elas por vezes têm uma experiência genuína de Deus e uma verdadeira relação com ele ; mas, a essa altura , à proporção que o conflito e o medo aumentam, e que seus desejos se tornam mais prementes, todas essas emoções e atitudes dão a tônica da primeira experiência de Deus, e elas não se relacionam mais de uma maneira genuína, espontânea ou criativa com ele, mas, em vez disso, se submetem a uma projeção delas mesmas.

Quanto mais a mente se desenvolve em apenas uma direção, sem o costume de resolver os conflitos inconscientes, mais falsas se torna a relação com Deus. Falsa porque se baseia em necessidades pessoais e no medo. Quanto mais tempo tem prosseguimento a distorção, mas falsa é a idéia de Deus – consciente ou inconscientemente. Ao fim e ao cabo, essa idéia tornar-se-á uma superstição, com menos verdades e mais dogmas, criando uma farsa de Deus.

Posteriormente, a inteligência dessas pessoas, que entrementes se desenvolveu, impedirá que elas continuem dessa forma indefinidamente. A inteligência delas lhes dirá, “Não pode haver um Pai que guia a vida por nós. A vida só diz respeito a nós ; é nossa responsabilidade. Temos livre-arbítrio”. A essa altura, uma reação ocorre, e as pessoas amiúde voltam-se para o outro extremo e passam a ser atéias.

O ateísmo existe em dois estados. Primeiro : Como uma absoluta falta de consciência e de compreensão da vida e das leis da natureza. Segundo : Como uma reação à imagem de Deus supersticiosa e à autoprojeção da humanidade, que advém a reação da negação da responsabilidade. Este último estado, equivocado que é, constitui ainda um estágio do desenvolvimento superior à crença original em Deus, que se desenvolveu predominantemente a partir do medo, da evasão, do escapismo, e da negação da responsabilidade pessoal. Por vezes, trata-se de uma transição necessária rumo a uma experiência mais realista e verdadeira de Deus, e da relação com ele. Durante este estado, são cultivadas faculdades humanas que são da maior importância para o desenvolvimento humano.

Isso não significa que nós defendamos o ateísmo, assim como não defendemos uma crença infantil de apego a Deus. Ambas as coisas são estágios. Em cada um, a alma aprende algo importante que perdura por muito tempo depois que as camadas superficiais da mente foram postas de parte com os dois pólos falsos.

No segundo estado do ateísmo, as pessoas aprender a assumir a responsabilidade. Elas deixam de lado a mãozinha almejada que lhes orienta a vida e que as poupa das conseqüências de seus próprios enganos. O ateísmo faz as pessoas desistirem da expectativa de serem rescompensadas pela sua obediência às normas. A um só tempo, libera-as do medo do castigo. Em alguns aspectos, leva as pessoas de volta a si mesmas.

Quando se ultrapassa, porém, um determinado ponto nesse estágio, não é mais possível continuar ateu. Porquanto todo fato científico ou filosofia induz a sua conclusão lógica, não é mais possível conservar a inverdade ou meia-verdade – nem mesmo em estado temporário que certa vez serviu a uma função saudável. Quando as pessoas atravessam esses estágios diferentes, elas por força chegam a um ponto em que usam a mente para pôr em questão seus próprios motivos e começam a atentar para si mesmas.

As pessoas aguçam a percepção encarando a realidade dentro delas mesmas. À medida que avançam, níveis cada vez mais profundos da psique vão-se liberando. A conseqüência dessa liberação é, inevitavelmente, uma genuína experiência de Deus, muito diferente da crença infantil num Deus projetado a partir de si mesmo que a mente criou pelo medo e pela fraqueza. Vocês não precisam mais agir de acordo com o que lhe parece uma exigência ou expectativa de Deus. Vocês vivem no agora. Não têm medo de suas imperfeições nem do castigo de Deus por causa delas. Podem ver a imperfeição sem se exasperarem.

Quando as pessoas compreendem a imperfeição sem ter medo dela, elas percebem que não é a imperfeição em si que é tão nociva, mas a falta da consciência dessa imperfeição, o medo de ser punido por ela, o orgulho de querer estar acima dela. Quando essas pessoas param de exasperar-se quanto a superar essa imperfeição, elas se sentem calmas o bastante para observá-la e compreender por que existe. Nesse processo, elas o superam. À medida que as pessoas cultivam esta atitude, elas podem de fato ter a experiência de Deus. Além disso, o vislumbre ocasional da imperfeição enseja a atitude correta com respeito a si mesmo.

A verdadeira experiência de Deus é a experiência do ser. Deus não é percebido como agindo – distribuindo castigos ou recompensas, ou orientando vocês de um modo específico para que possam evitar o esforço humano. Vocês simplesmente compreendem que Deus existe. Essa experiência é muito difícil de ser expressa por palavras, porque o intelecto ou o conceptual jamais chegam a explicar o sentimento de estar com Deus. Vocês não podem ter o sentimento de que Deus existe se não encararem primeiramente o que nesse momento se encontra em vocês mesmos, por mais imperfeito, defeituoso ou infantil que seja.

Seria enganoso admitir que cada um dos estágios que descrevemos grosseiramente se seguem harmoniosamente uns aos outros. Eles estão imbricados. Nem sempre se sucedem nessa ordem, porque a personalidade humana é constituída de mais de um nível, os quais, como vocês sabem, entram em conflito.

Camadas diferentes da personalidade expressam atitudes em qualquer momento. Portanto, é possível que num período da vida vocês possam estar de maneira consciente num estágio e inconsciente em outro. Só depois que vocês avançam numa senda de auto-conhecimento como essa é que o estágio inconsciente vem à tona. Eis por que, num estágio posterior, algo muitas vezes aflora e parece pertencer a um estágio anterior. Isso também ocorre quando certo estágio necessário não foi vivido plenamente, mas reprimido por causa de influências e pressões externas. Assim, nossa descrição é só um esboço geral. Tenham cuidado com julgar-se a si mesmos ou julgar os outros de acordo com o que vêem.
Posteriormente, a consciência de si mesmo deve levar a um estado mais geral do ser na consciência. Ao mesmo tempo, uma nova relação com Deus passa a existir. Deus agora é sentido como um ser. Repito, vocês não podem entrar nesse estágio se primeiro não conhecerem os aspectos negativos da realidade de suas tendências. Tampouco podem ter acesso a essa realidade por meio do aprendizado de conceitos, da observação de filosofias e práticas ou da obediência às doutrinas externas. Se vocês não estão inclinados a passar pela experiência das confusões, erros e sofrimentos atuais, encarando-os e compreendendo, vocês não podem jamais existir em Deus. Ou, para expressar de outra maneira, vocês não podem existir num estado de felicidade, paz ou criatividade, sem luta, se não deparam com a realidade provisória, às vezes desagradável. Só então a realidade superior pode ser vivida. A princípio, ocorrerá ocasionalmente, em vagos vislumbres, mas até mesmo isso dará a vocês uma nova abordagem de Deus e uma nova relação com ele. Isso não só transformará as atitudes e idéias de vocês com respeito a Deus, mas também suas convicções sobre vocês mesmos e seu lugar na vida.

É desnecessário dizer que, na relação que vocês têm com Deus, a sua meditação – ou seja, sua fala para Deus – também expressa as diversas fases. Com freqüência, dá-se que, como com tudo o mais na Terra. Por vezes vocês estão verdadeiramente preparados interiormente num novo estágio, ao passo que exteriormente vocês ainda se apegam a velhos hábitos. Isso pode aplicar-se não só ao modo como meditam, mas também a certas idéias a que aderem. A mente, de maneira intrínseca, é formadora de hábitos, mas a experiência do ser nunca forma hábitos. A memória e a tendência que a mente tem de formar hábitos são uma fonte de perigo para a verdadeira experiência espiritual. Quanto mais flexíveis vocês são, menos chances terão de cair na armadilha dos hábitos, do apego a velhas idéias que um dia lhes proporcionaram uma experiência que vocês gostariam de recriar apegando-se a ela.

Se vocês treinam com empenho para encarar o que se acha dentro de vocês agora, vocês se livram dos hábitos que os impedem de ser produtivos na vida, de conhecer as experiências verdadeiras, quer isso signifique Deus, a vida, vocês mesmos – tudo é a mesma coisa. É ser. Não teria sido o hábito a causa de certas experiências se terem arraigado tanto na mente de vocês, que tornaram-se imagens rígidas ? Não é o hábito que os faz apegar-se a idéias equivocadas, a generalizações que, no melhor dos casos, sempre são meias-verdades ? Isso diz respeito a muitas coisas.

Gostaríamos de enfatizar que, sempre que descobrirem essas atitudes enganosas em vocês mesmos, atentem para o sentimento de culpa, de desvario, de que “aquilo não deveria ter sido feito”. Essa atitude é o maior obstáculo de todos.

Vamos exemplificar que existe o livre arbítrio para duas pessoas – uma bastante religiosa, a outra um cientista. Se Deus é onisciente e benigno, ele conhece também o futuro, então quando nos deu o livre-arbítrio Ele deve saber o que vamos fazer com ele. O futuro é um produto do tempo. E o tempo é um produto da mente. Portanto, na realidade, o futuro não existe, assim como o passado não existe. Compreendemos que isso é impossível à compreensão da mente das pessoas. Do lado de fora da mente, há o ser – nenhum passado, nenhum presente, nenhum futuro, só o agora. No melhor dos casos, isso vagamente pode ser percebido pelo sentimento, em vez de pelo intelecto.

Ademais esse contexto advém da mesma idéia totalmente equivocada que descrevemos e que propõe a noção de um Deus que age, faz. A criação é, no sentido verdadeiro, não uma ação, e com certeza não uma ação limitada pelo tempo. Quando Deus criou o espírito, foi fora do tempo, da mente, no estado do ser. Cada espírito é, nesse sentido, semelhante a Deus, e cria sua própria vida. Deus não subtrai nem acrescenta.

Além disso, devemos acrescentar que é uma ilusão completa acreditar que o sofrimento e a dor são terríveis em si mesmos. Por favor, procurem entender o que estamos dizendo. O medo imoderado da humanidade com respeito à dor é totalmente fantasioso e, uma vez mais, um produto enganoso da mente. As pessoas têm medo do sofrimento e da dor, sobretudo porque acreditam que nada têm a ver com eles – por outras palavras, que eles são ou injustiça ou triste coincidência.

A verdadeira dor é muito menos assustadora do que o próprio medo dela. Em pequeno grau, muitos de vocês já passaram por essa experiência. Passam por ela quando sentem medo antes de uma coisa acontecer : parece muito pior do que quando vocês verdadeiramente têm a experiência dessa coisa. E vocês também têm reconhecido de que modo criaram esses acontecimentos. Se vocês observarem essa cadeia de eventos interiores, abrindo mão do perfeccionismo, do moralismo e das justificativas, o sofrimento diminui imediatamente, mesmo que a situação exterior continue a mesma. Quando você ficam em paz com a sua realidade, podem também aceitar a imperfeição da vida. Quando param de se revoltar com a imperfeição, muitos modelos se alteram, e vocês causas menos padecimentos a vocês mesmos ; mas a expectativa consciente ou inconsciente de vocês de que a vida seja perfeita faz com que vocês se revoltem e levantem barreiras, o que gera mais imperfeição e padecimento do que a vida de outra forma geraria.

Assim, é a atitude de vocês em face do sofrimento, da vida e de si mesmos que determina a experiência que vocês têm do sofrimento. Se a atitude de vocês, no que concerne ao sofrimento, fosse menos deturpada do que comumente é, vocês achariam que os problemas que têm de resolver na conquista da mente e da matéria são belos problemas.

São as coisas mais belas na sua vida terrena. Só superando a própria resistência e cegueira, a falta de consciência de si mesmos, é que vocês conhecerão a experiência da beleza da vida, mesmo que às vezes passem por períodos de dificuldade.

Quando as pessoas estão prestes a compreender isso, perguntas sobre livre-arbítrio e determinismo jamais podem ser feitas. Essas perguntas são tão confusas, trazem em si tanta cegueira e falta de consciência da realidade, mostram tamanha imaturidade espiritual, que não podem ser respondidas de nenhuma forma que faça sentido a quem pergunta. Vocês não podem entender com a mente o que está além do domínio da mente. Para isso, uma outra faculdade é necessária ; porém, enquanto a existência de semelhante faculdade for negada, como poderão vocês orientar a pessoa a uma compreensão posterior ?

Essa pergunta também apresenta um eterno conflito entre conceitos religiosos. Por um lado, postula que Deus é uma Pai onipotente que age à vontade, que recompensa quando vocês lhe obedecem as leis, que os guia sem a participação ativa de vocês na própria vida interior, contando que vocês humildemente o convidem. Por outro lado, postula que os seres humanos têm livre-arbítrio, que eles dão forma ao seu próprio destino, que são responsáveis pela própria vida. Enquanto a religião professa o último postulado, a um só tempo ela aniquila o livre-arbítrio e a responsabilidade pessoal, obrigando as pessoas a obedecer a determinadas regras prescritas. As pessoas são confundidas por esses dois conceitos que, aparentemente, excluem-se um ao outro. A pergunta que vocês fizeram caracteriza essa confusão.

Um criador onipotente e a responsabilidade humana se excluem mutuamente só quando percebidos em tempo pela mente e quando esse Criador é percebido como agindo à semelhança de um ser humano. Vocês ainda não chegaram ao estado de consciência capaz de perceber que, na realidade, não existe nenhum conflito entre ambas as coisas. Tudo o que vocês têm de fazer é deparar com vocês mesmos sem resistência, sem a pretensão de serem mais do que são, sem se esforçarem para ser mais perfeitos do que lhes acontece ser neste momento. A mudança para melhor em seus comportamentos virá naturalmente. Cada aspecto individual que percebem em si mesmos com essa liberdade os põe nesse momento num estado de ser, e vocês interiormente percebem a verdade de Deus como sendo sem contradições do tipo formulado na pergunta. Então, vocês haverão de saber, profundamente, que a total responsabilidade não é apanágio de um Ser Supremo. Uma pessoa que não está pronta interiormente com certeza não pode compreender o que estamos dizendo aqui.

Sobre a meditação, ela tem que ser adaptada aos conceitos conscientes de qualquer fase dada. Logo no primeiro estágio, quando as pessoas ainda estão no estado de ser sem consciência, não há nenhuma oração, porque não existe nenhum conceito de Deus. No estágio seguinte, quando as pessoas começam a formular perguntas, essa sensação de assombro serve de meditação. O estágio seguinte pode ser a compreensão de uma inteligência suprema. Nesse estágio, a meditação assume a forma da admiração das maravilhas do Universo e da Natureza. Essa admiração é culto. No estágio seguinte, quando a confusão, unida a imaturidade e à inadequação, causa o medo, a desesperança e a dependência, a meditação assume a forma de súplica e da negação da realidade. Quando a meditação parece ser atendida nesse estado, não é porque Deus age, mas porque, de algum modo, as pessoas são sinceras, apesar de todas as suas ilusões e enganos e, assim, abriram um canal através do qual o poder das leis do ser pode aflorar. Essa é uma distinção importante que só será percebida num estágio posterior.

Quando as pessoas compreenderem sua participação depois que suas meditações foram atendidas, elas perderão a sensação de desesperança diante de um Deus voluntarioso e arbitrário, a quem devem adular por meio de normas criadas pelo homem e impostas ; contudo, nós também poderíamos acrescentar que o que parece uma oração atendida é, por vezes, a conseqüência de se ter resolvido conflitos interiores, pelo menos por enquanto.

Quando as pessoas entram no estágio da independência e deixam de lado esse Deus imaginário que pune, recompensa e lhes orienta a vida, elas se descobrem no estágio do ateísmo, estágio ainda intermediário da consciência, da negação de qualquer ser superior, e não meditam, evidentemente – pelo menos, não no sentido convencional. Talvez meditem ; pode ser que olhem para si mesmas com sinceridade, e isso, como todos sabem por ora, é meditação no sentido verdadeiro. No estágio ateu, as pessoas, todavia, também podem ser completamente irresponsáveis e não conseguir pensar em si mesmas, tampouco olhar para si mesmas. Em vez disso, podem fugir de quem verdadeiramente são, a exemplo da pessoa que usa a idéia de Deus como uma escapatória.

Quando as pessoas chegam ao estágio da autocompreensão ativa, da constatação de que verdadeiramente são, elas podem, a princípio ainda estar acostumadas à velha meditação par pedir ajuda , para pedir a Deus que faça por elas o que elas mesmo evitam fazer ; no entanto, a despeito deste hábito, elas começam a se encarar. Só depois de chegar a níveis mais profundos de semelhante constatação é que as pessoas aos poucos evitarão o tipo de meditação a que estão acostumadas. Elas podem até mesmo passar por um estágio em que não meditem de maneira nenhuma, no sentido comum. Mas elas meditam – e às vezes essa é a melhor meditação. Meditam, atentando para as suas reais motivações, deixando que seus verdadeiros sentimentos aflorem e pondo-os em questão. Nesse tipo de atividade, a meditação no seu antigo sentido passa a ser cada vez menos significativa e mais contraditória. A meditação é a intenção sincera de encarar o que talvez seja o mais desagradável. Isso é meditação, porque traz em si a atitude de que a verdade, pelo seu próprio bem, é o limiar do amor. Sem a verdade e sem o amor, não pode haver nenhuma experiência de Deus. O amor não pode se desenvolver a partir da tentativa de simular uma verdade que não é sentida ; mas pode se desenvolver a partir do enfrentamento da verdade com respeito às resistências de alguém é meditação ; o reconhecimento de algo que se escondeu por vergonha é meditação. Quando isso acontece, o estado do ser aos poucos vem à luz, embora talvez com interrupções. Então, no estado do ser, a meditação não é mais um ato de proferir palavras ou pensamentos. Ela é um sentimento de ser no agora eterno ; de fluir numa corrente de amor com todos os seres ; de entendimento e percepção ; de estar vivo.

Essas coisas compreendem a meditação no sentido mais elevado. A meditação é a consciência de Deus na sua realidade ; entretanto, essa espécie de meditação não pode ser imitada nem aprendida através de quaisquer ensinamentos, práticas prescritas, tampouco de disciplinas. Trata-se da conseqüência natural da coragem e da humildade de encarar-se completamente e sem rebuços. Antes que vocês tenham chegado a esse nível mais elevado de relacionamento com Deus, um estado de ser no qual a meditação e o ser são uma coisa só, tudo o que vocês podem fazer é praticar a melhor meditação do mundo, renovando constantemente a intenção de se encararem a si mesmos sem nenhuma reserva, de acabarem com toda pretensão no que tange ao que vocês querem ser e ao que verdadeiramente são, e então acabar com toda pretensão. Esse é o sentido do caminho.


“AS VEZES, PRECISAMOS TER CORAGEM DE OLHAR PARA DENTRO DE NÓS MESMOS E PERGUNTAR : O QUE FAÇO DE MIM ?”.


“TUDO É PERMITIDO DENTRO DOS PRINCÍPIOS DIVINOS, MAS AQUELE QUE AFETA O EQUILÍBRIO DO MUNDO, DE ALGUMA FORMA, TERÁ DE RECUPERÁ-LO”.


“EU ME ASSUMO COMO EU SOU. EU SOU DONO DO MEU PODER. NINGUÉM TEM PODER SOBRE MIM. TOMO POSSE DE MIM. EU SOU COMO DEUS ME FAZ A CADA INSTANTE”.


“DEUS PÕE CADA UM DIANTE DO SEU DESAFIO, PORQUE SÓ NELE VOCÊ CRESCE E SE DESENVOLVE”.

A NATUREZA DO ABSOLUTO CRIADOR INCRIADO




















Todos têm algo a dizer sobre Deus. Algumas pessoas afirmam que são indiferentes à idéia de Deus. Não têm esperanças de vir a saber se Deus existe, e, assim, preferem não perder tempo com o assunto. Outras são passionais quando tratam do tema – ou à maneira atéia, ou teísta e sectária. Os passionais estão convencidos de que estão certos e, por vezes, demonstram certo desprezo, explícito o velado, por quantos são de outra crença.

Independentemente da exaltação ou da indiferença das pessoas. Parece raro que alguém mude o ponto de vista de uma outra pessoa por meio de argumentos ; entretanto as pessoas mudam de crença e podem, depois, adotar de modo exaltado pontos de vista que antes desaprovavam de modo também exaltado.

Os que duvidam às vezes dizem que não podem entender de que modo um Deus onipotente e que a tudo ama poderia aceitar tanta infelicidade e injustiça no mundo. Amiúde, essas pessoas começaram acreditando que o mundo fosse cruel e injusto, e então terminaram em alguma forma de ateísmo, achando que chegaram a essa conclusão por via lógica.

Outros acreditam em Deus, porém, entre os bilhões que acreditam, devem haver milhões de crenças diferentes sobre a natureza de Deus. Até entre os chamados cristãos a variedade de crenças e práticas é enorme. O que fazer com essa confusão ? De que forma entendê-la ?

Existe duas razões principais para a grande diferença entre as pessoas no que concerne a isso. A primeira é que imagens específicas formadas na infância determinarão a natureza dos sentimentos e suposições inconscientes que teremos sobre Deus quando formos adultos. As preleções que escolhemos para argumentar de que modo as pessoas formam sua imagem fundamental de Deus. As palestras mostram, que, antes que possamos ter esperança de dizer algo de valor sobre algum tema, temos de primeiro examinar a natureza de nossas suposições inconscientes com respeito a esse tema.

Em segundo lugar, os seres humanos evoluem por estágios na sua relação com Deus ou como alguns até chamam sua consciência, à proporção que passam por uma vida e por muitas vidas. Esses estágios se desenvolvem primeiramente a partir de uma crença ingênua e supersticiosa, passando pelo ceticismo e pela descrença, até chegar por fim a uma crença nova e fundamentada que se purificou da superstição. À proporção que os seres humanos amadurecem nos estágios do desenvolvimento, a relação que têm com Deus muda muito.

Vamos tentar perceber o que Deus é, e aprendemos como a natureza de nossa meditação deve mudar, à medida que compreendemos com mais clareza quem somos na relação que temos com Deus.

Dizem muitas pessoas que vocês não deverão criar uma imagem de Deus. Muitas pessoas acreditam que essa afirmação quer dizer que vocês não devem fazer desenhos nem estátuas de Deus ; mas isso de modo algum é o sentido total dessa afirmação. Se pensarem um pouco mais sobre isso, chegarão à conclusão de que isso não poderia ser tudo o que está implicado neste ensinamento. Vocês têm de perceber agora que isso se refere a imagem interior de Deus. Que a existência de Deus seja tantas vezes posta em questão, e que a alma do homem tenha tão poucas experiências da Presença Divina, são as conseqüências da imagem distorcida de Deus que os seres humanos conservam.

A criança passa pela experiência de seu primeiro conflito com a autoridade com pouca idade. Ela também aprende que Deus é a maior autoridade. Portanto, não admira que a criança projete suas experiências subjetivas com a autoridade em suas fantasias sobre Deus. Disso se segue que uma imagem se forma ; sejam quais forem as relações da criança e, posteriormente, do adulto com a autoridade, atitude com respeito a Deus será, muito provavelmente, influenciada por elas.

Uma criança vem a conhecer todos os tipos de autoridade. Quando se lhe proíbe fazer aquilo de que ela mais gosta, a experiência que essa criança tem da autoridade é como sendo algo hostil. Quando a autoridade dos pais permite algo à criança, essa autoridade é sentida como benigna. Quando há certa predominância de algum tipo de autoridade na infância, a reação a essa autoridade tornar-se-á a atitude inconsciente com relação à Deus. Em muitos casos, no entanto, as crianças passam por uma combinação de ambas as coisas. Então, a mistura desses dois tipos de autoridade formará a imagem que elas têm de Deus. Na medida em que uma criança tem medo e frustração, nessa mesma medida inconscientemente terá com relação à Deus.

Este, supõe-se, é uma força que castiga, severa e às vezes até injusta, a que se deve fazer face. Sabemos que vocês não se mantêm tão conscientes assim ; mas nesse trabalho vocês estão acostumados a descobrir as reações emocionais que de modo nenhum correspondem aos seus conceitos emocionais que de modo nenhum correspondem aos seus conceitos conscientes sobre qualquer tema. Quanto menos o conceito inconsciente coincide com o consciente, maior é o choque quando se compreende a discrepância.

Muitas coisas de que a criança mais gosta são proibidas. Muitas coisas que dão prazer são proibidas, não raro para o próprio bem-estar da criança ; e isso a criança não pode entender. Acontece também que os pais proíbem as coisas por ignorância e medo. Assim, imprime-se na mente da criança que, no que concerne a muitas coisas mais agradáveis no mundo, a pessoa está sujeita ao castigo e Deus, à autoridade maior e mais inflexível.

Além disso, somos obrigados a nos deparar com a injustiça humana no curso de nossa existência, tanto na infância como na idade madura. Particularmente, se essas injustiças são perpetradas por pessoas que representam autoridade e que estão, portanto, inconscientemente ligadas a Deus, a crença inconsciente de vocês na séria injustiça de Deus é reforçada. Experiências desse tipo também aumentam o medo que vocês têm de Deus.

Tudo isso compõe uma imagem que, se analisada com o devido cuidado, faz Deus um monstro. Esse Deus, que vive na sua mente inconsciente, é realmente mais do que um demônio.

Vocês mesmos têm de descobrir no trabalho com vocês mesmos de que modo grande parte disso é verdadeiro para vocês em particular. Será que a alma de vocês está impregnada de conceitos torpes como esses ? Se a compreensão de uma impressão dessas se torna consciente num ser humano em crescimento e no momento em que ela se torna, amiúde não se entende que esse conceito de Deus é falso. Então. A pessoa se afasta inteiramente de Deus e rejeita toda parte do monstro que lhe espreita a mente. Isso, a propósito, às vezes é o real motivo do ateísmo da pessoa. O afastamento é apenas algo tão equivocado quanto o seu exato oposto, que consiste em ter medo de um Deus austero, injusto, hipócrita e cruel. A pessoa que conserva inconscientemente a imagem deturpada de Deus logicamente tem medo desta divindade e lança mão da lisonja em troca de favores. Vocês têm aqui um bom exemplo de dois extremos opostos, ambos os quais faltos de verdade num grau idêntico.

Ora, examinamos o caso em que uma criança tem a experiência da autoridade benigna num grau maior do que a experiência do medo e da frustração com respeito à autoridade negativa. Suponhamos que a criança se permite fazer tudo o que quer e que ela é mimada pelos pais que a amam e que lhes satisfazem todas as vontades. Eles não infundem nela o sentimento da responsabilidade. Isso causa na personalidade uma crença inconsciente de que se pode passar impune em qualquer coisa aos olhos de Deus. A criança acha que pode malbaratar a vida e evitar as responsabilidades. Para começar, ela terá muito menos medo ; porém, já que a vida não pode ser malbaratada, essa atitude errada gerará conflitos e, portanto, o medo será criado por uma reação em cadeia de pensamentos, sentimentos e atos equivocados. Certa confusão interior virá à luz, porquanto a vida do modo como é na realidade não corresponde à imagem de Deus e ao conceito inconsciente relacionado com a indulgência.

Muitas subdivisões e combinações dessas duas categorias principais podem existir na mesma alma, e o desenvolvimento alcançado em encarnações anteriores particularmente com respeito a isto, também influencia a psique. É muito importante, por conseguinte, descobrir qual é a imagem que vocês têm de Deus. Essa imagem é fundamental, e determina todas as outras atitudes, imagens e modelos em toda a existência de vocês. Não deixem enganar pelas suas convicções conscientes. Em vez disso, tentem examinar e analisar suas reações emocionais à autoridade, aos pais, aos meus medos e expectativas. A partir dessas reações vocês descobrirão aos poucos o que sentem sobre Deus em vez do que pensam sobre ele. Toda a escala entre os dois pólos opostos do monstro e do pai cheio de amores reflete-se na imagem que você têm de Deus, desde a desesperança e a falta de perspectivas, na convicção emocional de um universo injusto, até o comodismo, a rejeição da responsabilidade e a expectativa de um Deus que supostamente deveria mimá-los.

Ora, a questão de como acabar com essa imagem vem à tona. Como vocês acabam com qualquer imagem, ou seja, com toda conclusão errônea ? Primeiro, vocês têm de se tornar inteiramente conscientes da idéia errada. Isso sempre deve ser o primeiro passo. Vocês, às vezes podem estar conscientes de uma imagem – o que sempre é falso, caso contrário, não seria uma imagem – mas vocês não podem nem mesmo estar conscientes de que ela é falsa. Em sua percepção intelectual, e parte vocês estão convencidos de que a imagem-conclusão é correta. Enquanto isso for assim, vocês não podem livrar-se das cadeias aprisionantes da falsidade. Assim, o segundo passo é corrigir suas idéias intelectuais. O que mais importa é compreender que a formação adequada do conceito intelectual nunca deveria ser imposta ao conceito emocional falso ainda remanescente. Isso só causaria repressão ; mas, por outro lado, vocês não deveriam deixar que as conclusões e as imagens erradas, ao aflorar à superfície em função do trabalho que vocês fizeram até aqui, os persuadam de que são verdadeiras. De um modo sutil, isso é o que algumas vezes acontece. Procurem compreender que até esse ponto os conceitos errôneos reprimidos têm de se desenvolver claramente na consciência. Formulem o conceito certo. Depois, os dois conceitos devem ser comparados. Vocês precisam examinar constantemente quanto vocês ainda se desviam emocionalmente do conceito intelectual correto.

Façam isto tranquilamente, sem pressa nem ansiedade pelo fato de que as emoções não acompanham o pensamento tão rapidamente quanto vocês gostariam. Dê a elas tempo para se desenvolver. Isso é feito de maneira mais satisfatória por meio da observação e da comparação constantes do conceito errado e certo. Compreendam que as emoções precisam de tempo para se adaptar, mas façam tudo o que esteja em seu poder para que elas tenham a oportunidade de se desenvolver ; isso acontecerá por meio do processo já mencionado. Observem as suas emoções, apesar das existências e dos pretextos que elas podem arrumar. Pois sempre há em vocês essa parte que não quer mudar nem se desenvolver. Na personalidade humana essa parte é um aspecto muito doloroso. Atentem para isso.

No mundo, as injustiças muitas vezes são atribuídas a Deus. Se vocês estão convencidos da existência da injustiça, a melhor atitude é examinar a própria vida e descobrir nela como vocês contribuíram para os acontecimentos que pareceram inteiramente injustos, e como os causaram. Quanto mais vocês entendem a força magnética das imagens e o poder de todas as tendências psicológicas e inconscientes, mais vocês compreendem e sentem a verdade desses ensinamentos e mais se convencem de que não existe a injustiça. Encontrem a causa e o efeito de suas ações interiores e exteriores que causaram os fatos.

Se para achar os seus defeitos, vocês fazem metade do esforço que comumente despendem achando os defeitos dos outros, você verão a ligação com a lei de causa e efeito e só isso os libertará, mostrando a você mesmos que não existe injustiça. Só isso lhes será a prova de que não é Deus, nem o destino, tampouco uma ordem injusta no mundo em que vocês têm de sofrer as conseqüências das limitações das outras pessoas, mas a ignorância, o medo, o orgulho e o egoísmo de vocês que direta ou indiretamente causarão aquilo que pareceu, até aqui, entrar no caminho de vocês sem que vocês nada fizessem para tanto. Descubram esse elo oculto e verão a verdade. Então compreenderão que vocês não são vítimas das circunstâncias nem da imperfeição dos outros, mas são realmente os que criam a própria vida. As emoções são forças criativas de grande efeito, porque o inconsciente de vocês afeta o da outra pessoa. Essa verdade talvez seja a mais importante para a descoberta de como vocês provocam os acontecimentos, quer bons, quer maus, favoráveis ou desfavoráveis da vida.

Depois que você passam por essa experiência podem acabar com a imagem que têm de Deus independentemente de vocês terem medo de Deus, porque acreditam que vivem num mundo de injustiça e receiam tornar-se vítima das circunstâncias sobre as quais não têm controle, ou de rejeitarem a responsabilidade e ficarem à espera de um Deus flexível que os mime, que lhes oriente a vida, tome decisões por vocês, os poupem de dificuldades que vocês mesmos criam. A compreensão de como vocês são a causa dos efeitos da vida de vocês acabará com essas imagens de Deus. Isso constitui um dos momentos mais decisivos da vida de vocês.

Só esse momento lhes facultará o reconhecimento de que vocês não são vítimas ; de que têm poder sobre a vida ; de que são livres e de que essas leis de Deus são infinitamente boas, sábias, amáveis e seguras. Elas não visam transformá-los em fantoches, mas fazer de vocês pessoas totalmente livres e independentes.

Tentaremos falar sobre Deus ; mas lembrem-se de que todas as palavras só podem, no melhor dos casos, ser um ponto de partida, ao cultivar o reconhecimento interior de vocês mesmos. As palavras são sempre insuficientes, e ainda mais no que diz respeito a Deus, que é inexplicável, que é tudo, que não se limita a palavras. De que modo a percepção e a capacidade que vocês têm para entender pode ser suficiente para a impressão da grandeza do Criador ? Cada mínimo desvio anterior, cada bloqueio , é um obstáculo ao entendimento. Temos de nos ocupar da eliminação desses obstáculos passo a passo, pedra a pedra, pois só então vocês lograrão o vislumbre da luz e o sentimento de bênção infinita.

Um obstáculo é que, apesar dos ensinamentos que vocês receberam de várias fontes, vocês pensam inconscientemente em Deus como alguém que age, escolhe, decide e dispõe arbitrariamente e à vontade. Acima disso, vocês impõem a idéia de que essas coisas devem ser justas ; contudo, ainda que vocês acrescentem a idéia de justiça, essa idéia é falsa. Porque Deus É. As leis deles foram criadas de uma vez por todas e funcionam automaticamente, por assim dizer. Emocionalmente, vocês estão limitados de alguma forma a essa idéia equivocada, que se posta no caminho de vocês. Enquanto ela estiver presente, a idéia real e verdadeira não lhes poderá preencher o ser.

Deus é, entre muitas outras coisas, vida e energia vital. Pensem nessa energia vital como pensam numa corrente elétrica, dotada de inteligência suprema. Essa “corrente elétrica” está aí dentro de vocês, ao redor de vocês, fora de vocês. Cabe a vocês o modo de fazer o uso dela. Vocês podem usar a eletricidade com objetivos construtivos, até mesmo para curar ; mas vocês a podem utilizar para matar. Não é isso o que faz da corrente elétrica algo bom ou ruim. Essa corrente de força é um aspecto importante de Deus, e é o aspecto que cala mais fundo em vocês.

Essa idéia pode acarretar a pergunta sobre se Deus é pessoal ou impessoal, inteligência diretriz ou lei e princípio. Os seres humanos, de vez que têm a experiência da vida com uma consciência dualista, tendem a acreditar que uma ou outra coisa é verdadeira ; mas Deus é ambas as coisas. O aspecto pessoal de Deus, contudo, não implica personalidade. Deus não é uma pessoa que habita determinado lugar, embora seja possível ter uma experiência pessoal de Deus no eu. O único lugar que Deus pode ser procurado e encontrado é dentro de vocês, não em alguma outra parte. A existência de Deus pode ser inferida exteriormente ao eu, em função da beleza da criação, das manifestações naturais, da sabedoria amealhada por filósofos e cientistas ; entretanto, essas observações só se tornam uma experiência de Deus quando a presença dele é sentida por dentro em primeiro lugar. A experiência interior de Deus é a maior das experiências, porque traz em si tudo o que há de desejável.

O amor de Deus também é pessoal nas leis divinas, no ser das leis. Nas leis, o amor se revela claramente no fato de que elas foram criadas de modo a guiá-los, em última análise, à luz e a bênção, independentemente do quanto vocês se desviam delas. Quanto mais vocês se afastam delas, mais se aproximam pela infelicidade que o afastamento impõe. Essa infelicidade fará com que vocês, em um aspecto ou em outro, mudem para melhor – alguns mais cedo, outros mais tarde, mas todos devem finalmente chegar a um ponto em que compreendem que eles mesmos determinam a própria infelicidade ou bem-aventurança. Esse é o amor na lei.

Deus deixa que você se desvie das leis naturais quando assim desejam. Vocês foram feitos à semelhança de Deus, o que quer dizer que são totalmente livres para optar. Não são obrigados a viver na bem-aventurança e na luz, embora possam fazer isso, se quiserem. Tudo isso exprime o amor de Deus.

Quando tiverem dificuldade para compreender a justiça do Universo e a responsabilidade pessoal em sua vida, não pensem em Deus como “ele” ou “ela”. De preferência pensem em Deus como A Grande Força Criativa à sua disposição. Não é Deus que é injusto ; a injustiça é causada pelo uso equivocado da corrente poderosa à sua disposição. Se vocês partem dessa premissa e meditam sobre ela, e se, de agora em diante, procuram descobrir onde e como fizeram, por ignorância, um uso excessivo da corrente de força em vocês, Deus lhes trará a resposta com certeza.

Se buscarem sinceramente essa resposta, e se tiverem coragem de encará-la, virão a entender a causa e o efeito na sua vida. Entenderão o que os levou a acreditar – se bem até agora de maneira inconsciente, portanto muito mais poderosa – que o mundo de Deus é um mundo de crueldade e injustiça, um mundo em que vocês não têm nenhuma oportunidade, um mundo em que você têm que ser medroso e desesperado, um Universo em que a Graça de Deus é consentida a poucos , dos quais vocês estão excluídos. Só a responsabilidade pessoal pode libertá-los da falácia que lhes desvirtua a alma e a vida. Isso lhes dará confiança e conhecimento profundo, absoluto, de que vocês nada têm a temer.

O Universo é um todo do qual a humanidade é uma parte orgânica. A experiência de Deus envolve compreender-se a si mesmo como parte integrante dessa unidade ; no entanto, no seu atual estado interior de desenvolvimento, a maior parte dos seres humanos só pode passar pela experiência de Deus sob os aspectos duais da consciência espontânea e ativa e da lei automática. Na verdade, esses dois aspectos compõem uma unidade em constante atividade.

O aspecto da consciência espontânea é o princípio ativo que, na linguagem dos seres humanos, e chamado de aspecto masculino. Trata-se da energia vital, que cria ; é a energia potente. Essa energia vital perpassa a criação e as criaturas. Ela pode ser usada por todos os seres vivos conscientes.

O aspecto da lei automática é o princípio passivo, receptivo, a substância vital ou o aspecto feminino, que o princípio criativo molda, forma, e sobre o qual atua. Esses dois aspectos, juntos, são necessários para que algo seja criado. São as condições da criação, e estão presentes em cada forma criada, quer se trate de uma galáxia, quer de alguma engenhoca.

Ao falar de Deus, importa compreender que todos os aspectos divinos duplicam no ser humano que vive, e cujo ser repousa sobre as mesmas condições, princípios e leis de quantos fazem parte da Inteligência Cósmica. São os mesmos em essência, diferenciados apenas em grau. A compreensão de si mesmo significa assim ativar o potencial máximo de Deus em si mesmo.

Deus, na condição de inteligência intencional, espontânea e de orientação não age para vocês, mas por meio de vocês, existe em vocês. É muito importante que vocês compreendam essa diferença sutil mais decisiva. Quando vocês têm uma abordagem equivocada de Deus com respeito a isso, vocês têm uma ligeira esperança de que Deus aja em favor de vocês mesmos. Então, deparam os inevitáveis desapontamentos ; depois disso, concluem que não existe nenhum Criador. Se se pudesse fazer contato com um divindade exterior, logicamente haveria de se esperar que ela representasse alguém ; mas aguardar respostas do lado de fora implica concentrar-se na direção errada.

Quando vocês travam contato com Deus no eu, as respostas devem aflorar e, o mais importante, vocês devem percebê-las e entendê-las. Essas manifestações da presença de Deus no eu demonstram o aspecto pessoal divino. Elas demonstram a inteligência ativa, intencional e de orientação, para sempre mutável e nova, por sabedoria divina adaptada a qualquer situação. Ela expressa o Espírito de Deus se manifestando por meio do espírito do ser humano.

Quando vocês descobrem a si mesmos e, por conseguinte, o papel que desempenham criando o próprio destino, verdadeiramente mergulham em vocês mesmos. Não são mais levados por coisa nenhuma, mas são senhores da própria vida.

Vocês têm de descobrir isso por si mesmos. Se a vida os impeliu ao verdadeiro direito natural a fim de poupá-los do sofrimento, vocês nunca serão criaturas livres. O real sentido da liberdade implica que nenhuma força nem limitação possam ser usadas nem mesmo para o bem, tampouco para conseqüências desejáveis. Nem mesmo a maior de todas as descobertas no caminho da evolução terá sentido se vocês forem impelidos a passar pela experiência dessa descoberta. A opção de voltar-se à direção que para o fim permitirá a liberdade verdadeira e o poder deve ser deixada a cada indivíduo.

As idéias, intenções, pensamentos, vontades, sentimentos e atitudes, do modo como são expressos pelos seres conscientes, são as maiores forças do Universo. Isso significa que o poder do espírito é superior a todas as outras energias. Se esse poder é compreendido e usado de acordo com a lei que lhe é inerente, ele suplanta todas as outras manifestações de poder. Nenhum poder físico pode ser tão intenso quanto o espírito. Já que o ser humano é espírito e inteligência, ele é capaz, de maneira inata, de controlar todas as leis automáticas e obscuras. É pessoa que usando está capacidade que se dá a verdadeira experiência de Deus.

Quando vocês travam contato voluntariamente com o Eu Superior, que traz em si todos os aspectos divinos, e lhe pedem orientação e inspiração, e quando vocês sentem as conseqüências desse ato interior, vocês sabem que Deus está presente dentro de vocês.

Assim, descubram que imagem deturpada vocês têm de Deus, que imagem se coloca no caminho da sua experiência de Deus na forma do sentimento cósmico total e abençoado. Que é na realidade. Tornem-se acessíveis a esse sentimento. Possam as palavras que lhes digo lançar luzes sobre a alma, sobre a vida de vocês. Que elas lhe preencha o coração. Que elas sejam o instrumento para libertá-los das ilusões. O mundo de Deus é um minuto maravilhoso, e só há razão para rejubilar-se de todo plano que viverem, de todas as ilusões ou dificuldades temporárias. Por que vocês passarem. Que todo isso seja um remédio para vocês, que hão de ter força e felicidade diante do que dispararem no caminho. A benção esteja com vocês.


“COMO DEUS É BOM... QUE BELEZA É A VIDA, EM TODAS AS PARTES, ONDE QUER QUE ESTEJAMOS”.


“TUDO QUANTO PLANTARMOS DE BOM, NO CORAÇÃO DOS OUTROS, DARÁ FRUTOS UM DIA”.


“O DESTINO DE CADA UM É A PRÓPRIA FELICIDADE : É O PROGRAMA COM O QUAL DEUS O INDIVIDUALIZOU”.


“SOMOS TODOS IGUAIS, EM DIREITOS, PERANTE DEUS. E A VIDA EXIGE QUE RESPEITEMOS O DIREITO DO OUTRO, BEM COMO, SUA LIBERDADE”.